Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sequestro do ônibus no Rio termina e lembra o 174


O Brasil acompanhou, decerto, o sequestro do ônibus Praça XV/Duque de Caxias, na noite de terça-feira, no centro do Rio de Janeiro, a cidade pacificada. O paralelo com o sequestro do õnibus 174, há 11 anos, veio a mente de muita gente. Episódio que motivou edição de liro e um filme. Resolvi publicar as matérias abaixo, dos sites R7 e G1 para os que acompanham este blog e não acessaram os dois portais. 

Matéria do site R7

Reféns do sequestro ao ônibus da linha Praça 15-Duque de Caxias, ocorrido na noite desta terça-feira (9), no centro do Rio de Janeiro, relataram momentos de pânico. Ao menos seis pessoas foram feridas a tiros - uma delas é um dos suspeitos - na tentativa de assalto que acabou com 20 passageiros reféns no coletivo e três suspeitos presos. O envolvimento de um quarto homem é investigado pela polícia.



Uanderson Fernandes/Agência O Dia
Após prestar depoimentos à Polícia Civil, testemunhas relataram que os tiros partiram do lado de fora do ônibus. Segundo a ambulante Mara dos Santos, de 52 anos, durante a ação, os bandidos não efetuaram disparos.

- Os tiros vieram do lado de fora. Os bandidos não atiraram. Foi aterrorizante.

Ela deu a declaração no 6º DP (Cidade Nova) após prestar depoimento à polícia. Mara contou que três pessoas estavam feridas a bala dentro do ônibus e que os bandidos tinham uma granada.

A passageira Kátia Andrade confirmou a versão de Mara ao dizer que os disparos partiram do lado de fora do ônibus.

- Eu acredito que os policiais atiraram na tentativa de parar o ônibus.

A delegada da 6ª DP Gisele Rosemberg contou que nenhuma testemunha ouvida disse que os tiros partiram de dentro do ônibus. Segundo ela, isso está sob perícia.

Policiais desconfiaram de que algo estava errado no ônibus, quando o motorista parou em meio à avenida Presidente Vargas (centro) e ligou o pisca alerta. Um PM tentou entrar no coletivo e um dos suspeitos fugiu, usando um dos reféns como escudo humano.


Em uma tentativa de fuga, os outros dois criminosos que ficaram no ônibus obrigaram um passageiro a dirigir o ônibus. Policiais fizeram barreiras e, quando o ônibus parou, PMs furaram os pneus com tiros e fizeram o cerco.

Cerca de uma hora após o início das negociações, conduzidas por policiais do Bope, os assaltantes se entregaram e os reféns foram liberados. Vítimas relataram que os criminosos ameaçaram explodir o ônibus com uma granada.

O ônibus foi levado ao 6º DP após a tentativa de assalto. Lá, o R7 viu ao menos dois buracos de bala na lateral do coletivo - um entre o banco do motorista e a primeira fileira de passageiros e outro mais no final do ônibus (ambos na lateral esquerda). Na altura dos pneus, a reportagem contou cerca de sete tiros. Não foram verificadas janelas quebradas ou perfuradas a bala.

Perseguição

Um policial militar revelou ao R7 uma perseguição cinematográfica ao terceiro suspeito detido na madrugada desta quarta-feira (10) após dar entrada em um hospital de Copacabana. Segundo o cabo Assafim, o criminoso que conseguiu fugir durante o sequestro ao ônibus atirou contra carros que transitavam na avenida Presidente Vargas e usou um dos reféns como escudo humano. O objetivo dele era fazer com que um dos veículos parasse. O suspeito conseguiu tomar um Meriva preto.

Um casal que estava nesse carro foi levado durante a fuga. O PM informou que policiais usaram um Fiesta abandonado durante o tiroteio para perseguir o suspeito. Quando o carro parou na comunidade Mandela, na zona norte, o suspeito correu para dentro da favela, deixando o casal que não se feriu. Mais tarde, ele deu entrada no Hospital São Lucas, quando foi detido, segundo a delegada da 6ª DP.

Durante a madrugada desta quarta, outros dois suspeitos foram apresentados à imprensa pela Polícia Civil.

Outro lado

O R7 procurou a assessoria da PM para que a corporação se manifestasse sobre a declaração dos reféns. Em resposta, a PM enviou nota em que não responde diretamente aos depoimentos.

Segundo a PM, o comandante-geral, coronel Mário Sérgio Duarte, esteve na noite de terça-feira no local da ocorrência e acompanhou a finalização da negociação feita pelo comandante do Bope, tenente-coronel Willian René. A nota faz um breve relato da tentativa de assalto seguida do sequestro do ônibus.

A corporação informa que Mário Sérgio parabenizou os envolvidos no resgate dos reféns. "A operação de resgate foi um sucesso, e a negociação foi muito bem coordenada, com participação de várias unidades da PM, da Guarda Municipal e do Corpo de Bombeiros", disse o comandante, segundo a nota.


Matéria do G1


Vítimas não relataram tiros dentro de ônibus sequestrado, diz delegada


Uma perícia da Polícia Civil vai apontar de onde partiram os tiros durante um sequestro de um ônibus na noite de terça-feira (9), na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio de Janeiro. No entanto, segundo a delegada Gisele Rosemberg, da 6ª DP (Cidade Nova), testemunhas afirmaram em depoimento na madrugada desta quarta-feira (10) que os criminosos não dispararam dentro do veículo. Cinco pessoas - entre elas um policial militar - ficaram feridas no crime.

Na saída da delegacia, uma passageira, que não quis se identificar, reafirmou que os tiros não partiram dos criminosos. "Os tiros partiram do policial. Vieram de fora para dentro. Eles (criminosos) não dispararam nenhum tiro. Não houve disparo dentro do ônibus", disse ela após prestar depoimento e fazer o reconhecimento dos suspeitos. Ela não ficou ferida no tiroteio.

O ônibus que liga a Praça XV a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi cercado pela polícia na pista sentido Praça da Bandeira, na altura do Sambódromo. Segundo a polícia, quando o ônibus parou no ponto, os criminosos entraram e pagaram a passagem. O motorista desconfiou e no ponto seguinte conseguiu fazer sinal para dois policiais e aproveitou para fugir.

Policiais militares do batalhões do Méier, de São Cristóvão e da Praça Tiradentes, do Batalhão de Policiamento de Choque (BPCHQ) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram acionados para o local. Os pneus do ônibus foram furados após duas tentativas de fuga dos criminosos. Policiais armados de fuzis e pistola se posicionaram do outro lado da pista.


De acordo com a delegada Gisele Rosemberg, a maioria dos passageiros disse em depoimento que quatro homens entraram no ônibus e que um deles saltou do veículo com uma refém e depois fugiu. Outro criminoso teria deixado o veículo em seguida. Durante a fuga, o homem ainda roubou um carro e manteve um casal refém até Manguinhos, no subúrbio.

Após uma hora e meia, os dois criminosos que estavam no ônibus se renderam. Mais tarde, a polícia prendeu em flagrante o suspeito que tinha fugido para Manguinhos. Ele foi preso quando recebia atendimento num hospital, em Copacabana, na Zona Sul. A polícia disse que o quarto suspeito do crime já foi identificado e que vai pedir a sua prisão preventiva.

O G1 tentou entrar em contato com a Polícia Militar, mas ninguém foi encontrado para comentar o assunto.


delegada afirmou, ainda, que haveria outros comparsas num carro que estava em frente ao ônibus. Segundo ela, as vítimas contaram que os criminosos se comunicavam com outras pessoas pelo celular.

O analista de suporte, Hélio Gomes, que foi obrigado pelos criminosos a dirigir o ônibus após o motorista abandonar o veículo, disse que ouviu os suspeitos se comunicarem com os comparsas: "Toda hora eles falavam ‘volta para socorrer a gente, volta pra socorrer a gente’. Eles mandaram arrancar. Eu consegui fugir já no segundo cerco, quebrei o vidro e sai”, contou.

De acordo com a delegada Gisele, um dos suspeitos presos já possui passagem pela polícia e outro possui um mandado de busca e apreensão. Ele afirmou que todos vão responder pelos crimes de roubo triplamente qualificado, formação de quadrilha e receptação. Com eles, a polícia apreendeu três pistolas - uma delas com numeração raspada - e uma granada.

Fim do sequestro

A Secretaria estadual de Segurança Públicia anunciou o fim do sequestro por volta das 21h30 de terça-feira. Os dois criminosos se renderam após cerca de uma hora e meia de negociação com a polícia. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, quatro pessoas foram baleadas. A Polícia Militar também confirmou que um policial ficou ferido durante o tiroteio.

De acordo com a Secretaria de Saúde, os feridos são duas passageiras e um homem que estava dentro de um veículo que passava pelo local. Um outro homem foi atingido de raspão na perna e já foi liberado do hospital. Uma mulher que levou um tiro no tórax e está no CTI. Seu estado de saúde é grave.

A outra mulher foi atingida perto da região do glúteo e passa bem, e o homem foi baleado no pescoço. Ele está em observação.

O policial foi ferido na perna, e foi levado para o hospital central da Polícia Militar. Onze reféns saíram ilesos na operação. O Comandante da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, falou sobre o sequestro logo após a rendição dos bandidos. “Foi tudo resolvido de uma forma muito rápida”.

"Foi uma noite de terror", diz passageira

Amparada pelo filho, Maria dos Santos, de 52 anos, que estava no ônibus, contou que os criminosos aparentavam estar nervosos e que eles ameaçavam os reféns com uma granada: “Eu nunca pensei que fosse passar por isso. Foi uma noite horrível, de terror. Não desejo isso a ninguém”, disse ela, que trabalha no camelódromo na Uruguaiana, no Centro.

O estudante Eduardo da Silva, de 21 anos, filho de Maria dos Santos, disse que soube do assalto por telefone. Ele afirmou que a mãe costuma pegar o ônibus que faz a linha Praça XV/Duque de Caixas com frequência, e confirmou que ela nunca tinha sido assaltada antes. Ele acompanhou a mãe na noite desta terça, durante depoimento no 6ª DP.


Do site R7, registro do 174


A cidade do Rio de Janeiro reviveu na noite desta terça-feira (9) o episódio do ônibus 174, ocorrido em 12 de junho de 2000. Desta vez, o cenário era outro: em vez do bairro nobre do Jardim Botânico (zona sul), a tentativa de assalto que terminou com cerca de 20 passageiros reféns ocorreu na principal avenida do centro do Rio. Quando o ônibus parou na pista sentido zona norte da Presidente Vargas, sob o poder de três criminosos, a lembrança era do caso que chocou o país há pouco mais de 11 anos.


Tal como daquela vez, o Bope cercou o veículo e iniciou as negociações. O drama durou cerca de duas horas até a libertação dos passageiros e a rendição dos bandidos.

Há 11 anos, Sandro Nascimento agiu sozinho. À época, especialistas classificaram o caso, que ganhou as páginas da imprensa internacional, como um dos exemplos mais emblemáticos de intervenção policial desastrosa. As câmeras de TV transmitiram ao vivo as cinco horas de tensão vividas pelos reféns. No comando do crime, havia um homem visivelmente transtornado pelo consumo de drogas, que mantinha passageiros sob a mira de um revólver.

Ele entrou no ônibus para cometer um assalto, mas, de repente, se viu cercado por policiais, repórteres e curiosos. Atiradores de elite povoaram o Parque Lage, mas nenhum tiro foi efetuado nas diversas vezes em que o bandido pôs a cabeça para fora do ônibus.

Após longa negociação, os homens foram liberados e Sandro passou a manter apenas mulheres no veículo. A estudante Luana Guimarães foi quem ficou mais tempo com o criminoso e escrevia as ameaças ditadas por ele nos vidros com um batom.

Entre períodos de agitação e calmaria, o sequestrador gritava que queria fazer justiça aos “irmãozinhos” mortos na Candelária.






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