Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







domingo, 4 de setembro de 2016

Os currais humanos no Nordeste

Meu amigo, o jornalista Carlos Alberto Júnior, do grupo Roteirices no Facebook, enviou esta matéria de Imagens & História. E eu reproduzo aqui, para aqueles que desconhecem alguns fatos importantes da nossa história recente (República Velha até a Constituição de 1934). 

Mortos de fome no caminho para os campos de concentração no Ceará.



Muito anteriores aos campos de concentração nazistas na Alemanha, no Nordeste brasileiro foram criados campos, também chamados de "Os Currais Humanos" ou "Currais do Governo", pelo Instituto de Obras Contra as Secas (IOCS), atual Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), que não entraram para os livros de história mas demonstram perfeitamente como os governos tratavam as questões sociais no Brasil, não atendendo a necessidade dos pobres, mas sim as exigências dos ricos e afortunados, nas secas de 1915 e 1932.

O objetivo dos campos era evitar que os retirantes alcançassem Fortaleza, trazendo “o caos, a miséria, a moléstia e a sujeira”, como informavam os boletins do poder público à época. A razão para o uso desta estratégia foi os temores de invasões e saques dos flagelados da seca em Fortaleza — isso já acontecera na seca de 1877, quando sertanejos famintos invadiram a capital cearense, atemorizando a população urbana.

Os sertanejos ali alojados recebiam algum cuidado e comida, em troca eram colocados a trabalhar nas frentes de obras, sempre sob a vigilância de soldados. A classe dominante urbana também temia as epidemias, e assim as pessoas pobres eram trancadas em lugares onde as epidemias encontravam o ambiente perfeito para se proliferarem, mas isso não era problema para os ricos, desde que o enfermos ficassem longe.

A “Justiça” cearense manobra de todas as formas possíveis, extinguindo as ações sem julgamento de mérito, tentando com isso fazer permanecer no esquecimento essa página negra da nossa história. Toda documentação desses genocídios e infames campos de concentração tupiniquins tem sido oculta ao longo das décadas, embora haja hoje uma ação na justiça solicitando a identificação via DNA, de todos os mortos sepultados em valas comuns e seu translado para cemitérios regulares. Pleiteia-se até hoje a indenização para os sobreviventes e seus descendentes.

A esquerda em Campos e suas contradições



A nossa esquerda
Defendo a Dilma, pois o que a direita aplicou-lhe foi um golpe. A esquerda em Campos defende Lula e Dilma pelos seus programas sociais, principalmente, e também acusa de golpe sua cassação. Todavia, essa mesma esquerda acusa Rosinha por suas políticas sociais. Contradição? Não. 

Essa gente é inteligente o bastante para não cair em contradição por desconhecimento. Se pudesse, aplicaria um golpe em Rosinha. Quando Rosinha foi afastada do cargo, a esquerda bateu palmas. A mesma esquerda que defendeu Dilma e Lula com unhas e dentes quando foi comprovada a corrupção nos seus governos - Mensalão, Petrobrás etc. - nas suas administrações. Caso bem distinto por aqui, quando Rosinha foi acusada de ter se beneficiado de entrevista de rádio. 

Hoje, essa esquerda continua fazendo oposição a Garotinho e Rosinha porque eles estão há anos no poder e "Campos precisa mudar". Mas defende a continuação de Dilma, após oito anos de Lula e seis de Dilma e a perspectiva de mais quatro de Lula (antes da cassação da presidente. 

O Brasil está mal de finanças, assim como o Estado e os municípios da área do petróleo. Campos está bem. Mas não há um comentário a favor por parte dessa gente. Prefere dizer que Campos está quebrada. Ou que o empréstimo que todos tentaram, mas só Campos conseguiu (graças à competência de seus administradores), comprometeu o futuro. Tamanho absurdo é dito tantas vezes que essa gente acredita que é verdade. Até porque não tem humildade para reconhecer que criticaram sem fundamento. Mas a dívida brasileira passa ao largo de suas críticas. 

Nunca houve tanto investimento em infraestrutura em Campos, inclusive com a retirada de favelas e o fim das doenças "de pobre" com o aumento considerável das redes d'água e esgoto e o fim do lixão, que parecia não ter jeito. 

Por fim, o fim do despejo de esgoto na Lagoa do Vigário e o início de sua revitalização, com a retirada dos barracos (as famílias ganharam casas dignas com toda infraestrutura) e área de lazer. Mais ainda: ao lado da casa da família do ex-prefeito por três vezes, José Carlos Vieira Barbosa. 

Ou seja, essa gente quer o poder pelo poder e se for necessário para conquistá-lo, é capaz de aplicar um golpe (pelo voto jamais conseguirá). Alia-se ao que há de pior na política de Campos apenas com o intuito de "tirar o poder dos Garotinhos". Única proposta da esquerda. A direita (que tem o apoio da esquerda) ao contrário, sabe o que deseja: reaver os privilégios, as benesses, o dinheiro da era Arnaldo/Mocaiber. Só que, obviamente, é incapaz de confessar suas reais pretensões. 

Em nível nacional, a esquerda bate na direita e quer Temer fora do poder. Aqui, a esquerda faz coro com a direita. Ainda bem que ela não é a maioria, nem convence a maioria.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

A Idade Média em debate na UFF



A Idade Média no Cinema
Curso de Extensão – NEHMAAT

Professor: Eduardo Daflon
Datas: 8, 15, 22, 29 de julho de 2016.
Horário: 14:00 às 18:00
Local: sala C 202 do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal Fluminense – Rua José do Patrocínio, 71 – Centro – Campos dos Goytacazes – RJ.
Contato para Inscrição:  Waltair – secretaria de curso de História, a partir das 15h.
Certificado digital – 16h – 50 vagas
Resumo da Proposta:
O período medieval tem sido crescentemente representado em obras cinematográficas, que o mostram a partir de perspectivas bastante diversas. O objetivo central do curso é debater as relações entre o discurso fílmico e o discurso historiográfico, mostrando-os como duas maneiras diversas de tentativa da apreensão da realidade histórica. A visão contemporânea sobre o passado imprime a este sua marca, independentemente do meio pelo qual esta se expressa. Assim, a exibição de películas será articulada à leitura da historiografia relativa aos temas abordados. Buscaremos também tratar das possibilidades de utilização de filmes como instrumento didático.
 Objetivos:
- Discutir as relações entre discurso fílmico e discurso historiográfico;
- Refletir a respeito das funções da História como discurso científico;
- Debater as formas de apropriação da Idade Média pela cultura contemporânea;
- Pensar o cinema como um instrumento didático;
Metodologia e Avaliação:
A metodologia aplicada constará de aulas expositivas-dialogadas, exibição de filmes, leitura e discussão de textos relativos aos temas principais dos filmes escolhidos, bem como de textos de caráter teórico-metodológico sobre a apropriação do período medieval pelo cinema e sobre a utilização de filmes para o ensino de História. A avaliação dos discentes será realizada com base na frequência (de, no mínimo, 75%).
Conteúdo Programático:
Módulo 1: Cruzada (2005)
Módulo 2: O Nome da Rosa (1986)
Módulo 3: Em Busca do Cálice Sagrado (1975)
Módulo 4: O Sétimo Selo (1957)
Referências Bibliográficas
BASCHET, Jérôme. A Civilização Feudal. Do Ano Mil à Colonização da América. São Paulo: Globo, 2006.
FRANCO JR., Hilário. Idade Média: Nascimento do Ocidente. São Paulo: Ática, 2002.
LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean-Claude. (orgs.) Dicionário Temático do Ocidente Medieval. Bauru - São Paulo: EDUSC - Imprensa Oficial do Estado, 2002.
MACEDO, José Rivair; MONGELLI, Lênia Márcia. A Idade Média no Cinema. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009.
SILVA, Andréia Frazão da; SILVA, Leila Rodrigues da. Catálogo de Filmes: a Idade Média no discurso fílmico. Rio de Janeiro: PEM, 2013.

domingo, 10 de julho de 2016

O Brasil compromete seu futuro



O senador Cristóvam Buarque publicou artigo no qual faz uma analogia entre a saída do Reino Unido da União Europeia e a falta de investimento na educação no Brasil. Para ele, a Inglaterra prefere o passado, assim como o Brasil, que gasta mais da metade de seu PIB com o passado (pagamento de juros da dívida, isenções fiscais para empresas, previdência etc.) do que com o futuro que, para ele, seria na educação. 

Com efeito, a maioria que preferiu a saída da Inglaterra da União Europeia é constituída de idosos, enquanto a grande maioria da juventude preferiu a continuação no plebiscito realizado há pouco. E, no Brasil, desde sempre, preferimos gastar nosso dinheiro no passado. Somos um país emergente que não fizemos as reformas de base em 1964, evitando o desenvolvimento e a participação de todos na riqueza gerada (PIB). Na mesma época a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas disse não às reformas e desintegrou-se. Preferiu o passado. 

Ao fim da ditadura militar no Brasil, Brizola e Darcy Ribeiro reiniciaram a campanha pelas reformas de base, sendo a primeira delas a Educação. Deram exemplos, mostrando que não só era possível, como por demais necessário, a escola boa e de dia inteiro. Foram criticados veementemente por todos, inclusive pelo Partido dos Trabalhadores e, pasmem, pelo professorado. 

Nosso PIB cresceu, mas a mentalidade das nossas lideranças continuaram a mesma, retrógrada, voltada sempre ao passado. Muitas querem, mesmo hoje, mais violência, mais mortes, um retorno aos tempos da ditadura militar e a ampliação do abismo entre ricos e pobres.    
                       
Há muitos anos defendo a federalização da Educação. Não há que se responsabilizar estados e municípios pela educação. A maioria dos municípios mantém-se devido ao Fundo de Participação dos Municípios, pois não arrecadam sequer para manter a estrutura administrativa, quando mais para investir em educação e pagar o professorado.   

Há pouco tempo, Cristóvam Buarque apresentou projeto de lei propondo a federalização da Educação. Sequer é apreciado. O nosso professorado, mal formado e constituído de ingênuos politicamente, nem sabe o que é isso. Está preso ao passado. 

E é o senador que nos informa aquilo que já sabemos e não nos cansamos de denunciar, embora não sejamos ouvidos: em 2015, pagamos R$ 502 bilhões de juros por dívidas financeiras contraídas no passado e investimos apenas R$ 68,5 bilhões na construção de infraestrutura econômica no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Gastamos mais com o passado do que com o futuro. E, no futuro, ou seja, na Educação, pouco mais da metade do que pagamos de juros da dívida.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Testamento de Benta Pereira em em livro

O testamento de Benta Pereira, documento inédito, encontrado dezenas de anos depois e, agora, disponibilizado em livro pela Câmara Municipal, com análise de Rafaela Machado - 184 páginas.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Curso no Museu sobre Campos



CURSO: CAMPOS: IDENTIDADES, MEMÓRIAS E HISTÓRIAS                                  CARGA HORÁRIA: 20h
INSCRIÇÕES: Enviar nome, matrícula, e-mail e telefone para o e-mail: multi.diversidade.campos@gmail.com ou comparecer ao Dep.Multiprofissional  

CRONOGRAMA DAS AULAS:
02/06/2016 – quinta-feira às 18:00h às 22h no Museu – Um olhar sociocultural sobre a planície Goitacá –Gilberto Coutinho
03/06/2016 – sexta-feira às 18:00  às 22h no Museu – Oficina
04/06/2016 – sábado às 8:30h as 16h – aula de campo

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Cunha está custando aos cofres R$ 500 mil mensais



Afastado da Câmara, Cunha tem gastos que ultrapassam R$ 500 mil por mês
Agência O Globo


  © Foto: Ailton de Freitas/Agência O Globo

A Câmara gasta cerca de R$ 400 mil mensais com o custeio da residência oficial que está sendo ocupada pelo deputado Eduardo Cunha, afastado do cargo de Presidente da Casa e do mandato pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, Cunha tem direito a salário mensal de R$ 33,7 mil e verba de R$ 92 mil para pagar os funcionários do gabinete, elevando os gastos para mais de R$ 500 mil por mês.
Os dados foram levantados pelo PSOL e estarão em documento a ser entregue à Procuradoria Geral da República junto com pedido de suspensão de pagamento de benefícios a Cunha, garantidos por ato da Mesa Diretora. 

Os cálculos incluem o salário pago à servidora da Câmara que administra a residência oficial (R$ 28,2 mil); um contrato de prestação de serviços de copa e cozinha (R$ 35,9 mil, já incluídos os salários de um chefe de cozinha, três cozinheiros, dois auxiliares de cozinha, quatro garçons e duas arrumadeiras) e um contrato de serviço de vigilância terceirizada (R$ 60,3 mil). O partido também incluiu na conta um contrato de R$ 29,3 mil para o pagamento de quatro motoristas.
Para os gastos com a segurança pessoal de Cunha, garantida pelo ato da Mesa Diretora, o PSOL também calculou o pagamento de 16 agentes do Departamento de Polícia da Casa (Depol), estimando um gasto de R$ 217 mil. Há ainda despesas mensais com alimentação, água, luz e telefone, totalizando cerca de R$ 35 mil.

A Diretoria Geral diz não saber o gasto exato com a manutenção da residência oficial. Informa, no entanto, que Cunha usa o automóvel pessoal e um dos veículos da Casa como escolta. No carro pessoal, o motorista é funcionário de seu gabinete. No da escolta, da Câmara.

Além de custear Cunha, a Câmara também terá que achar outro local para a residência oficial, momentaneamente. Exercendo interinamente a função de presidente, Waldir Maranhão (PP-MA) não pode usar a residência, já ocupada por Cunha. Os aliados de Maranhão reivindicaram para ele um local para receber deputados e convidados, além de benefícios como staff presidencial e alimentação.