Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







domingo, 31 de outubro de 2010

Dilma é eleita a primeira mulher presidente do Brasil

Como estava previsto pelos institutos de pesquisa, Dilma Roussef acaba de ser eleita a primeira mulher presidente do país. Será seu primeiro cargo eletivo. Saiba mais sobre a sucessora de Lula, em matéria do G1:



Dilma nasceu em 14 de dezembro de 1947, em Belo Horizonte. Entrou na política ainda no antigo colegial, na oposição ao regime de exceção instaurado em 1964. Começou na Organização Revolucionária Marxista – Política Operária (Polop), movimento que, na sua origem, era uma espécie de coalizão de dissidentes, com quadros do PCB, do PSB e do trabalhismo, além de trotskistas e outros marxistas. Na Polop, ela conheceu o primeiro marido, Cláudio Galeno de Magalhães Linhares. Ao lado dele, mais tarde, optou pela luta armada e se juntou ao Comando de Libertação Nacional (Colina).



O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel conheceu Dilma nessa época e é amigo pessoal da nova presidente até hoje. “A Dilma é, e sempre foi, uma pessoa muito inteligente, acima da média. Ela tem uma bagagem cultural muito grande, lia muito desde menina, talvez por influência do pai”, conta. O pai, Pedro Rousseff (Pétar Russev, na língua materna), era um imigrante búlgaro que criou os três filhos com rigidez europeia em Minas Gerais. A mãe, Dilma Jane Silva, era professora.


Em 1970, quando já fazia parte da Vanguarda Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), Dilma Rousseff foi presa pela Operação Bandeirante e detida no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde foi torturada. Condenada pela ditadura, foi levada ao Presídio Tiradentes. Foi libertada no fim de 1972 e se mudou para Porto Alegre, terra de seu segundo marido Carlos Franklin Paixão de Araújo, com quem teve sua filha, Paula.


“Dilma teve uma experiência muito dura na prisão”, conta Pimentel. “Por isso, é uma pessoa que conhece muito bem onde estão os seus limites. Isso faz dela uma mulher muito forte”, diz o ex-prefeito.


Na capital gaúcha, ela cursou ciências contábeis na Universidade Federal do Rio Grande do Sul de 1974 a 1977. Com a volta de Leonel Brizola ao país após a Anistia, Dilma se filiou em 1980 ao recém-fundado Partido Democrático Trabalhista (PDT). Até 1985, ela trabalhou como assessora de deputados do partido na Assembleia Legislativa do estado.



“Dilma tem uma biografia política relativamente recente”, afirma o cientista político Marcelo Coutinho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Ela começa com um papel em um momento histórico muito importante para o país. Depois, se retira, passa a se dedicar mais à família e reaparece no Rio Grande do Sul, para atuar junto ao PDT”, explica.


O ex-governador do RS Alceu Collares conta sobre a atuação de Dilma nos primórdios do PDT. “Dilma estava junto com a gente desde o começo das conversas sobre o que a gente queria que fosse o movimento dos trabalhistas”, conta. “Fizemos reuniões para montar nosso plano de governo para Porto Alegre. Grande parte desses programas foi feita na casa dela”, diz ele.


Em 1987, Dilma foi secretária das Finanças da prefeitura da capital gaúcha, sob a gestão de Collares. Em 1989, virou diretora-geral da Câmara dos Vereadores. Quando Collares foi eleito governador do estado, Dilma passou ao cargo de presidente da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do RS, onde ficou de 1991 a 1993, quando virou secretária de Energia, Minas e Comunicações.


“Escolhi a Dilma para as duas secretarias porque ela sempre demonstrou muita experiência. Ela é uma mulher determinada”, afirma Collares. “Dizem que ela é brava. Não é. É determinada”, afirma.


Com o fim do mandato de Collares, a nova presidente do Brasil voltou para a FEE, até 1997. Em 1998, Olívio Dutra, do PT, foi eleito governador com o apoio do PDT de Dilma e ela voltou à Secretaria de Energia, Minas e Comunicações. Mas quando Brizola e o PDT romperam com os petistas, Dilma e outras lideranças do partido no Rio Grande do Sul optaram por deixar o PDT e se unir ao PT de Dutra.


“Ela vinha de uma linha brizolista, mas sempre teve uma ligação muito forte com o PT, então não foi uma grande surpresa”, diz Coutinho.


Dilma ficou no cargo até o fim do governo Dutra, em 2003, e participou das negociações do governo do Rio Grande do Sul com o governo federal para gestão da crise energética de 2001.


Quando Lula assumiu o governo, Dilma foi chamada para assumir o Ministério das Minas e Energia e evitar um novo apagão. “É aí que ela passa a ter um papel de fato importante”, avalia o professor da UFRJ. “Dilma teve ampla liberdade para montar sua equipe e fez um trabalho positivo”, afirma Coutinho. “No mais, é uma passagem que se destaca por uma forte lealdade ao presidente Lula, que garante que ela abra espaço no governo”.

Ex-governadores votaram pela manhã em Campos







Acompanhados da filha caçula, Clara, Garotinho e Rosinha dirigiram-se a pé da residência do casal, na Saturnino de Brito até o Ciep da Lapa, sendo cumprimentado pelas pessoas no caminho. Garotinho votou e o casal de ex-governadores, com Clara e alguns amigos, entre os quais dois secretários - Avelino Ferreira e o Major Francisco Melo - retornou à casa, de onde sairiam, logo após, juntamente com a mãe dele, "Dona" Samira,  para se dirigirem à Faculdade de Direito, onde vota Rosinha e sua sogra.

No caminho de volta, muitos abraços, cumprimentos e desejos de que ela retorne logo à Prefeitura. Depois, seguiram para a Faculdade de Direito. Rosinha votou e retornou, com Garotinho, para o descando do final de domingo. Jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas registraram os momentos da votação e as fotos deste blog é de César Ferreira.

Ivan Zigg, escritor e ilustrador, estará na Bienal de Campos

Ivan Zigg estará na Bienal de Campos e será uma das atrações para a garotada. Mas os adultos, com certeza, ficarão encantados com seu trabalho. 
Ivan Zigg é Ilustrador, escritor e performer. Assina mais de cem livros e ganhou o premio Jabuti de Melhor Ilustração para livro Infantil em 2004.Também escreve suas próprias histórias como O Elefante Caiu, Segredo e Só um Minutinho. Artista múltiplo, Zigg pode ser visto em feiras do livro, teatros e escolas, em apresentações para crianças que misturam música, histórias e desenhos.

O Elefante Caiu, último livro escrito e ilustrado por Ivan Zigg, editado por Nova Fronteira.
Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.



 

sábado, 30 de outubro de 2010

Além do angolano Mia Couto, do moçambicano José Eduardo Agualusa e da iraniana Anousheh Ansari, outra grande atração internacional da VI Bienal do Livro de Campos é o poeta Ondjak, ou Ndalu de Almeida, nascido em Luanda. Atualmente, ele está residindo no Brasil, mais precisamente no Rio de  Janeiro. Sua trajetória artística passa também pela atuação teatral e pela pintura. Esteve, com os Mia Couto e Agualusa na Bienal de São Paulo e, agora, vai falar aos campistas e autografar seus livros na Bienal. 

Ondjaki dedica-se igualmente a duas mostras individuais de artes plásticas, uma em Angola, a outra no Brasil. Além de tudo, Ondjaki também é cineasta. Autor de roteiros cinematográficos, não deixa passar a oportunidade de co-dirigir, em 2006, ao lado de Kiluanje Liberdade, um documentário que aborda sua cidade natal, Oxalá cresçam pitangas – histórias da Luanda, fruto de uma parceria entre Angola e Portugal.


Após realizar seus primeiros estudos na sua terra natal, obtém a licenciatura em Sociologia na capital portuguesa. Em 2000 o grande poeta conquista a segunda posição no concurso literário angolano António Jacinto, e lança seu primeiro volume poético, Actu Sanguíneu. Ele integra antologias de cunho internacional, publicadas no Brasil, no Uruguai e em Portugal.


Ondjaki obteve o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2007, por sua obra Os da Minha Rua. Na Etiópia ele foi reconhecido com o prêmio Grinzane for best african writer 2008. Seus livros têm sido traduzidos em países os mais diversos, especialmente na França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e China. Ele foi o único representante africano entre os 10 escritores finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura 2008.


Este célebre poeta integra a União dos Escritores Angolanos e a Associação Protectora do Anonimato dos Gambuzinos. Seu interesse pela literatura teve início logo cedo, aos 13 ou 14 anos. Ele costumava ler Asterix e outros quadrinhos similares, além de Gabriel Garcia Márquez, Graciliano Ramos e Jean-Paul Sartre. Posteriormente Ondjaki optou por poemas e contos.


Entre todos os estilos artísticos visitados, o poeta sempre retorna à literatura, onde ele se sente em casa. Embora ele escreva mais poemas, eles são menos publicados pelo autor, que também navega com facilidade e prazer pelos contos. O escritor considera cada vez mais complexo o ato da escrita, pois hoje, com o passar do tempo, tem uma percepção mais acurada desse processo.


Não é difícil para este ícone literário africano publicar em seu país, pois atualmente o governo angolano vem se empenhando mais no incentivo à cultura, privilegiando também a literatura. As diversas modalidades artísticas vêm seguindo de perto a prosperidade sócio-econômica que Angola atravessa neste momento.


O escritor está morando desde fins de 2007 no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, criando e envolvido com várias idéias, uma mais antiga, outra mais atual. Fã da literatura brasileira, ele se interessa muito pela obra de Clarice Lispector e de Guimarães Rosa. Ele também costuma ler Manoel de Barros, Cláudia Roquette-Pinto, João Paulo Cuenca, Veríssimo, Eric Nepomuceno, entre outros.


Entre seus livros mais conhecidos estão o romance Bom Dia Camaradas, de 2001; a novela O Assobiador, de 2002; o livro de poesia "Há Prendisajens com o Xão", de 2002; o infantil "Ynari: A Menina das Cinco Tranças", de 2004, e o mais recente volume poético "Materiais para confecção de um espanador de tristezas", de 2009.

A astronauta Anousheh Ansari autografa seu livro na Bienal



O livro de Anousheh é muito interessante. Lançado nos EUA há três meses, será lançado na Bienal de Campos, em português, no dia 9, juntamente com o também primeiro livro do astronauta Marcos Pontes. Sei que pode ser maçante, mas publico, abaixo, um pequeno trecho do livro que, por certo, vai gerar curiosidade em quem deseja conhecer a história de uma menina iraniana que tornou-se multimilionária e realizou seu sonho: viajar no espaço.

MEU SONHO DAS ESTRELAS
Autobiografia de Anousheh Ansari, escrita por Homer Hickman

Prefácio

Chame isto de uma estória de amor, embora ela leve ao encontro de uma fortuna e às distantes e magníficas extensões do espaço. Quando tudo foi feito e eu tinha aterrissado ao lado de paraquedas sedosos, embaixo de um céu leitoso infinito dos desertos altos do Cazaquistão, eu percebi que o que tinha me carregado àquela ilha resplandecente, mais alta que a mais alta das montanhas, e depois me trazido de volta, a bordo de uma estrela cadente, não foi apenas minha determinação em alcançar as estrelas, mas sim o amor. O amor, eu compreendi, até mesmo quando eu estava sendo carregada da minha nave queimada e fumegante, era mais do que uma dor no coração saudoso. O amor é o poder infinito das esperanças e sonhos que transcende tudo, até mesmo os princípios universais da física. O quê, afinal, seria o Universo e suas bilhões de galáxias e trilhões de estrelas, sem o amor? Neste sentido, o que seríamos nós? Apenas substância sem propósito.

A qualquer lugar aonde vou, pedem-me para contar a estória de como eu voei para o espaço. Eu fico contente em contá-la; no entanto, às vezes, temo que minhas palavras sejam inadequadas para explicar a paixão, as alegrias e, às vezes, o desespero por que passei durante cada estágio da jornada. Quando falo diante de grupos, eu me pergunto se há algumas pessoas na platéia que pensam que o único motivo de eu ter ido para o espaço foi porque eu tinha muito dinheiro e queria uma viagem emocionante. Ou talvez eles me vejam como uma mulher desesperada para se tornar famosa e disposta a arriscar a sua própria vida para alcançar o seu objetivo. Esta incerteza tem-me impedido de fazer muito mais do que recitar os fatos do que fiz, mantendo a estória verdadeira para mim mesma. Este livro é minha oportunidade de contar o milagre do meu voo e todos os eventos que o antecederam.

Na Estação Espacial Internacional, eu me lembro de ter observado o brilho do Sol, enquanto ele começava a nascer. Da minha posição vantajosa, 352 quilômetros acima da superfície terrestre, eu podia ver os fios luzentes de ouro e prata, ao longo da circunferência da Terra, que anunciavam um novo amanhã. Eu me encontrava encantada, não apenas com essa aparição gloriosa, mas também com todos os amanhãs vindo até mim; um em cima do outro, enquanto eu navegava, seguramente, em volta do mundo, dentro do meu casulo de alumínio. Quando eu estava no espaço, eu estava livre, de várias maneiras, de todas as aflições normais que preocupavam diariamente as mentes da humanidade. Eu tinha sido abençoada, não apenas com a oportunidade de sonhar com as estrelas, mas também com a possibilidade de voar entre elas.

Apesar de bonita, a seu modo, eu não ficava tão encantada quando o Sol desenhava uma sombra profunda sobre o planeta Terra, apagando os continentes e mares. Para mim, aquela escuridão invasora era ontem, e o ontem pouco me interessa. Eu não posso fazer nada com o ontem, mas o amanhã eu posso moldar e tornar brilhante. Estou determinada a subir tão alto quanto eu puder, sem ser restringida pelo passado. Embora alguns possam dizer que o passado é o principal premonitor do futuro, eu acredito firmemente que não é assim. O passado se foi; foi feito; e acabou. Independentemente do que aconteceu ontem, só o amanhã realmente importa. Cada molécula no meu corpo está focada no próximo nascer do Sol e em todos os outros que virão.

Enquanto escrevo isto estou na Terra, por isso preciso esperar 24 horas para ver a glória exaltante de um novo amanhecer. E como eram tão mais gloriosos aqueles nasceres do Sol vistos do espaço. Eu quero vê-los de novo. Eu quero que todos os vejam. Uma das coisas que eu espero mudar um dia é fazer do voo espacial uma coisa normal. Eu quero que seja tão fácil quanto comprar uma passagem de avião. Essa é minha esperança e meu plano.

Foguetes que vão para o espaço profundo usam propulsores empilhados, chamados de estágios. À medida que cada estágio se esgota, ele é deixado para trás, enquanto que o próximo propulsiona o foguete cada vez mais alto. Assim como eu já voei para o espaço, a bordo de um foguete com múltiplos estágios, convido você a fazer essa viagem comigo através dos estágios da minha vida, propulsionado não por combustível de foguete, mas por determinação, perseverança e glória; e pelo poder da energia mais doce de todas; a maravilha com fragrância de céu: o amor.



Crescendo Como Uma Iraniana

Eu sou Anousheh Raissyan Ansari, uma cidadã dos Estados Unidos da América e do grande estado do Texas. Raissyan é o sobrenome do meu pai e Ansari do meu marido. Anousheh significa “Eterno”, em persa. Eu gosto de pensar que o meu nome reflete as esperanças e os sonhos de meus pais para o meu futuro.

Minhas raízes iranianas retrocedem além do que alguém possa lembrar. Nasci em 1966, no Irã, na cidade sagrada de Mashhad, uma metrópole de parques e mesquitas, localizada no vale do rio Nashaf. Embora eu tenha as minhas memórias, não sei como Mashhad se parece agora, ou como sua população está hoje. Quando olhei do espaço para essa cidade antiga, Mashhad parecia quieta e tranquila, e espero que ela realmente esteja desse jeito. Eu geralmente penso sobre suas pessoas, do mesmo modo que penso sobre os meus pais e a felicidade que vivenciaram, quando moravam lá. Antigamente, Mashhad era o lar dos grandes matemáticos, astrônomos e cientistas. Talvez eu tenha uma atração tão grande pelo Cosmos porque nasci nessa cidade de ciência.

Minha mãe se chama Fakhri Shahidi, a terceira filha entre seis irmãos e irmãs. A família Shahidi é conhecida por ter uma longa linhagem de homens religiosos. Para ajudar a alimentar os pobres, os Shahidis organizam, várias vezes por ano, uma elaborada cerimônia de oração denominada sofreh (que, literalmente, significa pano de mesa). O dia inteiro, o aroma delicioso de comida sendo cozinhada emana das grandes panelas de cobre, avisando a todos que um banquete está sendo preparado. Às vezes, milhares de pessoas participavam dessa cerimônia, onde a comida era posta no chão, sobre lençóis brancos, nos muitos quartos da antiga casa Shahidi.

Eu tinha apenas quatro anos quando participei da minha primeira sofreh Shahidi. Quando cheguei, a minha avó, uma mulher sólida e de baixa estatura, com pernas finas que podiam ser vistas por baixo de seu chador branco, levou-me pela mão para me mostrar algo que ela pensou que eu iria gostar.

— Olhe ali, Anousheh — ela disse.

Acompanhei, com olhos grandes e curiosos, o dedo dela, que apontava para tapeçarias que estavam penduradas, como bandeiras gigantes. Elas tinham cenas de batalhas e mensagens que eu não conseguia ler ainda.

— Estas são as palavras do nosso livro sagrado, o Alcorão — minha avó explicou. — Aqueles homens eram cavalheiros, os descendentes do nosso profeta Maomé. Eles sacrificaram as suas vidas por nós, nas batalhas antigas do profeta Maomé.

Até mesmo naquele tempo, eu tinha a reputação de fazer muitas perguntas, mas antes de conseguir pensar numa, distraí-me com alguns biscoitos que estavam sobre uma bandeja. Tentei pegar um deles, mas minha avó agarrou minha mão e disse: “Não, Anousheh. Não é certo comer do sofreh antes que as orações sejam feitas. Mesmo que ninguém a veja, Deus saberá.” Ela me despachou, dizendo: “Eu acredito que sua mãe a esteja procurando.”

Corri a toda velocidade daquele quarto e gritei por minha mãe, encontrando-a no quintal com algumas outras mulheres. Fui até ela, pendurei-me na sua mão e disse que estava com fome. Quando criança, todos os meus parentes sabiam que, quando eu cismava com alguma coisa, era quase impossível me distrair. Minha mãe então parou de conversar com as outras mulheres e me levou para um dos sofrehs. Ela me disse para sentar-me a seu lado.

— Não se mexa — ela disse. — Nós estaremos comendo, em breve. Você me escutou, Anousheh?

Eu a escutei, e apesar de ter grande dificuldade em fazer isso, forcei-me a sentar quietamente. Após alguns minutos, fiquei entediada e comecei a brincar com o chador da minha mãe, segurando uma de suas extremidades e puxando-a sobre minha cabeça, para fingir que eu era uma grande exploradora, numa caverna. Ela removeu o chador da minha cabeça e disse que eu me comportasse como uma dama. Não era a primeira vez que eu escutava essa repreensão. Pelo que eu pude perceber, qualquer atividade divertida, como correr ou subir em árvores, não era uma atividade para as damas. Coisas chatas, como brincar com bonecas ou brinquedos de cozinha, era tudo o que uma dama podia fazer. Eu continuo a me dizer que, se tivesse sido um garoto, a vida teria sido muito mais divertida.

Durante o resto do dia, fiz várias perguntas a minha mãe sobre o sofreh. O que eu queria saber, mais do que tudo, era por que os meus avós estavam alimentando todas aquelas pessoas. Minha mãe me explicou que as pessoas que são abençoadas com abundância têm o dever a ajudar os menos afortunados. Como bons muçulmanos, os meus avós tinham o dever de compartilhar as suas bênçãos com as pessoas necessitadas. Eu gostei da resposta e estava orgulhosa dos meus avós. Também nunca me esqueci de seu exemplo. Tudo que eu tenho, trabalhei muito para conseguir, mas ainda assim reconheço que preciso retribuir de todas as maneiras possíveis.

Naquela noite, eu ansiosamente esperava o próximo dia, porque sabia que, no outro dia, haveria mais perguntas para fazer a minha mãe exausta. Como os pássaros voam, mãe? Por que nós não temos asas? Por que as estrelas brilham? Por que os meus olhos são marrons e o meu cabelo preto? Por que as árvores morrem no inverno? Por que a neve é branca? Por que você está me olhando desse jeito? Eu ficava feliz quando conseguia pensar numa pergunta, e mais feliz ainda quando minha mãe a respondia. Agora, se isso fazia minha mãe feliz, é outra estória.

Meu pai, que eu chamo de Papa, chama-se Houshang Raissyan. Ele é o mais velho de três irmãos de uma família que sente orgulho de serem mercadores prósperos. Quando jovem, Papa era bonito, forte e sólido, tendo um queixo quadrado e olhos penetrantes. Minha mãe era pequena, tinha cabelos negros e ondulados e olhos escuros e doces. As pessoas os chamavam de Romeu e Julieta de Mashhad. Mas, da mesma maneira que problemas encontraram Romeu e Julieta, problemas também encontraram os meus pais. Problemas tão terríveis que acabariam devastando a nossa família.

Antes que os problemas viessem a nós, e bem antes de eu nascer, o meu avô Rassyan — eu o chamava de Buhbuh — era o filho de um homem muito rico. Como convinha a sua classe, o meu belo e alto futuro avô sempre vestia as últimas modas ocidentais. A minha avó, a quem eu chamava de Maman, contou-me estórias de como ele entrava no bazar carregando uma bengala maravilhosa, que tinha uma pequena luz na sua ponta. A luz acendia e apagava toda vez que ele batia a bengala no chão. Minha avó tinha apenas quinze anos quando se casou com o meu avô, por meio de um casamento arranjado. Maman era uma jovem inocente, que não tinha ideia do que significava casamento. Quando ela se mudou para sua nova casa, como uma mulher casada, ela carregava consigo um baú cheio de bonecas para brincar.

Mas logo o pai de Buhbuh insultou o rei do Irã, ou Xá, como era chamado, e a sua família perdeu tudo. Para conseguir fazer face às despesas, Buhbuh tornou-se um veterinário do governo e teve que viajar a vilas remotas, para vacinar gado e educar os seus moradores a respeito de técnicas de pecuária moderna. Encontrando-se, de repente, casada com um funcionário público pobre e com um bebê a caminho, Maman tornou-se, rapidamente, uma adulta. Embora eu os amasse muito, confesso que adorava Buhbuh. Ele inventava charadas e ficava encantado quando eu as resolvia rapidamente.

— Você é uma garota inteligente, Anousheh, — ele me dizia. Eu queria ser ainda mais inteligente, só para ele.

Durante os primeiros quatro anos de minha vida, meus pais e eu morávamos numa casa pequena e confortável, em Mashhad, com um jardim lindo e uma varanda grande, com uma parede de ladrilhos coloridos que formavam a imagem de um porco. Eu era muito feliz e todos gostavam muito de mim. Talvez até fosse um pouco mimada. E como eu era uma criança contente, nunca poderia imaginar qualquer um dos terríveis problemas que vinham em nossa direção.



À noite, quando eu olhava para baixo, do espaço, eu via tempestades enormes. Eu sabia que não eram agradáveis para aqueles que as enfrentavam, no chão, mas, a centenas de quilômetros acima, as tempestades eram um espetáculo de luz glorioso e magnífico. Uma noite, enquanto eu ouvia Johann Pachelbel, no meu iPod, parecia como se alguém estivesse orquestrando os raios, em perfeita coordenação com a música majestosa. No começo eu estava encantada, mas depois percebi que estava assistindo ao tumulto de uma plataforma pacífica bem alta, assim como Deus deve prestar atenção à nossa labuta, na Terra. Muitas vezes, quando criança, eu invejava essa visão que Deus tinha, e desejava essa capacidade de planar sobre os problemas que atingiam minha família, como relâmpagos e trovões.



Depois que meu pai completou o serviço militar obrigatório, voltou a Mashhad e começou a trabalhar numa gráfica. O trabalho não era muito interessante para ele; então, um dia, chegou em casa e surpreendeu minha mãe com a notícia de que estávamos indo para Teerã, a capital do Irã. Seu plano era continuar a estudar, para que pudesse conseguir um emprego melhor e construir um futuro melhor. Embora minha mãe estivesse com medo dessa mudança radical, o seu amor por Papa era tão grande que ela concordou com o plano, sem muita discussão. Dentro de algumas semanas, Papa viajou a Teerã. Logo em seguida, mamãe e eu fizemos as malas e fomos atrás dele. Embora eu não estivesse muito certa de por que estávamos mudando, logo ficou claro que a vida que eu tinha conhecido, em Mashhad, tinha acabado.

Para entender nossa transformação, quando nos mudamos para Teerã, é necessário entender o clima político do Irã, em 1970. Na época, o país era governado pelo Xá Mohammad Reza Pahlevi, o filho do homem que destruiu o meu bisavô. Muitas pessoas na política iraniana consideram o Xá um fantoche das potências ocidentais, particularmente os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Outros iranianos o viam como um governante firme, que manteve o país estável e próspero.

O Xá era um homem cosmopolita e reformista. Ele apoiou o que veio a ser conhecido como a Revolução Branca, que estendeu os direitos de voto às mulheres e deu representação parlamentar aos agricultores e trabalhadores. Também fez campanha contra o analfabetismo e determinou que as instituições de ensino secular tivessem uma prioridade maior do que as escolas religiosas. Embora essas reformas fossem populares com a maioria dos iranianos, a decisão do Xá de aumentar o financiamento da educação secular enfureceu muitos líderes religiosos iranianos. Outros grupos odiavam o Xá por suas próprias razões. O Xá temia tanto esses inimigos, que controlava o país com mão de ferro. Isso, é claro, o fez ganhar ainda mais inimigos. Como a maioria dos iranianos, os meus pais e avós eram apolíticos e só queriam ser deixados em paz, para trabalhar duro e aproveitar a vida.



Nós nos mudamos para um pequeno apartamento em Teerã, e meu pai matriculou-se na universidade, fazendo bicos quando tinha tempo livre. No início, eu sentia saudade de Mashhad, mas, eventualmente, eu aprendi a amar Teerã, devido a toda a sua agitação. Então, para minha alegria, Buhbuh e Maman vieram morar conosco, porquanto sentiram muito nossa falta. Buhbuh, rapidamente, encontrou um bom emprego como contador, em uma loja de equipamentos agrícolas da Caterpillar, que pertencia a um de seus velhos amigos. Por um tempo, parecia que tínhamos trocado a felicidade de viver em Mashhad por uma nova felicidade, em Teerã.

Nós também tínhamos uma empregada que havia ajudado a criar meu pai e meus tios. Ela vivia conosco em nosso pequeno apartamento. Era muda, então tivemos que desenvolver nossa própria língua de sinais para "falar" com ela. Embora a empregada, um membro da tribo Turkman, gostasse muito de mim, não se dava bem com minha avó. Há um provérbio persa: quando há dois cozinheiros, a sopa é salgada ou insossa. Agora que minha mãe tinha acrescentado uma terceira cozinheira, havia discussões entre elas todos os dias.

Eu tinha cinco anos quando minha irmã Atousa nasceu. Embora eu a amasse muito, meu amor não foi suficiente para protegê-la da infelicidade que estava prestes a engolir minha família, como um rio escuro e turbulento. Logo após o nascimento de Atousa, meu pai chegou em casa e declarou: "Eu estou indo para a América." O tom, na sua voz, deixava claro que ele não queria um debate, mas isso é impossível, em uma família iraniana. Depois de meus avós questionarem-no, persistentemente, Papa disse que a ideia tinha vindo do irmão da minha mãe que, recentemente, tinha emigrado para os EUA.

— É a terra das oportunidades, — meu pai disse, citando o seu cunhado — e qualquer um pode ficar rico lá. Minha mãe concordou, com relutância, e depois de um tempo, meus avós concordaram também. Para ajudá-lo a comprar artesanato iraniano e tapetes para vender na América, vendemos tudo o que não era uma necessidade absoluta. Papa encheu suas bolsas com a mercadoria e prometeu levar-nos quando tivesse se estabilizado.

Papa havia viajado há quase um ano e, durante esse tempo, ouvimos pouco dele. Suas cartas mencionavam apenas que ele havia vendido sua mercadoria com êxito e estava tentando descobrir o que fazer. Quando retornou, para uma breve visita, ele e mamãe discutiram constantemente. Mamãe estava claramente infeliz quando ele voltou aos Estados Unidos o que, por sua vez, fez-me miserável. Atousa ainda era um bebê e eu gostava de brincar com ela e abraçá-la, como se ela fosse uma boneca frágil de porcelana. Eu sorria para ela, mesmo que eu estivesse triste.

Na vez seguinte em que meu pai voltou, ele ficou num hotel. Logo, minha mãe me deu a notícia. Seus olhos vermelhos, de tanto chorar. — Seu pai quer o divórcio. Eu me senti como se todo o meu mundo estivesse desmoronando. Meu coração batia forte e era difícil respirar. Vendo o meu sofrimento, minha mãe me envolveu em seus braços. — Você é uma menina grande, Anousheh, — ela me disse. — Agora você tem que ser muito corajosa e ajudar a sua irmã.

Mesmo com Papa longe de casa, nosso apartamento de dois quartos continuava apertado, visto que o meu jovem tio Shahram havia-se mudado para o nosso apartamento, depois de terminar a faculdade. Durante o verão, eu ficava feliz quando meus avós me deixavam dormir em sua varanda, onde laranjeiras, jasmins e limoeiros cresciam, em grandes vasos. Era um lugar perfumado e agradável para se fugir da cidade ruidosa e, também, um lugar ideal para se obter um pouco de privacidade. Buhbuh montou uma rede em volta da minha cama portátil, para me proteger dos mosquitos, mas eu sempre a removia, porque queria ver as estrelas. Quando elas saíam, cintilando, acima do pico coberto de neve do monte Damavand, eu ficava na minha cama e deixava a minha mente vagar, fingindo que estava no espaço. O céu da noite não era apenas um parquinho para a minha mente, era também um refúgio onde eu podia me esconder entre as estrelas, longe de toda a tristeza da minha vida.

Rosinha e Garotinho à vontade na Diário FM









Muito à vontade, os ex-governadores Garotinho e Rosinha participaram do programa matinal de sábado na Rádio Diário FM, com Carlos Cunha e Felício de Souza. Presentes, Avelino Ferreira, Paulo Hirano, o vereador Albertinho, Linda Mara, Malaquias e alguns outros admiradores. Garotinho respondeu a perguntas, assim como Rosinha e, no que tange aos boatos de que ele seria candidato a prefeito, se houver eleição extemporânea, Garotinmho respondeu que não, não é um desejo seu e, além do mais, disse, a Rosinha vai retornar à Prefeitura; então, não tem sentido em se falar em eleição agora. 
(Fotos: César Ferreira) 

A estrutura da Bienal, por dentro






A estrutura da VI Bienal por dentro, mas ainda sem as divisões dos estandes, espaços do café literário e outros. A montagem tem sido acompanhada por muitos curiosos, que nunca viram nem imaginaram uma mega estrutura dessas em Campos. O que as pessoas comentam é que, como a estrutura chama a atenção, e sendo no centro da cidade, a população como um todo vai saber que há uma Bienal do Livro acontecendo em Campos. E, por ser justamente no centro, todos poderão participar.

Essa foi minha intenção, quando propus a praça. E, pela primeira vez, a sociedade foi ouvida a respeito, via CDL, ACIC, Cajorpa, as academias de letras, sindicato dos hotéis e restaurantes, Conselho de Turismo, entre outras, assim como diversas secretarias municipais. A programação também foi bastante discutida, assim como os participantes de fora e de Campos. Será, sem dúvida alguma, a melhor Bienal já realizada.  Dizem alguns que é ousadia demais. Mas quando mudei totalmente o formato da Festa do Santíssimo Salvador, em 2009, disseram o mesmo e foi um tremendo sucesso, repetido em 2010.

Agradeço a confiançpa da prefeita Rosinha Garotinho e, agora, do prefeito em exercício Nelson Nahim. Sabem eles que, como eles, amo a minha cidade e quero o melhor para o nosso povo. Que tudo dê certo e que possamos comemorar, juntos, o sucesso do maior evento cultural do município.   

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Agualusa na VI Bienal do Livro

Além de Mia Couto, a astronauta iraniana Anousheh Ansari, José Eduardo Agualusa é um dos nomes internacionais da VI Bienal do Livro. Abaixo, um pouco de sua bibliografia:



José Eduardo Agualusa [Alves da Cunha] nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Estudou Silvicultura e Agronomia em Lisboa, Portugal. Os seus livros estão traduzidos para mais de vinte idiomas. Também escreveu várias peças de teatro: "Geração W", "Chovem amores na Rua do Matador", juntamente com Mia Couto, e o monólogo "Aquela Mulher".

De família brasileira e portuguesa, nascido em 1960, na cidade de Huambo, Angola, José Eduardo Agualusa adquiriu de suas referências culturais um amplo senso de pertencimento, o qual o leva a definir-se como afro-luso-brasileiro. Dividindo-se entre os três continentes, o angolano, que é jornalista e estudou Agronomia e Silvicultura em Lisboa , imprime em sua obra o destaque à relação cultural entre os países de língua portuguesa, através da fusão das influências de cada um deles.



Evidente desde o seu primeiro trabalho como escritor, ainda no final dos anos 80, o interesse em pontuar essa integração levou Agualusa, considerado um dos mais importantes escritores africanos dos últimos tempos, a escrever obras como: Nação Crioula (1998); Um Estranho em Goa (2000); Manual Prático de Levitação (2005); O ano em que Zumbi tomou o Rio (2002) e O Vendedor de Passados (2004), livro pelo qual o escritor ganhou recentemente o Independent Foreign Fiction Prize 2007.


Apaixonado pelo Brasil, Agualusa, que já viveu no Rio e em Recife entre 1998 e 2000, vem freqüentemente ao país e é admirador entusiasmado de Rubens Fonseca, João Ubaldo Ribeiro, Chico Buarque e Caetano Veloso.
Obras:


A Conjura (romance, 1989)

D. Nicolau Água-Rosada e outras estórias verdadeiras e inverosímeis (contos, 1990)

O coração dos Bosques (poesia, 1991)

A feira dos assombrados (novela, 1992)

Estação das Chuvas (romance, 1996)

Nação Crioula (romance, 1997)

Fronteiras Perdidas, contos para viajar (contos, 1999)

Um Estranho em Goa (romance, 2000)

Estranhões e Bizarrocos (literatura infantil, 2000)

A Substância do Amor e Outras Crónicas (crónicas, 2000)

O Homem que Parecia um Domingo (contos, 2002)

Catálogo de Sombras (contos, 2003)

O Ano em que Zumbi Tomou o Rio (romance, 2003)

O Vendedor de Passados (romance, 2004)

Manual Prático de Levitação (contos, 2005)

A girafa que comia estrelas (novela, 2005)

Passageiros em Trânsito (novela, 2006)

O filho do vento (novela, 2006)

As Mulheres do Meu Pai (romance, 2007)

Na rota das especiarias (guia, 2008)

Barroco Tropical (romance, 2009)

Outros: • Geração W (peça de teatro montada em Portugal em 2004) • Chovem amores na Rua do Matador (peça de teatro escrita juntamente com Mia Couto, estreada em Portugal em 2007) • Aquela Mulher (texto para monólogo teatral estrelado por Marília Gabriela e direcção de Antônio Fagundes, montado em São Paulo, Brasil, em 2008 e Rio de Janeiro, Brasil, em 2009) • Lisboa Africana (reportagem, 1993--com o jornalista Fernando Semedo e a fotógrafa Elza Rocha)

Mia Couto é um dos destaques da Vi Bienal

Entre os grandes nomes da literatura internacional que estarão na VI Bienal, destaca-se Mia Couto. Abvaixo, alguns dados bibliográficos desse autor:


Mia Couto
Mia Couto (António Emilio Leite Couto) nasceu na Cidade da Beira (Moçambique) em 1955, filho de uma família de emigrantes portugueses. Publicou os primeiros poemas no "Notícias da Beira", com 14 anos. Em 1972, deixou a Beira e partiu para Lourenço Marques para estudar Medicina. A partir de 1974, começou a fazer jornalismo, tal como o pai. Com a independência de Moçambique, tornou-se director da Agência de Informação de Moçambique (AIM). Dirigiu também a revista semanal "Tempo" e o jornal "Notícias de Maputo".

Em 1985 formou-se em Biologia pela Universidade Eduardo Mondlane. Foi também durante os anos 80 que publicou os primeiros livros de contos. Estreou-se com um livro de poemas, "Raiz de Orvalho" (1983), só publicado em Portugal em 1999. Depois, dois livros de contos: "Vozes anoitecidas" (1986) e "Cada Homem é uma Raça" (1990).Em 1992 publicou o seu primeiro romance, "Terra Sonâmbula".

A partir de então, apesar de conciliar as profissões de biólogo e professor, nunca mais deixou a escrita e tornou-se um dos nomes moçambicanos mais traduzidos: espanhol, francês, italiano, alemão, sueco, norueguês e holandês são algumas línguas. Outros livros do autor: "Estórias Abensonhadas" (1994); "A Varanda do Frangipani" (1996); "Vinte e Zinco" (1999); "Contos do Nascer da Terra" (1997); "Mar me quer" (2000); "Na Berma de Nenhuma Estrada e outros contos" (2001); "O Gato e o Escuro" (2001); "O Último Voo do Flamingo" (2000); "Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra" (2002). "O Fio das Missangas" (2004) é o seu último livro de contos.



Em 1999 foi vencedor do prémio Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra, um dos mais conceituados prémios literários portugueses, no valor cinco mil euros, que já premiou Maria Velho da Costa, Maria Judite de Carvalho e Eduardo Lourenço, entre outros. Em 2001, recebeu também o Prémio Literário Mário António (que distingue obras e autores dos países africanos lusófonos e de Timor-Leste) atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian por "O Último Voo do Flamingo" (2000). E, em 2007, recebeu o Prémio União Latina de Literaturas Românicas.

Avelino no programa De Olho na Cidade


Avelino Ferreira fala sobre a VI Bienal aos colegas jornalistas Flávio e Granja, na TV Litoral. Segundo ele, será a melhor Bienal já realizada, não só pela estrutura como, principalmente, pela programação, que trará à cidade de Campos personalidades nacionais e internacionais para palestrar, lançar livros e debater com a sociedade diversos temas importantes.

Volta do Prêmio Alberto Lamego


Reunião extraordinária do Conselho Municipal de Cultura, convocada pelo seu presidente, o secretário de Cultura Orávio de Campos Soares, para tratar do retorno do Prêmio Alberto Ribeiro Lamego. Na próxima reunião, após a Bienal, serão indicados os nomes que cada instituição participante entende que deve merecer a homenagem. O mais votado deve (vivo ou morto) deve ser agraciado em 2011.

O prêmio, criado pela então diretora do Departamento de Cultura Diva Abreu Barbosa, foi entregue a diversas personalidades que contribuiram com a cultura do município. Há anos não é entregue e o Conselho de Cultura, reativado este ano, resolveu retomá-lo, pois considera que o mesmo é importante para homenagear e prestigiar quem contribuiu e contribui com a cultura da planície.

A proposta vencedora foi a do presidente da FCJOL, Avelino Ferreira, de se premiar apenas uma personalidade por ano, e não duas, como estava sendo ventilado. Avelino acrescentou que, agora, o Conselho deve criar uma forma de homenagear personalidades de algumas esferas da cultura, como dança, teatro, música, artes plásticas, literatura etc.. Idéia que, segundo o professor Orávio, deve ser colocada em pauta nas próximas reuniões do Concultura.   

Homenagem ao servidor da FCJOL


Maria Helena fala sobre Demerval (ao centro) e Nahim observa para, depois, parabenizar o servidor da FCJOL.

Embora com atraso, este blog divulga a preemiação recebida pelo servidor padrão da Fundação Oswaldo Lima, Demerval Coitinho, escolhido pelos colegas para receber homenagem no Trianon (uma placa do prefeito Nelson Nahim e um vale de R$ 1.000,00 das mãos da vice-presidente da Fundação, Maria Helena Gomes da Silva). 

A homenagem ao servidor foi promovida pela Secretaria de Administração e Recursos Humanos em cada secretaria, empresa e fundação da Prefeitura. Os servidores de cada pasta votaram nos candidatos de sua preferência e os vencedores tiveram uma noite de gala no Trianon. De parabéns o secretário Fábio Ribeiro pela iniciativa e o prefeito Nelson Nahim, por ter prestigiado o evento, juntamente com todo seu estafe.  

Estrutura estará pronta na quarta-feira



Até quarta-feira, dia 03, a estrutura da VI Bienal do Livro estará pronta. Às 14 horas haverá uma reunião, no local,  com todos os órgãos envolvidos com o evento para acertar alguns detalhes sobre trânsito, estacionamento, horário de abertura (escolas municipais querem a abertura às 09 horas e não às 10, como está diculgado, para atender aos alunos da manhã) etc..  

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Brindes e lanches para jovens do Programa Campos Criança Cidadã

A diretora do Departamento Pessoal da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Euzy Peixoto, representando o presidente da Fundação, Avelino Ferreira, doou nesta quarta-feira (27) brindes e lanches às professoras, instrutores e jovens assistidos pelo Programa Campos Criança Cidadã, no 56º Batalhão de Infantaria, onde funciona o programa da Fundação Municipal da Infância e Juventude, em parceria com a Diocese de Campos.
Na oportunidade, a banda do Programa Campos Criança Cidadã se apresentou executando três músicas. A doação fez parte do Projeto “Adote um Lar”, dentro da programação da XI Semana do Servidor, da Secretaria de Administração e Recursos Humanos. O Programa Campos Criança Cidadã atende 40 adolescentes de 14 a 18 anos incompletos com oficinas de música, marcenaria, padaria e garçonaria.
Euzy cumprimentou todos os adolescentes e passou uma mensagem de fé e esperança para os jovens: “Aqui vocês são acolhidos e bem tratados. Espero que, quando vocês saírem daqui, vocês tenham outras opções de vida. É maravilhoso a gente encontrar oportunidade na vida. Que Deus abençoe os seus caminhos”, falou Euzy.
A pedagoga do Programa Campos Criança Cidadã e representante da Fundação Municipal da Infância e Juventude, Denise Cardoso, disse que esse foi um momento agradável proporcionado pelo poder público. “Essa foi uma iniciativa maravilhosa da prefeitura. Muito obrigado”, falou Denise.




Alguns temas e nomes na Bienal do Livro de Campos

ARENA JOVEM 15h
CAFÉ LITERÁRIO 18h

BOTEQUIM 20h


Alguns nomes da VI Bienal do Livro:

Performances – Teatro e TV: mais uma profissão para você
Michel Melamedd
Maria Helena Gomes
Mediação: Dedé Muylaert

A Ficção Contemporânea
Sérgio Sant´Anna
Ondjaki
Mediação: Suzana Vargas

Artes e manhas da Culinária
Jose Hugo Celidonio
Mediação : Winston Churchill ( Campos)


Falando sério com Thalita Rebouças:
Thalita Rebouças
Mediação: Suzana Vargas

A paixão pelos livros
Ruy Castro
Heloisa Seixas
Mediação: Suzana Vargas


Música Popular Brasileira
Nelson Motta
Mediação: Chico de Aguiar

Violência e drogas: um roteiro previsto?
Guilherme Fiuza
João Estrela

Crônicas do cotidiano
Luiz Fernando Verissimo
Zuenir Ventura
Mediação: Arthur Dapieve


Futebol: Copa de 2014 onde estamos para onde vamos?:
Péris Ribeiro
Maurício Fonseca
Mediação:Wesley Machado

Escrito nas estrelas: Astrologia, Tarot e outros mistérios:
Leiloca
Waldemar Falcão
Mediação:Suzana Vargas


Tributo a Rachel de Queiroz:
Luis Felipe Ribeiro
Marlene Mendes
Mediação: Wilma Oliveira


Jornal & internet: uma morte anunciada?
Cora Ronai
Arnaldo Bloch
Mediação:Victor Menezes


Livros digitais: uma realidade
Carlos Carrenho
Ana Paula Maia
Mediação: Suzana Vargas

Série profissões: Quadrinistas – TRAÇOS & RISO
Fábio Moon
Gabriel Ba
Mediação: Cassio Peixoto

Face a face com Facebook e congêneros:arte, mídia e cultura
Maria Carmem Barbosa
Cláudio Andrade
Mediação: Gustavo Sofiatti


Sexo: Tudo o que você quer saber...
Marcia Tiburi
Laura Muller
Mediação: Frânio Abreu

Poesia e tradução:
Ivan Junqueira
Joel Mello
Lêdo Ivo
Mediação: Suzana Vargas


Viajando na língua portuguesa
Tony Bellotto
Edinalda Almeida
Mediação: Alcir Alves

Poesia e rap:
Gabriel Pensador
Adriano Moura
Mediação: Suzana Vargas

O texto ou a vida: aventuras de médico escritor
Moacyr Scliar
Mediação: Suzana Vargas

Vínicius de Moraes e o amor demais:
José Costello
Zezé Motta
Mediação : Marcia Luzia


Dançar a vida
Ana Botafogo
Mediação: Márcia Cristina Lisboa


Leituras da África Contemporanea
José Eduardo Agualusa
Mia Couto


Poéticas do cotidiano:
Elisa Lucinda
Viviane Mosé
Mediação: Dedé Muylaert


Biodiversidade / ecologia – salvando o planeta
André Trigueiro
Aristides Arthur Sofiatti
Mediação: Martinho Santa Fé


Ferreira Gullar: 80 anos de poesia:
Ferreira Gullar
Mediação:Arlete Sendra


Sexo, amor, casamento, traíção: a escolha é sua:
Domingos de Oliveira
Alberto Goldin
Mediação:Suzana Vargas


Universitários fazem gordas de gado

Do portal R7:

Um grupo de alunos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) realizou uma "competição" de péssimo gosto contra suas colegas em Araraquara, no interior de São Paulo, durante jogos universitários ocorridos entre os dias 10 e 13 de outubro.
A brincadeira, chamada de "rodeio das gordas", envolveria tentar subir em alunas acima do peso. Enquanto isso, outros estudantes "julgam" se o jovem conseguiu montá-la e quanto tempo ficou sobre ela, em uma analogia aos "peões" de gado.
As informações foram veiculadas no Orkut, em relatos de alunos da universidade. Mayara Curcio, estudante de psicologia da Unesp de Assis - mesmo campus no qual estudam os agressores - relatou que as universitárias que serviram de montaria eram chamadas de "gordas bandidas". A abordagem, segundo ela, era feita por um candidato a "peão" em uma conversa, que pegava a estudante de surpresa após ganhar sua simpatia.
A OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil - seção São Paulo) chamou de "inominável" a agressão sofrida pelas estudantes, que foram relatadas também em uma comunidade do Orkut criada pelos agressores. Eles já deletaram as mensagens. O chamado "rodeio de gordas" foi classificado como "ofensivo à pessoa humana" pelo presidente da OAB-SP, Luiz Flávio D'Urso, em nota oficial.
- Além de ofender a dignidade da pessoa, caracteriza ofensa que pode resultar em crime contra a honra, na modalidade de injúria.
Se forem enquadrados no crime, os agressores podem pegar pena de seis meses a um ano de prisão, ou multa.
A agressão, que "faz um simulacro do gado na arena de rodeio", não pode ser tratada como episódio banal, na opinião de D'Urso.
- Negou-se às alunas seu direito mais precioso: a dignidade, que é um valor ético do qual não podemos abrir mão, especialmente dentro de uma instituição de ensino.
A reitoria da Unesp afirma que foi aberto um processo para investigar o caso e identificar os responsáveis pelo bullying. Uma comissão está sendo formada e um parecer deve sair em 30 dias - se for comprovada a culpa dos estudantes, poderá haver punição para os responsáveis. O caso foi encaminhado também para o setor jurídico da universidade.


Comentário de um jovem blogueiro:
A elite que cavalgue quem bem entender


Nossa elite universitária não para de nos envergonhar. O futuro da nação continua nas mãos dos privilegiados que há 500 anos insistem em se comportar como escória. Não, não estou generalizando.
Nosso modelo econômico perverso sempre alojou na cobertura das melhores faculdades os filhinhos de papai e os filhos da mãe. Chegam mal-educados e de lá saem sem aprender nenhuma lição da humildade. Isso nem consta do currículo.
Quanto melhor e mais concorrido o curso, menos chance desse clubinho receber estranhos vindos das classes menos favorecidas. Estudam de graça e depois vão para o mercado de trabalho perpetuar a concentração de renda.
Não há governo que se atreva a enfrentar essa horda limpinha e cheirosa. No máximo, arremedam cotas raciais e prounis para desafogar vagas ociosas de universidades ruins.
Por isso, não me comovo quando vejo, todo santo ano, as mesmíssimas histórias de bullying, homofobia, machismo e violência perpetradas por esses mocinhos ricos e meninas mimadas.
Desta vez, alunos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) organizaram o "Rodeio das Gordas". Durante uma festa, os jovens garanhões disputaram quem ficava mais tempo sobre suas colegas obesas.
O vice-diretor da instituição pública promete "ouvir os envolvidos e estudar as medidas disciplinares". Mas não se preocupem, ele não quer "estabelecer um processo inquisitório". Um educador, não é?
Quero mais é que eles se comam vivos. Nem venham com lenga-lengas pedagógicas, como se estivéssemos tratando de jovens que precisam ser preparados para a cidadania.
Eles estão se lixando para a sociedade que lhes dá o de bom e melhor. Foram educados como senhores do universo, e assim se comportam.
Que lacem e cavalguem suas patricinhas, gordas ou magras, como bem entenderem. Não vamos confundi-los com os estudantes pobres que tentam linchar mocinhas vulgares que se vestem com vestidos curtos e rosas.
São maníacos bem diferentes. A juventude moralista e reacionária que vive à custa de impostos teve todas as oportunidades.
Já os jovens ignorantes e mal vestidos querem subir na vida tendo como referência a elite deste país. Alguém teria um exemplo melhor pra seguir?
(O Provocador - Marco Antonio Araujo)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Índio da Costa, em Campos, promete manter os royalties

O candidato a vice-presidente na chapa de José Serra, Índio da Costa, esteve ontem à noite em Campos, numa reunião bastante concorrida no Parthenon, em Guarus. Otimista, Índio da Costa conquistou os presentes (centenas de pessoas, incluindo vereadores - Altamir Bárbara, Edson Batista entre eles - e alguns secretários municipais) com seu discurso garantindo que, se Serra vencer o pleito, defenderá os royalties do petróleo para os Estados do Rio e Espírito Santo. A partir de hoje, vai aumentar substancialmente o número de carros com adesivos de Serra na cidade.

Reunião ultima preparativos para a Bienal




reunião ontem à tarde no Palácio da Cultura para ultimar os detlahes para a realização da VI Bienal do Livro de Campos. Estavam presentes o empresário Eduardo Sueth e sua equipe responsável pela montagem da estrutura, o major Francisco Melo, da Guarda Civil, o coronel Pascoutto, coordenador da Segurança Pública Municipal, Major Balbi, da Postura, representantes das secretarias de Limpeza Pública, da Emut, da Comunicação, a curadora da Bienal, Suzana Vargas e a equipe da Fundação Oswaldo Lima.

No dia 03, quarta-feira após o feriadão, será realizada uma última reunião com todas as instituições envolvidas com a Bienal na Praça do Santíssimo Salvador, no espaço do Café Literário, para os últikmos detalhes necessários à organização e segurança do evento que ocorrerá de 05 a 14 de novembro.

Estrutura da Bienal terá 170 metros de comprimento




Mesmo com chuva, a montagem da estrutura da VI Bienal continua. Serão 170 metros de comprimento por 20 metros de largura, com duas entradas, uma para credenciados e outra com posto de credenciamento e nove saídas de emergência. Detalhes e programação na próxima postagem.

O Rio "tranquilo de Cabral é uma falácia


Reprodução de O Globo, do blog do Garotinho. Aliás, Garotinho lembra que muitas pessoas dadas como "desaparecidas", na verdade,  foram assassinadas pelos traficantes e milicianos e que, portanto, as estatísticas são piores ainda. Em vez de apenas menos de 8% dos crimes de morte serem elucidados, são menos de 5%. Isso revela que a política de segurança de Cabral é uma falácia.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Garotinho na Diário FM: Rosinha volta

 Garotinho, após um fim de semana com a família quando curtiu bastante a neta Gabriella, que completou um ano de idade, acordou de muito bom humor e participou do programa Café Diário, na Diário FM, com Paulo André e Dagma.
Respondeu às inúmeras perguntas de ouvintes, falou das eleições, da sua expressiva votação, da fuga de Dilma Serra quanto ao compromisso que não querem assumir com o povo do Rio de Janeiro, via proposta do seu partido, o PR e mostrou-se muito à vontade quando discorreu sobre a possível voltade Rosinha à Prefeitura de Campos: "agora, o processo vai ser julgado juridicamente e não politicamente. Tenho certeza que ela volta. O processo contra ela, por ter dado uma entrevista na rádio, não tem nenhum sentido".

Programação da Bienal será divulgada hoje, às 10 horas, no Palácio da Cultura

Avelino conversa com Cairo, um dos responsáveis pela montagem da estrutura.


Começou ontem, domingo, a montagem da estrutura da VI Bienal do Livro de Campos. SErão 140 metros de extensão por 20 metros de largura a parte interna, que será toda climatizada e, além dos estandes com editoras e livrarias, o público terá o Botequim Literário, com palestas de escritores, "canjas" musicais; terá a Arena Infantil, com palestras e apresentações de teatro e música para as crianças; e uma novidade: a Arena Jovem, com palestras e espetáculos para o público jovem. 

Muitos lançamentos de livros de autores locais, nacionais e estrangeiros. A programação completa será anunciada hoje, às 10 horas, no Palácio da Cultura. Esperamos que seja a maior e mais confortável Bienal já realizada e, como disse o prefeito em exercício Nelson Nahim, o evento na praça vai permitir que toda a sociedade de Campos tenha conhecimento e participe do maior evento cultural/literário da região.  

Parabéns, Dona Iris!


"Dona" Iris completou, na sexta-feira, 77 anos. Um almoço com alguns filhos, netos e bisnetos no domingo marcou a data e esta foto do sobrinho, César Ferreira, mostra a alegria dessa mulher de fibra, que saiu do São Salvador para casar-se, aos 17 anos, contra a vontade da mãe, vivendo ao lado de "seu" Antônio por mais de 50 anos, até que o Alzheimer levou o marido.

Nascida em Espiritosantinho, filha de fazendeiros, "Dona" Iris é uma resistente, apesar de uma ponte de safena e as dores profundas por ter perdido uma filha com 15 anos, os pais, vários irmãos, amigos do peito e por ter suportado a rebeldia de seu filho mais velho. Esteio da família, "Dona" Iris é meu grande exemplo de retidão moral. Aliás, ensinou-me que o mais importante da nossa conduta era a honestidade, coisa que hoje é ridicularizada, mas que ainda é motivo de orgulho para ela e para mim.

Parabéns, "Dona" Iris.


Até a Globo, agora, critica o Rio "tranquilo" de Cabral

Do portal G1:

Depoimentos de testemunhas ouvidas pelo "Fantástico" mostram, neste domingo (24), que a milícia - tema do sucesso de bilheteria “Tropa de Elite 2”, filme do diretor José Padilha - é, já há algum tempo, um dos grandes inimigos da população carioca. A reportagem revela o drama das pessoas que denunciaram a atuação desses grupos criminosos formados por policiais corruptos.


“Perdi tudo, perdi tudo. Só peço uma solução, preciso de apoio, porque não tem como eu ficar no Rio de Janeiro, porque a milícia se espalhou”, pede uma testemunha.

“Quero saber se isso vai ter fim porque eu não estou aguentando mais. Dói. Ando para um lado e para o outro, ando com medo. Vejo um carro preto e tenho medo de ter alguém querendo me matar”, afirma outra testemunha.

Um dos relatos da violência do grupo tem como cenário a Favela do Barbante, na Zona Oeste do Rio, onde, em agosto de 2008, os milicianos foram autores de uma chacina. Pelo menos sete pessoas assassinadas. O crime foi um recado dos criminosos para aterrorizar os moradores da região e dominar a comunidade. Era a primeira de uma sequência de execuções.

Uma testemunha conta detalhes da violência praticada pelo grupo. “Ari trabalhava, era dono desse mercado. Ele foi retirado de lá, arrastado pela rua até um campinho de futebol. Foi a primeira das sete vitimas mortas. Era um final de tarde, ainda estava claro. Muita gente viu. Ninguém quer falar ainda, afinal de contas a milícia continua a controlar essa área.”
Mortos depois de presenciarem mortes

Atualmente o mercado pertence a outra pessoa, que é obrigada a pagar aos milicianos para explorar o negócio. Além de exigir pagamento de R$ 50 por semana dos comerciantes, os milicianos faturam também com o transporte alternativo feito pelas vans.

O que aconteceu na Favela do Barbante é parecido com uma das cenas mais violentas do filme “Tropa de Elite 2”, quando um dono de van é executado pela milícia.