Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







quinta-feira, 29 de maio de 2014

Italva comemora o Dia internacional do Homem

Embora o Dia do Homem seja comemorado no Brasil a 15 de julho, época de recesso escolar, parlamentar e, este ano, época de Copa do Mundo, Italva vai marcar a data em agosto, numa sexta-feira, dia 08, antevéspera do Dia dos Pais.

O Dia Internacional do Homem, chancelado pela ONU desde 1999, é comemorado em muitos países, mas a data é 19 de novembro. Italva vai comemorar a data em agosto, pretendendo fazer uma grande festa, reunindo personalidades políticas, empresariais e comunitárias, prestigiando italvenses e expoentes do Estado e de toda região.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Fundação da Villa de Sam Salvador lembrada pela Câmara

(Foto: Check)
Dr. Edson com o bispo Dom Francisco, um dos homenageados 

Campos não comemora o 29 de maio, data da fundação da Villa de Sam Salvador dos Campos, ocorrida em 1677 e, portanto, há 337 anos, 25 anos após a criação da Câmara Municipal, então denominada Senado da Câmara. A exceção fica por conta do Legislativo que lembrou a data, solenemente, no ano passado e neste 2014. 

A Câmara de Vereadores comemorou a data em 2013, com uma peça de teatro - escrita por Winston Churchill - nas suas escadarias. Este ano, porém, a data foi lembrada esta noite (28) com um discurso do presidente do Legislativo, Edson Batista, na Sessão Solene de entrega de comendas, quando vários homenageados receberam as comendas Benta Pereira e Ordem Municipal do Mérito.  

Mais importante que o 28 de Março, data da elevação de Campos à categoria de cidade - juntamente com Niterói e Angra dos Reis - comemorada desde 1989, a fundação da Villa de Sam Salvador dos Campos deveria receber a atenção devida, dado que revela a longevidade da planície enquanto núcleo populacional e econômico dos conquistadores. 

Claro que deveríamos comemorar a criação da Câmara e da matriz de São Salvador, em 1652, por se tratar de datas mais longevas. Vou mais longe: deveríamos comemorar o início efetivo da nossa colonização, em 1633, marco da divisão dessas entre os brancos que exterminaram os índios. E até me atrevo, como alguém que assimilou a cultura do opressor, a advogar a data da doação da Capitania de São Thomé (primeiro nome de Campos) a Pero de Góis, primeiro colonizador: 1536. 

Todavia, entre o que advogo e o que desejam os que podem, a distância é longa e o abismo profundo. Assim, parabenizo o presidente do Legislativo, Edson Batista, que não deixou, em dois anos, a data da fundação da Villa passar sem registro. Hoje, se ateve apenas a um discurso, mas valeu pela lembrança. 

Em seu discurso, Edson lembrou os 337 anos da Villa, os 362 anos da Câmara, A Vila da Rainha com Pero de Góis, a Vila de Santa Catarina das Mós, com Gil de Góis, os Sete Capitães, em 1627, a colonização a partir de 1633 e a criação de gado. Do gado à cana e da cana ao petróleo, tendo Campos contribuído sobremaneira para a economia nacional. 

Não se esqueceu dos grandes nomes da nossa história, citando nominalmente Benta Pereira, no século XVIII, José do Patrocínio, Luis Carlos de Lacerda e Nilo Peçanha, no século XIX, o mesmo Nilo no século XX, sendo governador, senador, embaixador, Presidente da República. E nossos artistas como o próprio Patrocínio e José Cândido de Carvalho, na literatura; Tonico Pereira e Zezé Mota (que se considera campista) nas artes cênicas; Wilson Batista e Roberto Ribeiro na música; Ivald Granato e João Oliveira, nas artes plásticas; e nossos craques do futebol na seleção Brasileira (foram 20 que participaram das Copas), citando o gênio Didi e Amarildo.   

E terminou dizendo que espera que "o 29 de maio nunca seja esquecido. Que a rica história de Campos seja preservada. E que esta Casa continue honrando a nossa terra e o nosso povo, é o que todos nós desejamos". 

terça-feira, 27 de maio de 2014

Câmara firma parceria e proporciona busca de asteroides

Edson Batista e o astrônomo Patrick Miller quando firmaram a parceria

Por intermédio da Câmara de Vereadores de Campos, que realizou sessão solene em abril para recepcionar os participantes do 7º Encontro Internacional de Astronomia e Astronáutica, Campos terá uma campanha exclusiva de busca de asteroides.
Segundo o diretor e fundador da Colaboração Internacional de Busca de Asteroides, Patrick Miller, além de Campos, a cidade de Heidelberg, na Alemanha, vai participar da campanha.
“Esse foi um dos resultados obtidos durante o encontro de astronomia. A parceria com o município só foi possível porque teve a intermediação do presidente da Câmara, Edson Batista”.
Ele disse que 30 escolas públicas de Campos estarão recebendo imagens obtidas pelo telescópio Pan-STARRS no período de 19 de agosto a 23 de setembro. O projeto, que teve início em 2006, tem a participação de mais de 7 mil estudantes de 60 países.
“Foi por meio desse projeto que uma equipe de estudantes realizou a descoberta do primeiro asteroide da Região Norte Fluminense, em 2013. Temos agora grandes possibilidades de ter novas descobertas de asteroides com a participação dos alunos das 30 escolas”, explicou Patrick, destacando que a participação de Campos no programa internacional de busca de asteroides deverá ocorrer pelo menos uma vez por ano, a partir de agora.
Há sete anos que Campos sedia o Encontro Internacional de Astronomia e Astronáutica, sob a coordenação do Clube de Astronomia Louis Cruls, cujo coordenador é o físico Marcelo Oliveira. A Câmara de Vereadores, entre outros órgãos e entidades, apoiam o evento, que é o mais importante do país na área de astronomia, astrofísica e astronáutica e tem a chancela da Unesco.
Cientistas de vários países do mundo se fazem presentes, palestrando e ministrando cursos, além de cientistas brasileiros de diversos estados e universidades.
No último encontro, em abril deste ano, o Legislativo prestou uma série de homenagens a vários cientistas de renome mundial presentes à nossa cidade, além de quatro estudantes de Campos que descobriram o primeiro asteróide na região.
(site da Câmara: camaracampos.rj.gov.br_)

Câmara cria e implanta Escola de Gestão Pública

Presidente do Legislativo, Edson Batista

Após ser aprovada pela Câmara em novembro do ano passado, a lei que regulamenta a Escola Municipal de Gestão do Legislativo (Emugle) foi promulgada pelo presidente da Casa de leis, vereador Edson Batista. A escola desenvolverá atividades educativas de atualização, capacitação e formação na esfera do serviço público.
De acordo com a publicação, a Emugle terá como objetivos promover o desenvolvimento de padrões e técnicas de atendimento dos servidores públicos, para atender à demanda cidadã.
“Toda forma de atendimento será estudada e aperfeiçoada, sejam elas na forma presencial, semipresencial ou por meio de recursos de novas tecnologias de aprendizagem. Para isso, estabelecemos o ensino por Infovia, autônoma ou conjuntamente, mediante convênios com outras entidades públicas ou privadas que tenham a mesma finalidade”, explicou Batista.
A escola dará suporte técnico-científico à identificação das necessidades no atendimento público, além de coordenar Projetos e Programas de Atividades Educativas, aprovados pelo Conselho Educacional da Emugle a serem desenvolvidos pela própria Escola de Gestão.
“Lembrando também que todos que concluírem atividades na instituição serão certificados e a Emugle deverá informar ao órgão responsável pelo registro das informações funcionais dos servidores municipais, para registro da carga horária na ficha do servidor”, disse o presidente Edson Batista.
Todas as técnicas implantadas terão seu desempenho analisado pelo Grupo Gestor de Desenvolvimento (GGD), composto de sete servidores públicos municipais coordenados pelo diretor da Escola. Eles deverão selecionar projetos, programas de desenvolvimento dos padrões e aperfeiçoamento dos serviços, bem como autorizar sua implantação; além de deliberar sobre a agenda e a realização de eventos educativos, cursos, palestras, seminários e demais atividades.
“Para otimizar a aprendizagem, a Emugle irá formar servidores públicos em cada área de atuação, que serão integrados a um processo de desenvolvimento de educação continuada em serviço e considerados cogestores, vinculados à escola como multiplicadores de informação e conhecimento”, ressaltou o presidente da casa de leis.
Também consta na publicação a informação de que o organograma determinando a estrutura administrativa da Emugle será estabelecido, futuramente, mediante lei própria.
Provisoriamente, a instituição iniciará seus trabalhos com um coordenador geral, um assessor jurídico e um assessor administrativo, cargos esses a serem ocupados por funcionários da Câmara e nomeados pelo presidente do Legislativo municipal, sem ônus para a administração pública.
(site da Câmara: camaracampos.rj.gov.br)

domingo, 25 de maio de 2014

Academia de Letras debate linguagem de Zé Cândido na Bienal

A linguagem de José Cândido de Carvalho, quarto e último (até agora) escritor campista a assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (1974) estará sendo debatida hoje, às 16 horas, na Bienal do Livro de Campos que homenageia o autor de O Coronel e o Lobisomem nesta sua 8ª edição.

A conversa será no espaço da Academia Campista de Letras, e o tema é "O olhar da Academia sobre José Cândido de Carvalho", tendo na mesa o presidente da Academia Campista de Letras (ACL), Hélio Coelho e os acadêmicos Arlete Sendra, Fernando da Silveira e Orávio de Campos Soares. 



sábado, 24 de maio de 2014

Golpe de 1964: cassação de Jacyr Barbeto e morte de Barcelos Martins

Quando se fala tanto sobre o golpe militar de 1964 - afinal, são passados exatos 50 anos - vou registrar minha postagem do ano passado sobre a cassação de Jacyr Barbeto e a morte de Barcelos, que também seria cassado. 

Militares vieram a Campos prender Barcelos Martins


No mesmo dia em que o prefeito Barcelos Martins morreu (eram 8:30h do dia 11 de abril, quando ele infartou), os militares e delegado de polícia reuniram-se à tarde, na Câmara, para comunicar que tinham ordens expressas do comando do Exército para prendê-lo, por suas atividades "comunistas e subversivas". 
No dia 13 de abril, a Câmara cassou o mandato de Jacyr Barbeto, do PSP,mesmo partido de  João Barcelos Martins. Não há nenhuma dúvida que, se os militares tivessem encontrado o vereador, ele estaria preso, assim como o prefeito Barcelos Martins, se não tivesse morrido. Mas o presidente da Câmara, Severino Veloso de Carvalho Neto, fez um discurso contra aqueles que diziam que o Legislativo queria cassar Barcelos. 
É óbvio que a Câmara cassou Jacyr Barbeto por ordem expressa das forças da repressão. Só não quis reconhecer que também cassaria Barcelos, que sofreu muito desde o golpe, no dia 1º de abril, até o dia 10, quando procurou os líderes de seu partido para saber o que fazer. E mais ainda quando sua casa foi invadida, na noite do dia 10, com militares de metralhadoras em punho. Foi um golpe para o prefeito, que faleceu na manhã do dia 11.
No mesmo dia 11 a Câmara deu posse ao vice-prefeito, então do PTB, Rockfeller Felisberto de Lima. À tarde, o presidente da Câmara reuniu os vereadores e o prefeito recém empossado para ouvir as forças da repressão, lideradas pelo capitão João Pessoa Sales, que havia chegado do Rio de Janeiro para levar Barcelos Martins preso.  Suas ordens, segundo o próprio, era para levar Barcelos "imediatamente ao Rio e entregá-lo ao Serviço Secreto do Exército", que tinha um dossiê que o incriminava por suas atividades subversivas.
Pressionado pelos militares, Rockfeller prometeu agir para impedir que pessoas "sabidamente seguidoras do credo vermelho, continuassem no serviço público. No mesmo dia 13, após a cassação de Jacyr Barbeto, a Câmara aprova votos de regozijo pela eleição do presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo BRanco e seu vice, José Maria Alkmin. E o vereador Júlio Nogueira fez constar dos anais da Casa o artigo de Hervé Salgado Rodrigues, dono de A Notícia, no qual criticava duramente os comunistas.

Agora, a Câmara, por proposição do Dr. Edson Batista, que a preside, devolve à família de Jacyr Barbeto o seu diploma de vereador. Uma atitude digna de quem reconhece o erro histórico cometido pelo Legislativo a mando das forças da repressão. E faz justiça a um dos maiores líderes sindicais de Campos, tendo sido o vereador mais votado na eleição de 1962. É um ato simbólico, mas altamente relevante do ponto de vista histórico.

Thiago Freitas autografa seu "Opinião e Crime" na Bienal

Capa do livro de Thiago Freitas sobre minha prisão, em 2003

O jornalista Thiago Freitas autografa hoje, no estande da Associação de Imprensa Campista, na Bienal do Livro de Campos, seu livro Opinião e Crime, contando minuciosamente a história da minha prisão em 2003, que ficou caracterizada internacionalmente como "crime de opinião".

A obra é ilustrada com dezenas de fotos - na OAB/Rio, na ABI, no Congresso Nacional, na Câmara de Vereadores e de manifestações populares - no desfile do Sete de Setembro, no Calçadão, em frente ao presídio - e com participação de Edson Batista, Garotinho, Sérgio Diniz, Renato Barbosa, intelectuais, poetas, atores de teatro, fotógrafos e jornalistas.

Vale a pena um bate-papo com o autor do livro que me conheceu justamente na ocasião em que fui preso e, 10 ano depois, insistiu para registrar o que ele considera um momento histórico e único na minha vida e na cidade de Campos. Logo depois, a Lei de Imprensa, na qual fui enquadrado, foi extinta e a cadeia tornou-se um presídio feminino. 

A pesquisa de Thiago traz à tona os fatos, as versões dos atores envolvidos, o apoio recebido pela minha esposa e Di Donato e Sofia Vece, que estavam à frente do movimento, a repercussão nacional e internacional (com a ONU, OEA, Repórteres Sem Fronteiras), com matérias de jornais e sites de notícias os mais diversos. 

Aproveito para dizer que aquela condenação e prisão fazem parte da minha vida de derrotas na luta por uma sociedade mais justa, baseada nos princípios do Direito, da Ética, e não unicamente da Lei, pois esta, quase sempre, favorece o statu quo e mantém o sistema que sustenta a burguesia desde as revoluções dos séculos XVII e XVIII, quando os burgueses assumiram o poder.  



sexta-feira, 23 de maio de 2014

Nova edição de biografia de Zé Cândido lançada na Bienal

 (Fotos: Viviane Terra)

Dr. Edson Batista prestigia o lançamento
 
No lançamento do livro José Cândido de Carvalho, Vida e Obra - Edição do Centenário - no estande da Associação de Imprensa, na Bienal do Livro, compareceram muitos amigos (maioria dos quais já haviam adquirido a primeira edição, em 2004) que foram me prestigiar. Agradeço a todos e posto as fotos de alguns (não dá para registrar todos eles).


Alcir Alves, um dos organizadores da Bienal

Anthony Matheus

Carlos Roberto Freitas, diretor do Arquivo Público Municipal

Wilson Heidenfelder, diretor de Multimídia da Câmara

Joilza Rangel, secretária de Trabalho e Renda

O amigo Juca Pinto da SubWay

O grande pescador, meu amigo Marcelo Fernandes

com Winston Churchill (que dispensa apresentação) 
no corredor central da Bienal

A poeta Sol Figueiredo

Sylvia Paes, com seu Ururau. 
Ela é uma das responsáveis pela bela obra sobre a vida de Zé Cândido

Entrevista a Viny Soares 

Minha amada esposa e companheira. 
Também responsável pela pesquisa que redundou no livro sobre Zé Cândido

O amigo cineasta e fotojornalista Wellington Cordeiro

Meu irmãozinho jornalista Wesley Machado

Marlem e Joilza

Antonio Filho e Telmo Filho me entrevistando

José Cândido, o jornalista que poucos conhecem



Artigo escrito originalmente para o jornal da AIC
Quando se comemora o centenário de nascimento de José cândido de Carvalho, quarto imortal da Academia Brasileira de Letras e o maior expoente das nossas letras, tendo alcançado parte do mundo com apenas dois romances que escreveu durante toda sua vida – o terceiro, Rei Baltazar, ele não chegou a concluir – um dado importante parece escapar aos escribas daqui, ali e alhures: Zé Cândido era, antes de tudo, jornalista.

Para fazer gosto ao pai, Zé Cândido formou-se em advocacia. Desistiu da profissão logo no primeiro caso. Prezava tanto o diploma de advogado que perdeu-o. Porém, amava o jornalismo. Desde os tempos de rapaz (16 anos) atuava em jornais. Primeiro, como revisor em O Liberal que, segundo o próprio Zé Cândido, “era um jornalzinho de cavação, picaretinha” que, depois, “veio a morrer de fome, coitadinho, na beira da calçada”.

Depois, “vendo que não dava para nada, eu digo: eu vou dar para alguma coisa. Então, vou escrever”, conta o imortal campista para a jornalista Maria Cláudia, em depoimento para a Academia Brasileira de Letras, em 1987, dois anos antes de falecer. 

Brinca: “escrevia por necessidade, porque eu não gosto de escrever. Acho escrever horroroso. Até hoje, acho escrever uma coisa chatérrima, É uma violação. Eu escrevo porque preciso”. Ele também se dizia um escritor copioso: “quer dizer, um escritor torrencial, que bota o papel na máquina – tá, tá, tá, tá – e dali a pouco está um livro. De jeito nenhum. Não dá pra mim. Para eu fazer um livro é uma desgraça. Eu morro em cima do livro. Faço uma página, no dia seguinte não gosto, volto a fazer. Daí você vê, eu publiquei o Coronel em 1964 e,  25 anos antes, eu tinha escrito esse pequeno romance Olha para o céu, Frederico!. Então, de 25 em 25 anos eu escrevo um livro...”

Entre 1930 (quando tinha 16 anos) e 1937, José Cândido de Carvalho trabalhou no já dito Liberal, na Folha do Commercio, O Dia, Gazeta do Povo e Monitor Campista. Casou-se em 1936 e, em 1937, nasce sua primeira filha, Laura Lione. Vai para o Rio de Janeiro e, convidado pelo filho de Alzira Vargas, Vargas Neto (neto de Getúlio Vargas que, naquele ano, impõe ao povo brasileiro uma ditadura), inicia suas atividades na capital, como jornalista de A Noite, jornal com quatro edições diárias.
Tendo como diretor do jornal o português Vasco Lima, amigo dos Vargas, José Cândido tornou-se um notório jornalista, com sua maneira peculiar (única) de entrevistar. Observava o entrevistado, o ambiente ao redor e escrevia suas impressões. Os curiosos poderão ler Ninguém Mata o Arco-Iris, livro de entrevistas escolhidas entre as centenas escritas por ele nos jornais que atuou, inclusive como editor da revista O Cruzeiro.

Um exemplo de quando o jornalismo ainda tinha estilo, nos dá José Cândido. Ao entrevistar, em 1967, Chico Buarque, no auge a fama de A Banda, escreveu o papa goiaba: “agora, com o estrelato a tiracolo, Chico não mora mais em São Paulo nem no Rio. Em verdade, não mora. Circula. Tem apartamento na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. É uma peça simples, sem prosopopeias, muito ao jeito do seu dono. Visto assim sem cartão de visita, Chico parece feito tecnicolor: tem olhos verdes e sol de praia no rosto. Vou falando com ele, Chico de 1967. Enquanto afina o violão, diz: _ tenho uma conversa chata que é uma beleza!...

Cá entre nós, o que Chico não tem é conversa. Fala aos pouquinhos, como quem quer poupar palavras. E gosta de passar as mãos sobre os cabelos. Dou uma olhadela pelo seu pequeno mundo de cimento armado. Vejo na parede um retrato a carvão de um certo político brasileiro. _ Admiração, Chico? _ Não. Raiva.

Chico, como a Bíblia, diz que há tempo para tudo. Já houve nele o tempo de Bach. Agora, chegou o tempo de Beethoven. E é fumando cigarros Luis XV que ele fala do homem da Sonata ao Luar. Fala manso, talvez para não espantar Beethoven, que está derramado em seu sofá em forma de disco.
Da rua, sem pedir licença, vem uma rajada intrometida de iê-iê-iê. Beethoven aproveita a ocasião para ir embora. Chico não gosta de iê-iê-iê, mas não tem raiva dos que gostam dessa orquestra de gatos. Compreende. E até acha preferível Roberto Carlos a Elvis Presley. Justifica: _ Pelo menos esse é brasileiro. A gente não precisa consumir dólares com ele. Chico não diz, mas, pelo jeito, gostaria de passar pelo moedor de carne todo o iê-iê-iê da praça”.  

Como hoje, via de regra, jornalismo não paga mais que o aluguel, e José Cândido tornou-se assessor político. Foi servir a Amaral Peixoto, genro de Vargas e comandante da política fluminense. Foi também redator do Departamento Nacional do Café. Mas não perdeu o vínculo com o jornal A Noite e, ainda, assumiu em 1942 a redação do jornal O Estado. Em 1957, A Noite encerrou suas atividades e José Cândido foi convidado e assumiu o copidesque da revista O Cruzeiro, à época, a de maior circulação no país. Logo depois, assume o lugar de Odylo Costa, filho, como editor internacional da revista.  Tornou-se, também, colaborador do Jornal do Brasil, onde escrevia crônicas. Escreveu na revista A Cigarra, a convite de Herberto Sales. 

Quando saiu de Santa Teresa e foi morar no bairro do Fonseca, em Niterói, elaborou seu romance O Coronel e o Lobisomem, que lançou em 1964. Porém, fez amizade com o Alberto Torres, dono de O Fluminense, jornal de circulação estadual com sucursais em vários municípios, inclusive em Campos. Passou a escrever para o jornal e, anos depois, para o Monitor Campista, A Notícia, de seu amigo Hervé Salgado, e a Folha da Manhã, fundado em 1978. 

Enfim, o José Cândido, filho único de Bonifácio de Carvalho e Maria Cândido de Carvalho, nascido em Campos por acaso (já na barriga da mãe, ia para a Ilha da Madeira quando uma revolta dos negros da ilha forçou seus pais a atravessar o Atlântico e vir morar em Campos, onde residia um irmão de seu pai), na véspera de São Salvador, 05 de agosto e no dia da eclosão da I Grande Guerra, foi um grande jornalista. E, nas comemorações de seu centenário de nascimento, recebe de seus colegas de imprensa, esta matéria como homenagem.
Avelino Ferreira
(A interessante história de José Cândido encontra-se unicamente no livro que escrevi sobre ele: José Cândido de Carvalho, Vida e Obra e que será lançado, em segunda edição, nesta sexta, às 17:30, no estande da AIC na Bienal)

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Biografia de Zé Cândido no estande da AIC na Bienal


Vou lançar na sexta-feira, às 17:30h, no estande da Associação de Imprensa Campista, na 8º Bienal do Livro de Campos, convidado que fui pelo presidente daquela entidade, Vitor Menezes, a segunda edição da única ou a mais completa biografia do escritor e jornalista campista e imortal da Academia Brasileira de Letras, José Cândido de Carvalho.

O livro é o mesmo lançado em 2004, acrescido de uma apresentação da doutora Arlete Parrilha Sendra, uma das maiores catedráticas na linguagem do autor de O Coronel e o Lobisomem. Registro que a edição é limitada (limitadíssima) pois foi feita apenas para o Centenário de José Cândido. E vale a pena ser lida e ruminada.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Vitor Menezes lança livro na Bienal nesta quinta

Vitor Menezes homenageado pela Câmara 
(placa entregue pelo vereador Kelinho)
 
A editora E-Papers lança na próxima quinta-feira (22/05), às 20h, o livro Eu transaria com mortos, de Vitor Menezes. O lançamento será realizado no estande da livraria Honey Book na 8ª Bienal do Livro de Campos, no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop).

A obra reúne 20 crônicas e 20 contos, que têm, em sua maioria, a presença de uma relação sutil entre o cotidiano e o absurdo.

"A crônica que dá nome ao livro atesta o absurdo que pode se tornar uma prosaica reunião entre colegas de serviço, quando a linha tênue entre desabafo e fuleiragem é desdenhada", atesta, no prefácio, o jornalista e escritor Jorge Rocha.

"O humor cotidiano, presente na melhor crônica brasileira, é incrementado com doses de excentricidade até o limite do verossímil. E assim permanece, também camuflado de sarcasmo e singeleza, planando perene até nos momentos mais fustigantes", complementa o também jornalista e escritor Felipe Sáles.

Vitor Menezes é jornalista, escritor e professor universitário. Nasceu e mora em Campos. Também publicou o livro Daqui desse lugar: 100 artigos sobre jornalismo, política e pertencimento (E-papers) e organizou, junto com Jorge Rocha, a coletânea Contos da Terra Plana (Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima).

terça-feira, 20 de maio de 2014

Câmara e Diocese assinam termo de cooperação para publicação de livro sobre padres vereadores

 (Fotos: Check)
Dom Roberto e Edson Batista firmam parceria

para publicação de livro sobre padres vereadores

assinam a comissão composta por Auxiliadora Freitas (Presidente), 
vereadores Marcão e e Rafael Diniz 
e a chefe da biblioteca virtual da Câmara, Dilcea Smiderle 

O presidente da Câmara de Campos, Edson Batista, Na tarde desta terça-feira (20),  recebe a visita do bispo Roberto Ferreria Paz. O encontro, às 16h, tem como objetivo a assinatura de um termo de cooperação e parceria para a produção de um livro sobre padres que exerceram o cargo de vereador ao longo da história do Legislativo campista.

“A parceria entre a Diocese e a Câmara vai permitir que seja feito um estudo detalhado para chegarmos aos nomes e suas respectivas histórias. Vamos repetir com os padres o trabalho que está sendo feito com os médicos, para a publicação de livros com nomes importantes para a formação da nossa sociedade”, explicou Edson Batista.

A lista se inicia no ano de 1833, entre os mais conhecidos, destaque para Antônio Ribeiro do Rosário, o padre Rosário. Conhecido por fundar o Colégio Eucarístico e construir a Igreja de Nossa Senhora do Rosário do Saco, ele foi vereador durante 35 anos e faleceu em 7 de março de 2003, aos 93 anos.
A Diocese e a Câmara chegaram a firmar neste ano outro termo de cooperação para criação, planejamento e execução do “Projeto de elaboração do Plano de difusão e fortalecimento da cultura campista por meio do fomento ao turismo religioso na Baixada Campista”.

A exemplo da Jornada Mundial da Juventude, evento da Igreja Católica promoveu ano passado, no Rio de Janeiro, Dom Roberto acredita na possibilidade de fomentar este modelo de turismo, valendo-se de atrativos culturais de nossa cidade, como a caminhada de Santo Amaro, a Cavalhada, dentre outros, colocando-os em evidência nacional.

Da assinatura do termo de cooperação participaram Dr. Edson Batista, Dom Roberto Ferrería Paz, Auxiliadora Freitas, Rafael Diniz, Dilcea Smiderle e o superintende da Câmara, Avelino Ferreira. 

Câmara oferece maior prêmio da região para monografias

Prêmios de cultura: Câmara continua inscrevendo

segunda-feira, 19  de maio de 2014    -     Foto: Saulo Garcez / Campos 24 Horas

As inscrições podem ser feitas diretamente na Câmara Municipal de Campos

Câmara Bonde da história Avelino
Avelino Ferreira

As inscrições para o “Prêmio de Cultura Amaro Prata Tavares” e o “Prêmio de Cultura Múcio da Paixão” podem ser feitas até o dia 31 deste mês. O primeiro tem como tema “A imprensa no século XIX”; o segundo, sobre a “Vida e obra de José Cândido de Carvalho”, autor campista cujo centenário se completa no dia 5 de agosto.

Para o diretor da Câmara de Vereadores de Campos, Avelino Ferreira, os prêmios contam com as maiores premiações do interior do estado do Rio de Janeiro. “Além das premiações os ganhadores também terão seus trabalhos publicados. Ainda dá tempo de se inscrever e participar”.

Ferreira lembrou a importância dos temas. “Sobre a imprensa nossa intenção é recuperar a memória dessa fase histórica do município e reunir trabalhos para contar diferentes fases de forma atual. Já sobre José Cândido, vamos comemorar seu centenário relembrando sua vida e tudo o que ele fez”, afirmou.

As inscrições podem ser feitas diretamente na Câmara Municipal de Campos, na Avenida Alberto Torres, 334. Para o Múcio da Paixão os trabalhos deverão ser apresentados nas formas de monografia e redação. Já no Prata Tavares será somente no formato de monografia.

O Prêmio Múcio da Paixão será dividido em duas categorias. Para a modalidade Monografia poderão se inscrever pessoas de qualquer sexo, idade, nacionalidade, formação ou profissão. Enquanto para a modalidade Redação, somente estudantes do ensino fundamental e médio das escolas públicas de Campos. Os trabalhos devem ser de autoria do participante inscrito, inéditos e originais.

A premiação ficou dividida da seguinte forma, o vencedor da melhor monografia será premiado com dez salários mínimos. Já a melhor redação de nível médio receberá três salários mínimos e a melhor redação de nível fundamental o equivalente a dois salários mínimos.

Pessoas de qualquer sexo, idade, nacionalidade, formação ou profissão podem se inscrever no Prêmio Prata Tavares. Os trabalhos devem ser de autoria do participante inscrito, inéditos e originais. O vencedor da melhor monografia receberá cinco salários mínimos. As solenidades de premiação dos dois concursos ocorrerão no dia 5 de agosto durante sessão especial na Câmara.

Todas as informações sobre os concursos estão em no site da Câmara, cujo endereço é  www.camaracampos.rj.gov.br. Para baixar o regulamento, abra a janela de Cultura, entre em Regulamentos dos Concursos Culturais e escolha sobre qual deseja saber mais.

(Matéria do Campos 24 Horas)

sábado, 17 de maio de 2014

Um pouco sobre Zé Cândido, homenageado pela Bienal



Zé Cândido por ele mesmo

Muito há de escritos sobre a obra de José Cândido de Carvalho. Pouco sobre ele. Ultimamente, vários escritos sobre o nosso escritor de maior projeção têm surgido, mas nenhum se compara à biografia que fiz dele, lançada em 2004 e reeditada agora para seu centenário de nascimento. Com 368 páginas, José Cândido de Carvalho, Vida e Obra, acrescido de um dito da doutora e maior conhecedora da linguagem do autor de O Coronel e o Lobisomem, Arlete Parrilha Sendra, vai ser motivo de bate-papo no estande da Associação de Imprensa Campista, na Bienal do Livro. 

Vou porque fui convidado pelo presidente da entidade, Vitor Menezes. Também o presidente da Academia Campista de Letras, Hélio de Freitas Coelho faz questão da minha palavra sobre o nosso Zé no estande daquela entidade. Então, vou lá também. E, para que os poucos leitores deste blog conheçam um pouco (quase nada) de José Cândido, transcrevo do livro este pequeno trecho:  

“A minha infância foi como a de qualquer gente, de qualquer menino sem poder aquisitivo. Campos, no Estado do Rio, naquela ocasião, era uma cidade muito rural. Basta dizer que passavam bois pela minha rua. E era uma cidade de encantos mis: havia lobisomens nas casas, havia flores nos jardins – e flores também encantadas, flores maravilhosas. Enfim, uma infância como outra qualquer.

Nunca vi disco voador, nunca vi lobisomem (apesar de ser especialista e ter escrito sobre lobisomem, nunca vi). Mas tenho certeza de que há lobisomem. Tenho notícia de que um coletor federal em Campos era lobisomem. Ele desencantou anos depois, mas tenho certeza de que era um lobisomem. Essa paisagem teve muita influência sobre minha obra. As lendas, aquela vastidão, aquela solidão dos Campos dos Goitacases (ele escrevia com “i” e “s”), aquilo me marcou muito”.
Sobre seus estudos, disse José Cândido:

Tive uma vida escolar muito irregular. Filho de pais pobres, cursei escolas públicas e fui expulso de várias delas. Não me dava bem e era expulso por ser irrequieto. Lembro-me que, numa delas, a professora chamou minha mãe e disse: “esse menino é muito burro, isso não pode, esse menino é burro demais. Em concurso de burro, ele ganha de qualquer um”. Então, eu me desliguei dessa escola e comecei a tomar aulas particulares porque meu pai melhorara um pouco de vida. Terminei o meu curso primário e fui para o Liceu de Humanidades de Campos, onde não cheguei a fazer o curso todo. Fui completar o curso no Rio de Janeiro.

Fiz Direito porque meu pai achava muito bom. Ele nem queria o diploma. Queria a beca. Principalmente o retrato, que tinha muita importância: “meu filho é doutor!” E realmente fui doutor durante algum tempo em Campos, na minha terra. Mas não tinha jeito, porque para ser advogado tem que ter jeito especial: é preciso falar bem, e falo pessimamente... engasgo, sou meio gago. Fui defender um camarada, quase condeno o sujeito. Sou um péssimo orador. Mesmo na Academia Brasileira de Letras, onde estou há sete anos, só falei no dia em que me empossei, nunca mais”.

Para explicar que é caipira, gosta da roça, de sossego, José Cândido disse que é uma pessoa inculta:

“Na minha infância, em Campos, eu morava numa casa meio de roça. Quando chovia muito a minha casa ficava uma ilha. Eu não tinha outra coisa a fazer a não ser ler jornais velhos. Até gostava, porque ficava sabendo dos acontecimentos de um mês em um dia. Começava a ler de manhã o jornal do começo do mês. Lia o primeiro jornal, o segundo, e quando chegava a noite, já tinha o resultado do acontecimento. Lembro-me muito bem que houve uma grande luta de boxe entre Gene Tunney e Jack Dempsey, lá pelos anos de 1925, 1927. Comecei a ler pela manhã o primeiro jornal do desafio: “Daqui a um mês, daqui a quinze dias, amanhã vai haver a luta”. Até que, à noite, cheguei na luta em que o Tunney ganhou do Dempsey o Campeonato Mundial de Boxe.

Não sou uma pessoa muito culta, não. Sou uma pessoa inculta. Não sou de grandes leituras, leio o necessário. Acho que, para o romancista, ser muito culto até atrapalha: saber como era Balzac ou como Proust trabalhava. O que me interessa é a obra deles e eu as li. Também atrapalha muito saber português: o mecanismo da língua, a língua em sua origem e suas raízes. Como sou filho de portugueses, tenho no ouvido a boa colocação de pronomes. Foi uma luta para despronomizar. Achava muito chato apenas copiar a linguagem de meu pai e de minha mãe”. 

Este trechinho do livro e do dizer de Zé Cândido sobre si mesmo só no meu livro que tem muito mais dele sobre ele. Além, é claro, de tudo que foi pesquisado por mim, pela pedagoga Viviane Terra e a historiadora Sylvia Márcia Paes. 

A edição do livro é limitadíssima. Quem quiser, realmente, saber sobre Zé Cândido, é só adquirir o livro na sexta-feira, dia 23, no estande da AIC. A não ser que eu tenha patrocínio para outra edição. Ou uma editora se interesse pela melhor biografia já escrita sobre nosso escritor. Mas isso é sonho, pois não tenho fama suficiente para gerar interesse de editoras nem vou sair por aí pedindo reconhecimento.