O senador Cristóvam Buarque
publicou artigo no qual faz uma analogia entre a saída do Reino Unido da União
Europeia e a falta de investimento na educação no Brasil. Para ele, a
Inglaterra prefere o passado, assim como o Brasil, que gasta mais da metade de
seu PIB com o passado (pagamento de juros da dívida, isenções fiscais para
empresas, previdência etc.) do que com o futuro que, para ele, seria na
educação.
Com efeito, a maioria que
preferiu a saída da Inglaterra da União Europeia é constituída de idosos,
enquanto a grande maioria da juventude preferiu a continuação no plebiscito
realizado há pouco. E, no Brasil, desde sempre, preferimos gastar nosso
dinheiro no passado. Somos um país emergente que não fizemos as reformas de
base em 1964, evitando o desenvolvimento e a participação de todos na riqueza
gerada (PIB). Na mesma época a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
disse não às reformas e desintegrou-se. Preferiu o passado.
Ao fim da ditadura militar no
Brasil, Brizola e Darcy Ribeiro reiniciaram a campanha pelas reformas de base,
sendo a primeira delas a Educação. Deram exemplos, mostrando que não só era
possível, como por demais necessário, a escola boa e de dia inteiro. Foram
criticados veementemente por todos, inclusive pelo Partido dos Trabalhadores e,
pasmem, pelo professorado.
Nosso PIB cresceu, mas a
mentalidade das nossas lideranças continuaram a mesma, retrógrada, voltada
sempre ao passado. Muitas querem, mesmo hoje, mais violência, mais mortes, um
retorno aos tempos da ditadura militar e a ampliação do abismo entre ricos e
pobres.
Há muitos anos defendo a
federalização da Educação. Não há que se responsabilizar estados e municípios
pela educação. A maioria dos municípios mantém-se devido ao Fundo de Participação
dos Municípios, pois não arrecadam sequer para manter a estrutura administrativa,
quando mais para investir em educação e pagar o professorado.
Há pouco tempo, Cristóvam Buarque
apresentou projeto de lei propondo a federalização da Educação. Sequer é
apreciado. O nosso professorado, mal formado e constituído de ingênuos
politicamente, nem sabe o que é isso. Está preso ao passado.
E é o senador que nos informa
aquilo que já sabemos e não nos cansamos de denunciar, embora não sejamos
ouvidos: em 2015, pagamos R$ 502 bilhões de juros por dívidas financeiras
contraídas no passado e investimos apenas R$ 68,5 bilhões na construção de
infraestrutura econômica no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). Gastamos mais com o passado do que com o futuro. E, no futuro, ou seja,
na Educação, pouco mais da metade do que pagamos de juros da dívida.
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