Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Rita Lee e a PM de Aracaju


A excelente compositor e cantora Rita Lee, hoje com 67 anos, mostrou mais uma vez sua coragem e irreverência ao criticar duramente os policiais militares de Aracaju, no show de sábado, 28, que ela anunciou ser o último de sua carreira.

Quando os policiais militares foram à frente do palco admoestar alguns jovens, ela pediu que eles não fizessem aquilo, que não usassem de violência, que os jovens nada faziam demais etc.. Como os PMs continuaram, ela usou de palavras cada vez mais fortes, refereindo-se a eles como "cavalos", "filhos da puta", "cachorros", lembrando que o show era dela, que tinha 67 anos e era do tempo da ditadura e não tinha medo.

O comando da PM pensou em dar-lhe voz de prisão na hora, logo no início do show. Mas pensou melhor e, temendo uma revolta do grande público presente, aguardou o fim do espetáculo e conduziu-a À Delegacia local para que prestasse esclarecimentos e o caso ficasse registrado. Ela foi acusada de ofender a corporação militar e fazer apologia às drogas.

Além de sua prisão (ela foi conduzida à delegacia, com seu advogado, em carro próprio, dirigido por um PM, foram registradas apenas quatro ocorrências, sendo três por uso de entorpecentes por parte de alguns jovens e uma por uma briga sem maiores consequências. Ou seja, não se caracterizou nenhum tumulto, nenhum caso grave que justificasse a ação da PM na frente do palco, logo no início do show.

Quem conhece Rita Lee sabe que ela não se calaria ante a ação dos policiais. Quando fizeram a abordagem aos jovens, fãs que estavam na frente do palco, estavam em grupo e, como todos sabem, com a arrogÂncia de sempre. A cena foi filmada e um vídeo foi divulgado pela rede social.

Que Rita Lee ofendeu os policiais, não há dúvida alguma. Mas a partir de uma ação que poderia ter sido evitada. Com os ânimos menos acirrados, passado o episódio, sabe-se que Rita Lee reconheceu as ofensas que, todavia, segundo ela, foram justificadas pela ação da PM. E sugeriu que ficasse "o dito pelo não dito". Ou seja, o caso fica encerrado e é mais um episódio que deve entrar na sua biografia (principalmente se for mesmo o último show de sua carreira) e, no caso da PM de Aracaju, mais um registro de de como "esses artistas são abusados".

Claro que o comandante da PM vai insistir com o processo contra a cantora, em defesa de sua corporação. Na verdade, deve prosseguir para evitar as ironias. Mas sabe que não haverá maiores consequências. pelo menos dirá, cheio de orgulho, que um dia prendeu Rita Lee. Já é um feito para contar para seus netos...

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