Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Amigos a parentes dão o último adeus a Avelino Leôncio

O corpo de Avelino Leôncio Pereira Gomes, 67, foi sepultado há pouco na urna da família no Cemitério do Caju. Amigos e parentes deram o último adeus numa cerimônia revestida de simplicidade. Diferentemente do que fui informado hoje cedo, ele não morreu de infarto, mas sim, por causa do rompimento de um aneurisma no abdômem, segundo seu irmão, César Ronald Pereira Gomes, que é médico.

Também, na pressa, errei o nome de sua mãe, já falecida, Dona Dalva (escrevi Vanda na postagem anterior, mas já corrigi).

O jornalista Sérgio Escovedo, 63, recém chegado do Rio, foi ao velório e ao sepultamento. Amigo de Avelino e César Ronald, Sergio disse que não poderia receber notícia pior. Chegou, foi visitar Ronaldo Sobral, na livraria Livro Verde e, todo alegre porque está voltando para Campos, encontrou Ronaldo muito triste (Ronaldo era amigo de Avelino e de toda sua família). "Aí é que fiquei sabendo da morte de Avelino e vim direto ao cemitério".

O subsecretário de Governo, Alcimar Ferreira, amigo de Avelino e César desdea década de 1970, estava lá, assim como outros da "velha guarda" que foram dar os pêsames à Julieta, esposa de Avelino e o filho, Mariano, que mora no Rio.

Com César Ronald, lembramos alguns momentos marcantes da história de Avelino (César não gosta de falar da prisão e tortura do irmão no período mais duro da ditadura militar). Eu, ele, Jorge Freitas, Rosemary Lopes de Carvalho e Ivan Senra formamos um grupo de combate aos usineiros e todos os demais exploradores da classe operária. Foram anos de muita luta e muita ousadia, pois desafiávamos os poderosos sem nenhuma cobertura.

Depois, fundamos o PTB que, or um golpe de Golbery, foi entregue a Ivete Vargas e criamos o PDT, seguindo os passos do Brizola. Alcimar, meu irmão, fez parte do grupo que se reunia no escritorio de Ivan Senra, na Avenida XV de Novembro.

João de Souza, Adão Pereira Nunes, Irineu Marins, Olavo Marins, José Maurício (que era deputado), Beth Araújo e Magdala França Vianna passaram a integrar o grupo político. Mas as ações nas portas de usinas, ônibus de bóias-frias e sindicatos ainda eram protagonizadas por aquele grupo inicial. Garotinho e Fernando Leite particiaram de muitos movimentos com o grupo, mas depois, fundaram o PT. 

O PDT não conseguia sensibilizar a população, que temia o Brizola, que era "comunista" e comia criancinha no almoço. Muita gente acreditava nisso, principalmente as mulheres. Antevendo a inviabilidade do PDT, o grupo (Alcimar participava) reuniu-se lá em casa e decidiu, numa madrugada qualquer, ir ao Rio e dizer ao Brizola que o correto era integrar as fileiras do MDB (então já PMDB). E foi. Eu não aceitei a idéia, pois rejeitava o MDB e tudo que ele representava (uma falsa oposição). Mas o grupo foi, falou com o Brizola e, retornando a Campos, acertou om Walter Silva e ingressou no Diretório do PMDB que estava se formando. 

Mas não deu certo. Pouco tempo depois, estavam todos na luta para o fortalecimento do PDT. Com o início da democracia e as discussões eleitorais tomando o espaço da discussão política (como até hoje), o grupo se desfez na era Sarney. E Avelino Leôncio afastou-se de vez das ruas. Retornou ao seu emprego na Caixa e se recolheu. Sofreu um infarto, recuperou-se bem e levava uma vida tranquila. Até agora, quando esse aneurisma rompeu e perdi um grande amigo, a quem admirava. Raciocínio rápido e incomum e um conhecimento da história política extraordinário.

Seu filho, Mariano, vai lutar para que seu pai, mesmo agora, seja anistiado. Tomara que consiga para que, mesmo após sua morte (como, aliás, ocorreu com muitos companheiros da resistência), a justiça seja feita.

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