Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sexta-feira, 26 de abril de 2013

Hélio Coelho vai falar sobre Jacyr que terá diploma restituído

Hoje, amanhã e depois tem carnaval em Campos, com desfiles de blocos e escolas de samba no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto. A mídia virtual, impressa, falada e televisada volta-se para a festa popular e com razão, inclusive pelas atrações cariocas nas três noites de folia no Cepop. 

Todavia, na terça-feira, dia 30, às 17 horas, a Câmara de Vereadores de Campos vai promover um ato histórico de grande importância para a nossa memória política. Trata-se da restituição simbólica do mandato do único vereador cassado por pressões da ditadura militar: Jacyr da Silva Barbeto.

Ferroviário, líder sindical corajoso, Jacyr ingressou no mesmo partido de Barcelos Martins e Adão Pereira Nunes e elegeu-se vereador em 1962, sendo o mais votado naquele pleito. Com o golpe de 1º de abril de 1964, Adão teve seu mandato de deputado federal cassado, Barcelos Martins seria preso no dia 11 se não tivesse morrido de infarto fulminante na manhã daquele dia, e Jacyr Barbeto, fugido desde o dia 1º, foi cassado no dia 13.

Leonel Brizola, por sugestão do deputado e então secretário de Transportes do Estado, Brandão Monteiro, nomeou Jacyr Barbeto como diretor da 2ª Ciretran em Campos. Na tentativa de acabar com a corrupção no órgão, Jacyr feriu interesses diversos e teve sua casa invadida. A Ciretran também foi arrombada. Ameaçado, o destemido Jacyr continuou e foi morto num acidente automobilístico suspeito no início de 1987. 

Agora, o presidente da Câmara, Dr. Edson Batista, vai restituir-lhe o mandato, com um diploma que, se não tem a validade da Justiça Eleitoral, tem o valor político, tem o resgate da nossa memória histórica num ato simbólico de grande significação. Os que sofreram com a ditadura e não pereceram ainda, por certo estarão presentes (caso de Delso Gomes e Fernando Machado, presos pelos golpistas), assim como seus amigos ainda vivos e todos aqueles que lutaram pela democracia e lutam hoje pela manutenção do Estado de Direito.  

Edson Batista convidou, para proferir um discurso sobre aquele momento da nossa história, o professor de História, ex- vereador por 10 anos e ex-presidente da Câmara Hélio de Freitas Coelho. Hélio Coelho, que era muito jovem em 1964, sabe distanciar-se para olhar como cientista político a sociedade. Seu amor pela Pátria e sua história de vida, além de sua vivência com as contradições de uma época conturbada fazem dele o melhor indicado, em Campos, para falar na Câmara sobre Jacyr. Ainda mais que foi ele quem, arriscando seu próprio mandato, abriu o Legislativo para receber os deputados cassados Adão Pereira Nunes e Antonio Carlos Pereira Pinto, quando da luta pela Anistia em 1978. 

Uma sessão imperdível, porque histórica, a de terça-feira, dia 30, na Câmara de Campos. 

 

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