Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

De Nostradamus aos Maias, o fim que não acaba

Nos meus 46 anos de pensamento sobre o mundo, quando deixei de acreditar nos contos da carochinha que ainda restavam em minha mente (os outros - papai noel, chapeuzinho vermelho, coelhinho da páscoa, mula sem cabeça etc. viraram folclore há muito) ouvi sobre o fim do mundo. Nostradamus era um nome comum, embora ninguém soubesse nada sobre ele e sim, sobre suas supostas profecias. O fim do mundo não ocorreu e Nostradamus foi excluído da mídia e, portanto, da mente dos pobres mortais. 

Duas décadas com Nostradamus apagado e surgem os filmes catástrofes, talvez para nos lembrar que somos insignificantes ante o Universo e que o sentido de nossas vidas não está nos bens que possuímos nem na arrogância do poder (qualquer poder). Mas, apesar do medo do fim, os animais humanos (os outros não se preocupam com essas fantasias) não mudaram seu proceder. Mesquinharia, inveja, despeito, valorização do supérfluo, enfim, tudo como antes. O animal humano não tem jeito: é o que é, fingindo ser o que não é. Honrosas exceções confirmam a terrível regra...

Há algum tempo, os Maias, que os cristãos assassinaram em nome de seu Deus (mais forte que o dos mais, pois usava a arma de fogo, o canhão) ocuparam os corações e mentes dos pregadores da morte (religiosos em geral). Interpretações do calendário maia pipocaram aqui, ali e acolá. Mas, um paradoxo: os temerosos pregadores do fim do mundo falavam em apocalipse, mas não se prepararam para ele. Ou seja, o animal humano não muda, a não ser pela força. Continua o mesmo e deposita seu futuro nas mãos dos deuses, eximindo-se de qualquer responsabilidade por seu próprio destino. Êta bicho estranho!

Porém, o prognóstico maia do fim do mundo foi um erro histórico de interpretação. A   exposição “A Sociedade e o Tempo Maia” inaugurada recentemente no Museu do Ouro de Bogotá mostra bem que, para os Maias não existiam a concepção de "fim do mundo" e sim, de ciclo. Para eles, existiam eras e agora, terminaria uma e começaria outra, de acordo com seu calendário, muito bem elaborado. 

Se o "mundo" não acabar hoje, outras profecias virão, porque elas "fazem a festa" dos religiosos e dos que sabem faturar dinheiro com essas crenças. O animal humano adora o terror revestido de mistério. Daí o sucesso dos filmes e romances sobre o desconhecido, sobre algo que ele não controla. Mas não quer saber da verdade, pois esta é racional e elimina a fantasia. 

Sem fantasia, seja da saga Amanhecer, do Conde Drácula, Deus e Diabo ou do Apocalipse, o animal humano sentiria o vazio, cairia na angústia e daria um fim À própria vida, pois ela não faria sentido. Ou seria um incrédulo como eu, buscando um sentido na história, na cultura, enfim, em algo que justifique a existência. 

Um comentário:

Roberto Lino disse...

Só não concordo com uma coisa, Nostradamus nunca disse que o mundo terminaria em dois mil. Conclusões de alguns debeis, e de uma suposta outra religião que se aproveitou do fato da mídia querer ganhar dinheiro em cima dessa mentirosa afirmação e começaram a querer denegrir a imagem de quem não podia mais se defender.