Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







quinta-feira, 1 de março de 2012

Telhado de Vidro e bordereau do Trianon

(Arquivo/Ururau)
Avião da PF com secretários, assessores e empresários detidos em Campos

Quando o dinheiro da bilheteria do Trianon começou a "desaparecer", com as bilheteiras, após o trabalho, sempre tarde da noite, levando o dinheiro para determinada casa, às vezes em sacolas plásticas, eu, sem provas, avisei a algumas lideranças, mas nada pude fazer. Nada aconteceu. Eu me afastei. Deixei de falar com meu irmão, que tornou-se puxa-saco desse sistema. Dois anos depois, o colunista social Luis Cláudio Barbosa denuncia no jornal A Notícia o sumiço do dinheiro da bilheteria. 

O colunista social foi ameaçado de morte, após confirmar o que disse ao Ministério Público. Este abriu inquérito e, após investigação, sugeriu o indiciamento de Arnaldo, Ilsan, diversos secretários, tesoureiro como ladrões (o MP usou sinônimos vários para o roubo). Ao que parece, nada aconteceu. Não houve punição. O processo está tramitando há 10 anos. 

Agora, a mídia, incluindo muitos blogs, anuncia que a Operação Telhado de Vidro (alusão a uma empresa com o mesmo nome que vendia shows à Prefeitura) sofreu um revés e já há a nítida (?) impressão que tudo acabará em pizza. Um escândalo que foi provado, comprovado, gerou prisões de secretários e empresários, cassação de prefeito (Mocaiber), causou prejuízo de, no mínimo, 240 milhões de reais ao povo de Campos e que, ao final, acabará em pizza. É vergonhoso. Eu, impotente, sinto vergonha.


O sire Ururau relembra, em síntese, o caso, e reproduzo abaixo:

No dia 11 de março de 2008 foi deflagrada em Campos a Operação “Telhado de Vidro”, pela Polícia Federal (PF), que resultou na prisão de várias pessoas, entre secretários municipais, assessores especiais e empresários, que foram levados da cidade algemados no avião da PF.

A Operação também resultou no afastamento do então prefeito, Alexandre Mocaiber (PSB), que ficou fora das funções por 45 dias, a pedido da Procuradoria Regional da República da 2ª região.

A investigação originou-se do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que oito meses antes da Operação indicava uma movimentação financeira incomum na região. Ao longo das investigações foi apurado o favorecimento de empresas contratadas sem licitação, usadas como "laranjas", dentre elas a filial da Cruz Vermelha em Nova Iguaçu e a Fundação José Pelúcio.

O superfaturamento dos shows realizados no município também foi alvo da investigação. O prejuízo para os cofres públicos foi estimado em R$ 240 milhões, segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal.

A ação da Operação Telhado de Vidro contou com 150 agentes da PF, que também cumpriram 30 mandados de busca e apreensão em Campos e no Rio de Janeiro.

Gravações de conversas telefônicas e documentos indicavam a existência do direcionamento de licitações no município. O superintendente da PF no Rio de Janeiro, delegado Valdinho Jacinto Caetano, na época disse que “O prefeito não só sabia do esquema, como também se beneficiava dele”.

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