Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Leonel de Moura Brizola


Ao assistir mais uma vez um documentário (entre outros tantos de sua trajetória política) sobre a vida de Leonel de Moura Brizola, chorei. Poucas vezes chorei depois de adulto. Na morte de Adão Pereira Nunes, na morte de Prestes, na morte de Leonel Brizola... não que eu seja tão emotivo assim, mas porque a gente assiste, impotente, o fim de figuras admiráveis, que arriscaram suas carreiras, suas vidas, pelo povo brasileiro.

No caso desses três, em particular, uma razão a mais, pois participei de diversos momentos com eles, na mesma trincheira da resistência por um Brasil melhor. Adão Pereira Nunes, quando retornou do Chile, após o assassinato de Allende. Era 1973 e ganhei dele o apelido de Garruchão. Morávamos em Ipanema e conversávamos muito. Com Luis Carlos Prestes foi uma convivência à distância - palestras, conferências, discursos e entrevistas. 

Já Leonel Brizola foi uma entrega, de minha parte, a um projeto iniciado em Lisboa em 1978 e que começou a concretizar-se no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, em 1979. Percorremos parte do Rio de Janeiro para que Brizola reconhecesse a cidade que adotou após deixar o Governo do Rio Grande do Sul, em 1962, elegendo-se deputado federal pela então Guanabara. Dias e dias, com reuniões às noites, convivemos, fincando as bases do PTB que, depois, foi entregue pela ditadura a Ivete Vargas. 

Criamos o PDT e iniciamos a caminhada que culminou com a eleição de Brizola ao Governo do Rio. Tornou-se o único (até agora) político a governar pelo voto direto, dois Estados. Seguimos sua liderança por acreditar em suas idéias, no seu projeto, com todas as dificuldades criadas pela ditadura, que esfacelou o trabalhismo, entregando o PTB para Ivete Vargas e facilitando a criação do PT. 

Quando Brizola retornou do exílio, em 1979, lá estava eu na festa para sua recepção. Quando Brizola morreu, em 2004, lá estava eu, no último adeus a uma das maiores e mais populares lideranças brasileiras, embora não tenha conseguido chegar à Presidência da República.  

Hoje, quando se inicia o dia 22, dia de seu nascimento, em 1922, escrevo estas linhas como reverência.  

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