Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







domingo, 3 de junho de 2012

ORQUESTRANDO A INSENSATEZ

Todos sabem que a prefeita Rosinha Garotinho tem o compromisso de implantar a orquestra sinfônica e o coral municipal. Ao firmar um contrato para essa finalidade, a Prefeitura não está fazendo absolutamente nada para afrontar ninguém, muito menos uma escola de música de sucesso como a dirigida por Jony Willian. Mas li hoje, no Blog do Bastos, que ele, Jony Willian, disse isso, apelando para o "choro das crianças" que "precisam de nossos trabalhos".


Jony Willian, como muitos outros, olha apenas para o próprio umbigo. Basta dizer, como exemplo, que ele sempre tenta envolver a população nos seus protestos e reivindicações. Mas nunca o vi, nem seus alunos, apoiando causas de outras entidades e/ou categorias. Seria porque a dele é justa e a dos outros, injusta? Jony Willian mostra que olha apenas para o próprio umbigo, do alto de sua arrogância, afirmando que a associação que criou é "necessária". Ou seja, não se pode viver sem ela. Necessário é o que não pode não ser. 


Escrevi neste blog uma sugestão a Jony Willian: para que ele dê os números dos processos de seus projetos enviados ao Ministério da Cultura e à Secretaria de Cultura do Estado solicitando apoio à sua entidade. Como ele se empenha em conseguir recursos e tem tanta gente ao lado que sabe que há recursos federais e estaduais para projetos culturais, tenho certeza que há anos vem tentando consegui-los. Como devem estar engavetados nas duas esferas e temos deputados estaduais e deputados federais de Campos, estes, com toda certeza, de posse dos protocolos dos processos, conseguiriam desengavetá-los. 


Em nenhum momento Jony Willian e seus defensores comentaram a sugestão, nem procuraram os parlamentares com os números dos processos nas mãos. Preferem o protesto permanente, tentando colocar para a comunidade a sua reivindicação como uma prioridade a ser atendida pela Prefeitura. Por que se recusa a mostrar os projetos enviados ao Ministério da Cultura e à Secretaria de Cultura do Estado, que pelo visto, negaram apoio? Tem algo estranho. 


As centenas de associações que existem em Campos querem dinheiro da Prefeitura. Muitas até conseguem. Mas eu pergunto: se não têm condições de mantê-las, por que as criam? Se disserem que é porque o poder público não atende 100% determinada área (são centenas delas) e há necessidade da iniciativa privada desempenhar o papel de servidor público, por que exigir dinheiro público? Não é incoerência? 


As lideranças dessas entidades têm argumentos (o animal humano é o único que se justifica) e conquistam, às vezes, uma parcela da comunidade. O Estado, sensível às entidades, distribui dinheiro (e não é pouco) para mantê-las. Criou leis para apoiá-las financeiramente. Mas nunca estabeleceu que trata-se de uma obrigação. É uma benesse, muitas vezes, via incentivos fiscais. Por que essas entidades não se utilizam desses recursos? 


No caso de Jony Willian, fazer-se de vítima é ganhar a piedade de alguns. Triste fim de quem faz política na coxia. Usar crianças e jovens para tomar as ruas dizendo que a vida normal delas depende da participação em uma associação musical é, além do cúmulo da arrogância, algo fora da razoabilidade. É o mesmo que dizer que essas crianças e jovens são delinquentes em potencial, que serão salvos sendo músicos. Os pais dessas crianças e jovens certamente não sabem que estão sendo manipulados. É mais cômodo olhar o próprio umbigo, ou seja, os próprios interesses, do que ampliar a visão. A complexidade da realidade necessita de raciocínio e sei o quanto é difícil pensar. 


Alguém pode usar o meu dizer como um dizer governamental, de maneira leviana. Não tenho procuração para responder pela administração, nem mesmo das instituições culturais. Meu dizer é como observador, como político, como artista dirigente de uma associação que lutou muito em prol da categoria que representa, mas nunca foi às ruas exigir dinheiro da Prefeitura para manter-se. Nossa exigência sempre foi de espaço, reconhecimento. 


Dizer que Rosinha Garotinho é insensata, assim como sua administração insensível, é não reconhecer tudo que tem sido feito pela população, principalmente para as pessoas mais carentes. Todos os pais das crianças e jovens que Jony Willian usa para seus protestos são beneficiados por uma administração que investe na melhoria da qualidade de vida. Jony Willian diz que o poder atual é intolerante e indiferente, mesmo passageiro. Isso sim, é insensatez.


Tamanho absurdo só pode ser fruto da sua cegueira. Como olha para o próprio umbigo, não enxerga nada ao redor. Diria mais, com declarações como essas, Jony Willian revela um outro lado que as pessoas não vêm, como a dizer que, se sua associação recebesse o dinheiro que ele deseja, o Governo atual seria uma maravilha e receberia dele as "justas homenagens". Creio que Jony Willian está doente e, em sendo assim, está orquestrando a própria insensatez. É realmente digno de piedade.             

Um comentário:

fran disse...

Muito bom seu blogger de humor !! Confesso que eu ri muito com o seu artículo !! parabéns !!!