Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Para os membros da Academia refletirem

Li a matéria de capa da Folha Dois, da Folha da Manhã, sobre a reunião dos membros da Academia Campista de Letras, Auxiliadora Freitas e Orávio de Campos com o prefeito em exercício Nelson Nahim. Embora tenha uma participação ativa como colaborador da entidade, não fui convidado. Nem deveria, pois a intenção era firmar convênio (renovar) com a Prefeitura e a Fundação Trianon, que é uma entidade que tem em sua esfera de atuação a literatura, é que é responsável pela parceria.

Pois bem, na matéria, os acadêmicos deixam claro que a Academia só existe porque é bancada pelo poder público, desde Salo Brand (que teve seu nome criminosamente retirado de uma importante via de Guarus para os demagogos de plantão colocarem um outro cuja importância para Campos é insignificante). Desde a sede "própria", a manutenção, as reformas (agora ficou acertado que terá mais uma) e, de um tempo para cá, a limpeza, funcionários, edição de jornais, revistas e livros. Todavia, fazem questão de dizer, paradoxalmente, que a entidade é independente e que desejam manter a independência.

Por sinal, as revistas e livros editados pela Academia constam o nome da Prefeitura e do Trianon como apoiadores no mesmo nível de outros que em nada colaboram com a entidade. Aliás, vez em quando ajudam, por favor, diga-se de passagem, com R$ 100,00. A Prefeitura, nos últimos doze meses, não deu menos que R$ 100 mil. E o convênio que se anuncia, não sei quanto vai ser. Assim como não sei quanto vai ser a reforma que foi solicitada. É justo que Rosinha e, agora, Nelson Nahim, colabore com os nossos acadêmicos. Todavia, é o cúmulo ter que ouvir que a Academia mantém sua independência.

Faz-me lembrar da música do grande Belchior, quando diz (em relação a um filho rebelde, que diz para o pai que vai embora de casa, mas que deseja manter a mesada) que de carrão, chegará mais rápido à revolução. Terei a oportunidade (?) de dizer isso aos acadêmicos e espero que reflitam um pouco e mudem o discurso. Eu e Orávio, Lena e tantos outros artistas de teatro sofremos muito, mas mantivemos a nossa independência em relação ao poder público. Nos orgulhamos disso, embora não haja consideração por parte da sociedade quanto à nossa atitude. Os considerados são aqueles que dependem (totalmente) e fazem o discurso da independência.

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