Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Governo argentino intervém na TV do grupo Clarin

Leitor segura exemplar do "Clarín" de março deste ano; jornal deixou capa em branco em protesto ao governo

O juiz federal Walter Bento ordenou, nesta terça-feira, a intervenção na sede da operadora de TV a cabo Cablevisión, do grupo Clarín, o maior do setor de multimídia da Argentina, que interpretou o fato como parte de uma "perseguição" do governo de Cristina Kirchner.

Cinquenta agentes da polícia militar entraram na sede da Cablevisión em Buenos Aires, cumprindo ordens do magistrado da província de Mendoza (oeste), por denúncia de "exercício presumível de concorrência desleal" e "posição dominante".

O juiz designou um "interventor coadministrador" depois da queixa apresentada pela empresa concorrente Vila-Manzano, titular do Supercanal, também de televisão a cabo, segundo Ricardo Mastronardi, advogado do funcionário designado interventor pela Justiça, Enrique Anzoise.

"Não podemos separar este episódio da escalada do governo nacional contra o grupo Clarín", disse o gerente de Comunicações, Martín Echevers. De acordo com o "Clarín", o grupo de multimídia Vila-Manzano, a que pertence o Supercanal, é um aliado fundamental do governo argentino.

A operação é "considerada sem precedentes, inscrevendo-se numa campanha sistemática de perseguição que o governo nacional realiza contra as empresas do Grupo Clarín", afirmou a Cablevisión em comunicado. O governo Kirchner e o grupo empresarial que publica o jornal "Clarín", o de maior circulação na Argentina, mantêm um confronto que cresceu nos últimos dias.

O fato acontece num momento em que o Senado se prepara para votar uma lei polêmica que declara de interesse público o papel jornal, que tem como único fabricante a Papel Prensa, controlada pelos diários "Clarín" (49% das ações) e "La Nación" (22,49%), os dois maiores da Argentina, enquanto o Estado possui uma participação de 28,08%.
A intenção do governo argentino de legislar sobre a fabricação e a distribuição do papel para jornais e o estabelecimento da Lei de Serviços Audiovisuais, que determina a abertura do setor, são algumas das questões de disputa entre Cristina Kirchner e os donos dos principais jornais do país.

Para a Adepa (Associação de Entidades Jornalísticas Argentinas), os últimos dois anos foram os mais difíceis para os meios de comunicação argentinos desde a retomada da democracia em 1983. A entidade alega que jornalistas e diretores de meios de comunicação vêm sofrendo "danos pessoais e injúria" por parte de funcionários ou setores ligados ao governo.

Nenhum comentário: