Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sexta-feira, 16 de julho de 2010

Breve comentário sobre meu latifúndio

Um amigo meu visitou-me e, ao ver o meu quintal enorme para os padrões das famílias pobres periféricas e uma casa que, o dia que ficar pronta, vai parecer grande (para os padrões da plebe rude), comentou que, em pouco tempo, vou ser alvo de acusações de corrupção. Ou seja, teria eu conseguido a minha casa com recursos oriundos de vantagens obtidas com a corrupção.

Dei uma gargalhada e disse-lhe que não havia pensado nisso. Mas que não temia comentários maldosos porque minha história "fala" por mim. Jamais vou ferir a minha história e meus princípios éticos são rígidos, quase kantianos. Se durante minha vida inteira resisti às facilidades das tangentes, não será agora, depois de velho, que abrirei mão de seguir o caminho reto, da retidão de caráter.

Que me acusem, portanto. Aliás, alguns já fazem isso. Até me divirto com algumas acusações e insinuações, porque os que procuram me atingir sabem (e eu sei que sabem) que não me rendo. Expliquei ao meu amigo, não para me justificar, mas para que ele soubesse (por ser meu amigo), como é que estou fazendo a minha casa e como tenho um terreno tão grande.

Há 14 anos comprei um terreno que paguei mensalmente por quatro anos. Há 13 anos comecei a construir a casa. Nela fui morar com minha esposa e era, então, um lugar sem vizinhos, "no meio do mato". São 13 anos construindo a casa que, espero, esteja terminada nos próximos dois. Eu e minha mulher trabalhamos arduamente e abrimos mão de muitas coisas interessantes para termos a nossa casa, construída a passos de cágado, o que me irrita às vezes. Como o bairro foi povoado e os terrenos encareceram, a impressão que se tem é a que no momento aparenta a realidade que se vê. Não posso mudar isso. É do ser humano.

Então, não me preocupo com o que vão dizer. Comecei a trabalhar muito cedo. Aos 14 tinha minha carteira assinada pela A Pena de Bronze. Eram 105 mil cruzeiros novos. Trabalho para ganhar o pão de cada dia há 48 anos, desde quando meu pai faliu (perdeu as terras) e eu, como filho mais velho, tentava ajudar a família, com meus seis irmãos. Fiz de tudo um pouco e o que construí foi-se com meus casamentos anteriores. Agora, já velho, com o pé na cova, ao lado de quem amo cegamente e muito bem com meus sete filhos e seis netos, quero ter minha casa com um grande quintal. Vou conseguir e não me importa o que digam.

Exerço uma função pública em cargo de confiança nomeado por uma prefeita correta, da qual orgulho-me de ser amigo há mais de 30 anos. Jamais trairei sua confiança e ela sabe que jamais trairei, como disse, a minha história. O poder não exerce atração sobre mim e o dinheiro só o quero na medida exata das minhas reais necessidades. Talvez por isso a minha intolerância com a corrupção, com a "normalidade dos ilícitos" e a hipocrisia dos venais.

3 comentários:

Anônimo disse...

AMIGO ADMIRO DEMAIS SUA FIDELIDADE,TENHO VISTO PESSOAS QUE VIVIAM AO LADO DA PREFEITA JÁ SE ARTICULANDO COM POSSÍVEIS CANDIDATOS À PREFEITO,CASO HAJA ELEIÇÃO.CONTINUE ASSIM,POIS UMA AMIZADE COMO A DE VOCÊS NÃO DEVE ACABAR POR CAUSA DE CARGOS,SABEMOS QUE JÁ ESTÁ DIFÍCIL PARA ROSINHA,IMAGINA SER TRAÍDA PELOS VERDADEIROS AMIGOS?É DE DAR NOJO VER OS CARGOS DE CONFIANÇA,QUE NA REALIDADE NÃO ERAM DE CONFIANÇA DA PREFEITA FAZENDO FESTA PELA SUA SAÍDA,AGORA TE FALO,HOJE ESTÃO RETORNANDO AOS CARGOS,ISSO É BRINCADEIRA!!!!!!!TORÇO PELA VOLTA DE ROSINHA,MAS TORÇO PARA QUE AS PESSOAS INDICADAS SEJAM REALMENTE DE CONFIANÇA E NÃO PUXA SACOS INTERESSADOS SÓ NO DAS ,DESCULPA PELO DESABAFO,MAS É DE DAR NOJO AMIGO,FIQUE NA PAZ...

JOSI disse...

O SENHOR SABE COMO SOU, SIRVO MAS NÃO BAJULO. E DETESTO QUEM É PUXA-SACO PARA OBTER MÉRITOS. OUÇO SUA HISTÓRIA DESDE CRIANÇA E SEI QUE SERIA INCAPAZ DE AGIR INCORRETAMENTE COM CORRUPÇÃO. E AINDA TRAIR A CONFIANÇA DA PREFEITA. ISTO FERE SUA ÍNDOLE, SUA MORAL! COMENTÁRIOS MALDOSOS, QUE OS FAÇAM. NÃO TERÃO COMO PROVAR.

Anônimo disse...

todos q trabalham ao longo dos anos , tem direito de adquirir algo!
(afonso)