Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







domingo, 9 de junho de 2013

Índio baleado no MS pode ficar paraplégico

A matéria abaixo não é novidade. Os descendentes dos nativos brasileiros que sobrevivem a duras penas, já perderam parte ponderável de suas identidades originais, tornaram-se cristãos, falam português, e como matar índio é contra a lei, os fazendeiros e os policiais eliminam o que restou deles aos poucos. N~´ao que sejam os coitadinhos, mas o que desejam, em princípio, é um tico de terra que lhes foram tomadas ao longo do tempo. Muitas das terras foram roubadas. Aliás, no passado, todas elas. 

E os governos fazem um jogo político eleitoral que favorece, sempre os invasores. Ao ponto do judiciário considerar, grande parte das vezes, os índios como invasores. Os brancos, cristãos e tementes a Deus, sentem muito o não extermínio dos índios. Assassinaram quase todos e os que restaram ficam a mercê de esmolas, discriminados, sendo motivo de ironias e sarcasmos dos que frequentam as igrejas e rezam pela humanidade. Hipocrisia que a sociedade acoberta porque ela é hipócrita. Não que o que restou dos índios não seja também, mas o que reivindicam não custa ceder-lhes. E, o que é pior, segundo uma descendente declara na matéria abaixo: no governo Dilma a coisa piorou. A seguir, a matéria da Folha de São Paulo:   

Baleado nas costas na terça-feira, o índio terena Josiel Gabriel Alves, 34, corre o risco de ficar paraplégico e continua internado na Santa Casa de Campo Grande. Ontem, sua família decidiu aceitar a oferta do governo federal para transferi-lo a Brasília.

"O médico disse que a chance é muito pouca de ele andar", explica o pai, o trabalhador braçal Saturnino Gabriel, 59, um dos familiares que se revezam na vigília diante do hospital -eles dormem sob a marquise da entrada.

A Santa Casa disse ontem que poderia realizar a cirurgia para retirar a bala, alojada próxima da medula espinhal. Os pais chegaram a concordar, mas, em reunião à tarde entre 28 familiares na grama do hospital, foram convencidos a aceitar a trasladá-lo.

"A única coisa que eu quero é ver meu filho andar", disse, chorando, a mãe, Abadia.
Defensor do traslado a Brasília, o líder Alberto Terena disse que o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) se comprometeu, durante reunião na quinta-feira, a dar toda assistência médica necessária.

Morador da terra indígena Buriti, em Sidrolândia (70 km de Campo Grande), Josiel é o mais velho de sete irmãos e trabalha na Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde. Estudou até a 7ª série e tem oito filhos.

Ele foi baleado quando andava de moto com outros indígenas em uma fazenda reivindicada pelos índios. Segundo seus companheiros, o disparo veio de uma caminhonete prata de cabine dupla.

O incidente ocorreu apenas cinco dias depois de o seu primo Oziel Gabriel ter sido morto durante confronto com policiais que cumpriam um mandado de reintegração de posse da fazenda Buriti, do ex-deputado estadual Ricardo Bacha (PSDB). Até ontem de manhã, ninguém havia sido preso por causa dos episódios.

Desconfiados, os familiares não quiseram ser fotografados e só falaram com a Folha após consultar o Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Eles haviam decidido não dar mais entrevistas depois que uma equipe de TV filmou Josiel numa maca de hospital e tentou entrevistá-lo no mesmo dia em que foi baleado, sem a autorização da família.
Marlene Bergamo/Folhapress
Indígenas e sem-terra durante protesto anteontemem Campo Grande pela ocupação das terras por índios terenas
Indígenas e sem-terra durante protesto anteontem em Campo Grande pela ocupação das terras por índios terenas

GOVERNO
Estudante de administração na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), a índia Célia diz que a situação piorou no governo de Dilma Rousseff, ao lembrar que foram policiais federais que comandaram a ação que resultou na morte do primo.

Com relação ao governador André Puccinelli (PMDB), ela diz que as cestas básicas só são distribuídas a cada quatro meses e são de má qualidade. No governo anterior, de Zeca do PT, a distribuição era mensal e com bons produtos, afirma. "Mas a gente não precisa de cesta básica, a gente quer a terra."

Os cerca de 5.000 terenas de Sidrolândia ocupam 2.090 hectares, mas reivindicam uma área de cerca de 17 mil hectares. Nas últimas semanas, quatro fazendas foram tomadas, aumentando a tensão entre índios e fazendeiros.

A crise levou o governo federal a enviar 110 membros da Força Nacional de Segurança à região. Com a desocupação suspensa, a principal missão é criar um cordão de isolamento entre indígenas e fazendeiros.

Na quinta-feira, o governo criou um fórum para discutir o conflito com participação de índios, fazendeiros, integrantes do governo, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do Conselho Nacional do Ministério Público.
(Folha de São Paulo)

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