Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







domingo, 23 de junho de 2013

Com os oportunistas, todo cuidado é pouco

Participei de inúmeras passeatas. Todas tinham uma causa e a maioria foi pelo fim da ditadura militar. Outras, pela eleição direta para a Presidência da República. Outras ainda não são dignas de registro histórico, porque pontuais, como as que defendiam os trabalhadores, tanto em Minas Gerais quanto aqui em Campos. 

Essas manifestações de agora, louváveis porque espontâneas, não participei e não participo, porque não há uma causa. Os motivos são vários, genéricos demais. O que está claro é que há uma insatisfação com o statu quo, mas sem direção, sem norte. 

A proposta deveria ser, então, a mudança da Constituição.Seria louvável que a sociedade, insatisfeita em sua maioria, fosse às ruas para exigir uma Assembléia Nacional Constituinte. Que parta do zero, sem direitos adquiridos. Que sejam votados livremente os parlamentares para redigir uma nova Carta Magna. A sociedade poderá dizer, via representações, o que deseja para o país. E colocar-se como responsável direto pelo que for votado. 

Eximir-se de culpa é fugir da responsabilidade. Exigir cidadania numa democracia é revelar omissão, incompetência, oportunismo. Criticar duramente os políticos sem criticar-se é leviandade, pois os nomes foram colocados na eleição e os que têm mandatos foram eleitos livremente pelo povo. Se o voto foi por interesses outros que não o da cidadania, a culpa maior é de quem votou e não do eleito. 

Mas tudo bem que se discorde do que está errado. Porém, que haja uma causa. Ir às ruas sem uma causa abrangente, nacional ou mundial, é abrir espaço para o caos. E, logicamente, para os oportunistas. Aqueles que usam a ingenuidade de grande parte da população para manipulá-la. 

Aqui em Campos temos um exemplo de manipulação na manifestação dos estudantes na quinta-feira passada, dia 20, quando alguns políticos frustrados, rejeitados pela população na eleição passada, deram um jeitinho e conduziram o processo. Um deles chegou a emprestar um trio elétrico para os jovens. Mas esses jovens, com certeza, não sabem da história deles pois, se soubessem, não permitiriam que aquelas figuras usassem o movimento. 

Com os oportunistas, todo cuidado é pouco.     

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