Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







terça-feira, 27 de novembro de 2012

Caso Rubens Paiva torturado e assassinado pela ditadura


O advogado e empresário Rubens Paiva foi preso pelos órgãos de repressão da ditadura em 1971. Desapareceu e durante anos a família, amigos e defensores dos direitos humanos acusaram o governo de tê-lo matado. Quando Brizola assumiu o governo do Estado, em 1983, houve uma série da boatos de que ele foi esquartejado e cada pedaço foi enterrado num lugar diferente. O governo mandou cavar em diversos locais, inclusive na praia, nos quais supunha-se que estariam os pedaços do corpo do advogado. Tudo em vão.

Os militares negaram, sempre, que Rubens Paiva tenha sido preso pelo Doi-Codi (órgão de repressão, perseguição, ameaças, tortura e assassinato). Agora, no entanto, após a morte do famoso coronel Molina, assassinado, a polícia fez busca em sua casa para encontrar pistas dos criminosos. Acabou encontrando em seus arquivos um documento sobre a prisão de Rubens Paiva. Leia abaixo a matéria da Folha de São Paulo: 

Uma das filhas do ex-deputado desaparecido Rubens Paiva recebeu nesta terça-feira (27) do governo do Rio Grande do Sul cópias de dois documentos que comprovam que ele esteve detido em uma unidade do DOI-Codi no Rio de Janeiro durante a ditadura militar.
Maria Beatriz Paiva Keller, 52, que tinha dez anos quando o pai sumiu, em 1971, mora na Suíça e passava férias no Brasil quando ficou sabendo que a ficha de entrada de Rubens Paiva no órgão havia sido achada pela Polícia Civil gaúcha nos arquivos de um militar reformado morto em Porto Alegre.

Pedro Revillion/Palácio Piratini/Divulgação
Maria Beatriz Paiva Keller durante ato de entrega de documentos pelo governo do RS
Maria Beatriz Paiva Keller durante ato de entrega de documentos pelo governo do RS
No início do mês, o coronel Júlio Miguel Molinas Dias, 78, foi morto a tiros na capital gaúcha. A investigação recolheu documentos da casa dele para tentar encontrar uma pista dos criminosos. A polícia acabou localizando nos arquivos o ofício sobre o ex-deputado e papéis sobre o atentado do Riocentro, em 1981.

"A família ainda não sabe onde ele foi enterrado e eu temo pela verdade", disse Maria Beatriz, que é funcionária da Embaixada do Brasil em Berna.

Na cerimônia, emocionada, a filha falou que o mistério do desaparecimento é uma história inacabada, como um "filme que não tem fim". Mais tarde, a jornalistas, defendeu um plebiscito sobre a Lei da Anistia, que impede punição por crimes cometidos durante o regime.

É a primeira vez que surge uma prova documental de que Paiva esteve no DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura. Anteriormente, havia apenas testemunhos da presença dele no local.

A íntegra dos documentos do coronel foi entregue formalmente hoje pelo governador Tarso Genro (PT) à Comissão da Verdade do Estado, instaurada em julho para investigar crimes do regime militar.

O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Claudio Fonteles, também esteve no evento e recebeu cópias de todos os papéis.

Nesta terça-feira, foram divulgadas apenas cópias de ofícios envolvendo o caso Rubens Paiva. Além da cópia da ficha, há um manuscrito informando que os pertences do carro do ex-deputado foram retirados por um oficial identificado como "capitão Santabaia".
Os papéis serão analisados pelas duas comissões e ainda não há um prazo para a divulgação completa. (FELIPE BÄCHTOLD)
Pedro Revillion/Palácio Piratini/Divulgação
Documentos entregues pelo Governo do Estado do RS à Comissão da Verdade
Documento entregue pelo Governo do Estado do RS à Comissão da Verdade

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