Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sobre a investigação dos magistados

Algumas pessoas (talvez mais do que ouvi e penso que existam) se perguntam (e perguntam) como pode uma pessoa que ganha muito bem, tem muitos privilégios, vive com todo conforto, toda segurança e comodidade, mesmo assim, com tudo isso, praticar crimes para ter mais dinheiro?

É sempre uma boa pergunta. Até porque há os que defendem que a corrupção existe, em sua maior parte, porque os que se corrompem ganham pouco. Todo mundo já ouviu isso em relação aos policiais, acreditando mesmo que, se recebessem um salário bom, não se corromperiam. Esquecem que os policias honestos têm o mesmo baixo salário. 

A sede de poder e dinheiro sempre foi uma necessidade de muitos seres humanos. Antes do dinheiro, era o poder. Com a civilização, poder e dinheiro. Os benefícios são muitos: pompa e circunstância, aquisição da opinião pública, homenagens, liberação da arrogância e da prepotência sem receios, conforto e comodidade etc.. Os malefícios são poucos. No máximo, denúncias e processos, tudo dentro de uma normalidade aceita hoje pela maioria da população.

Quando algumas pessoas têm a coragem de investigar e denunciar magistrados que enriqueceram vendendo sentenças como é o caso agora denunciado, de que  a Corregedoria Nacional de Justiça, órgão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), investiga o patrimônio de 62 juízes sob acusação de venda de sentenças e enriquecimento ilícito, em parceria com a Polícia Federal, entre outros órgãos, podemos até exclamar: "alvíssaras!". 

Isso porque até agora só se denuncia políticos. E, é claro, os membros de quaisquer categorias pegos em flagrante. Porém, magistrados? E no atacado? É realmente admirável. Contudo, a Receita Federal, que exerce seu poder com todo rigor no baixo clero, pode, sempre, "fisgar" os que enriquecem ilicitamente. Não o faz por conveniência. Mesmo que os corruptos coloquem bens em nome de parentes, o cruzamento de dados revelará o enriquecimento desses "terceiros". 

De qualquer maneira, como não podemos esperar que haja uma sociedade justa (menos ainda uma sociedade capitalista, até porque, se fosse justa, não o seria), que pelo menos nós, pobres mortais, tenhamos o prazer de saber que gente importante está sendo investigada. Ao final, tudo terminará em pítiza e a prisão cinematográfica (e apenas por horas ou dias) de meia dúzia de três ou quatro parece satisfazer nossa sede de vingança, digo, justiça.    

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