Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sexta-feira, 3 de abril de 2015

E a morte levou Kapi


O ator e diretor de teatro, Antônio Roberto de Góis Cavalcanti, o Kapi, morreu no final de noite de ontem, quinta-feira (02), em Campos, onde estava internado, na UTI o Hospital Ferreira Machado. O sepultamento está previsto para esta sexta-feira, no Cemitério do Caju. O velório acontece na Capela do Caju. Sua morte teve grande repercussão nas redes sociais, onde muitos amigos e admiradores lamentaram sua perda. 

Como homenagem ao amigo, publico abaixo um de seus poemas, já na época do anúncio da abertura política (1979), escrito com outros poemas e outros autores no livro lançado naquele ano, "Ato 5", com João Vicente, Artur Gomes, Orávio de Campos e Prata Tavares.

Impasse
Kapi

E vem a mão
que cora o gesto,
a voz
que abafa o grito,
o pé 
que impede o passo
E o estandarte
tomba inútil...
E surge um tempo
de pessoas cabisbaixas
que trazem nos olhos
aflição e medo;
o futuro
ficou em pensamento,
adiado o momento,
remoem...
Mãos e gargantas
feridas
estão arquivadas
atrás de portas,
de peitos,
de prantos.
Este é um tempo
de gravatas
no pescoço;
nas ruas,
os ternos passeiam
e se esquecem...
Mas há de surgir
um tempo
de gargantas 
sufocadas
de frontes
retesadas
adquirindo vida.
Há se voltar-se
atrás do pensamento
e sacudir-se poeiras
dos arquivos.
E revolver-se
todo mundo,
toda mente.
Há de se ter
um saldo positivo
e o punho à frente.
Há de enterrar-se
as fardas e os ternos
para sempre.

Amigo Kapi, você fez história na arte e na cultura de Campos. Estará sempre na memória dos que ficaram e nas novas gerações que, espero, atuarão pela cultura e resgatarão esse nosso tempo, onde você figura como um dos principais personagens. 

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