Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







terça-feira, 14 de maio de 2013

A questão do negro foi debatida ontem na Câmara

Sessão presidida por Dr. Edson, tendo à mesa 
Hélio Coelho, Cléa leopoldina e Jane Rangel

Cléa Leopoldina e

Vilmar Rangel foram os palestrantes da noite

“Há muito o que fazer, mas isto antes de tudo”. Este é um trecho de uma carta escrita pela princesa Isabel a seu pai, o imperador Dom Pedro II, sobre a urgência de se dar fim ao regime escravocrata mais longo do planeta. A Lei Áurea por ela assinada em 13 de maio de 1888, a qual colocava fim à escravidão, completa hoje 125 anos, motivo pelo qual a Câmara de Vereadores e a Academia Campista de Letras, em parceria, realizaram na tarde desta segunda-feira uma sessão solene, com presença dos parlamentares, membros da ACL, jornalistas, professores e estudantes da rede municipal e estadual de ensino.

O presidente do Legislativo, Edson Batista, abriu a solenidade ressaltando a importância da sessão. “Um momento de reflexão para que a escravidão não perpetue em nosso país, agora sob a denominação de ‘exclusão’”, disse.
Já o presidente da casa de letras, Hélio de Freitas Coelho, ressalvou o quão importante, historicamente, representa o 13 de maio, tanto quanto o 20 de novembro, quando se celebra o Dia da Consciência Negra, tendo como referência a morte da resistência negra, Zumbi dos Palmares.

“Insensato é abrir mão de uma das duas quando se pode ter as duas datas para lembrar todo o processo histórico que culminou no fim da escravidão. A importância de uma não desvalida a outra. Ao contrário, elas dialogam”, afirmou Hélio Coelho.

A convite da Câmara, palestrou a professora e historiadora Cléa Leopoldina Almeida, membro da Coordenação Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, especializada em Educação Brasileira Para Populações Negras e mestre em Política Social pela UFF. Cléa tratou da “Política social e inserção da população afrodescendente no mercado de trabalho”, salientando dificuldade de se fazer cumprir efetivamente determinadas leis que envolvem questões como racismo, igualdade racial e de preservação e difusão da cultura afro no Brasil.

“Não é com políticas de cotas que elevamos a capacidade intelectual da população afrodescendente, mas sim com educação básica de qualidade que atenda a todas as classes e raças”, analisou Cléa.
Representando a ACL, o jornalista, relações públicas, pesquisador e acadêmico Vilmar Rangel falou sobre a vida e a obra de José do Patrocínio, em palestra intitulada "José do Patrocínio – protagonista libertário, proclamador da República e herói esquecido". Jornalista campista, Patrocínio ficou conhecido como Tigre da Abolição, por sua luta contra as injustiças da escravidão, enfrentando a fúria dos barões donos de fazendas, cujos negócios eram alicerçados sobre a mão de obra escrava.

“A história deste ilustre personagem de nossa cidade confunde-se com a própria história do país. Neste ano, quando celebramos 160 anos de seu nascimento, é importantíssimo lembrar seu legado, para que sua história não caia em esquecimento, como aconteceu com outros vultos deste mesmo processo histórico, como o jornalista Carlos de Lacerda, que não possui sequer um busto em sua homenagem”, concluiu Vilmar.
(Fotos de Thiago Freitas)

Um comentário:

Gildo Henrique disse...

Lamentável a ausência do nome de

ANTONIO ROBERTO FERNANDES

quando da menção ao conjunto (Escultura) escultórico de José do Patrocínio.

Por ter sido planejada por Jorge Renato e "autorizada" pela Câmara não os habilita a ser autores da proeza.

Amigos mais íntimos sabem da luta do poeta para levar a termo essa ideia tão antiga. E que, mesmo depois de pronta e fixada na Palácio da Cultura, travou outra batalha para que fosse paga ao artista, quando ninguém mais sequer se lembrava desse "pequeno" detalhe.

Teve gente na plateia que se retirou