Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sábado, 4 de julho de 2015

Adeus, Antônia Leitão!

Dona Antônia autografando seu 5º livro para seu sobrinho/filho Winston Churchill
na noite de autógrafos na Câmara de Vereadores


Dona Antônia, Avelino e a encantadora Nana na noit de lançamento de "Flashes"

Lá vem Antonia
Brincando de esconde-esconde
Com estrelas cadentes
Em noites quentes de lua cheia...
Lá vem Antonia 
Sepultando meus queixumes
Num sorriso atento
Implicando com meus ciúmes
De não ser como ela...
Lá vem Antonia
Moleca gargalhando dias
Desfiando versos e reversos
Inventando trilhas...
Lá vem Antonia
Puxando pela mão
Histórias da terra do nunca
Incendiando-se como vida
Na cauda do cometa...
Lá vem Antonia
Mexendo com meu coração
Pessimista e amargoso
Adoçando meus potes de dores
Crendo-se a fada dos meus amores
Concedendo graças a um Antonio...
Lá vem Antonia...
Vem Antonia...
Poema de Luis Antonio Cosmelli para Dona Antônia.
(Do Face de Nana)
Soube do falecimento de "dona" Antônia Leitão à noite de ontem, ao chegar do colégio onde leciono. Minha tristeza levou-me a diversos momentos de um passado recente e, como flashs, vi a ex-vereadora, amiga de Paiva Muniz, Adão Pereira Nunes e outras figuras de expressão na vida pública, na reunião na Associação de Imprensa Campista, em 1979, para discutirmos a re-criação do PTB, seu partido de outrora, extinto pela ditadura em 1966. 

Várias cenas seguiram-se àquela, quase todas com Antônia Leitão e reuniões e embates públicos na defesa dos "pés-no-chão", bordão de sua campanha exitosa para a Câmara, em 1972, quando elegeu-se vereadora (a segunda mulher eleita para o Legislativo campista - a primeira foi Hermeny Coutinho), exercendo seu mandato com dignidade, competência e, óbvio, sem meias palavras.

Lembrei-e da minha juventude (já fui jovem um dia) e minha admiração por aquela mulher que parecia uma tigresa na defesa dos pobres e miseráveis dessa terra, os espoliados pelos usineiros. Marcou época, fez história. 

Vi "dona" Antônia em cenas rápidas, defendendo os aposentados e pensionistas. Vi também uma linda mulher, de sorriso largo, recitando poemas. As homenagens que recebeu foram muitas, mas poucas para o que ela representava. Um otimismo crítico (se é que isso existe), porque, apesar das sem-vergonhices de muitos, acreditava no ser humano, num país sonhado por Getúlio, João Goulart  e Leonel Brizola. 

 Uma mulher à frente de seu tempo. Sempre. A última homenagem que recebeu, não pode estar presente. Uma placa ofertada pela Câmara, proposta po seu presidente, Edson Batista, pela participação no documentário sobre Benta Pereira, da TV Câmara Campos. Para ela, bastante significativa, pois admirava Benta, outra mulher à frente de seu tempo. 

A partir de agora, não teremos a companhia de "dona" Antônia. Sentiremos muito. Mas é uma guerreira que não será esquecida. Faz parte da nossa história. Registro aqui, mais uma vez, minha admiração e meu respeito por essa mulher que é exemplo de retidão, senso de justiça, sendo guerreira sem nunca te perdido a ternura. 

Adeus, "dona" Antônia! Os que te amam sentirão muito sua falta.  

Nenhum comentário: