Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Aos carnavalescos de Santa Maria, Santo Eduardo, Morro do Coco etc.


Escrevi o texto abaixo para um comentário postado no Blog do Bastos. Com algumas modificações, enviei-o ao Blog do Werneck e, agora, publico aqui, pois achei pertinente, já que as comunidades insistem em culpar a Prefeitura pelo não patrocínio de suas festas. As mesmas comunidades que acusam o poder público de gastar com festas...

Carnaval é festa do povo. Sempre foi organizado pelo povo. Seus ranchos, cordões, blocos, seus bailes nos clubes… enfim, é uma festa popular. No chamado desfile oficial das escolas e blocos (depois, também, os bois pintadinhos, que viraram “bois de samba”) a Prefeitura auxiliava com a estrutura e alguma ajuda financeira. Mais tarde essa ajuda passou a ser uma subvenção, como é hoje.

No caso de Santa Maria, o Carnaval era uma grande festa quando a agricultura rendia frutos e o comércio, surgido para dar suporte ao movimento na estação de trem, fervilhava. A partir da década de 1970, a agricultura foi abandonada porque a necessidade de consumo aumentou e atividade não rendia o suficiente para sustentar essa exigência da atualidade. A Usina Santa Maria faleceu, assim como, antes, os trens. O Carnaval perdeu seu brilho.

Com a resistência do comércio e o encurtamento das distâncias entre as cidades, os moradores passaram a trabalhar em Campos e outros lugares próximos e na década de 1990, o movimento central e o Carnaval tiveram um apelo maior. No final daquela década, a Prefeitura passou a dar toda infra-estrutura, incluindo shows nacionais, tanto na festa da padroeira como no Carnaval. A comunidade acostumou-se a depender do poder público e cada vez exige mais nas festas.

Critica o poder público pela realização de shows e pede (exige) cada vez mais… shows. E a Prefeitura deu tudo até o ano passado, mesmo com a reclamação dos moradores que desejam sempre mais… shows. Agora, a Prefeitura, pelo que vejo, não cedeu estrutura nem shows. A comunidade mostrou que é possível realizar uma festa popular sem ajuda de terceiros. Nada mais justo, porque o Carnaval, por exemplo, é uma festa eminentemente popular. Parabéns ao povo de Santa Maria! Só não entendo as críticas ao poder público por não dar dinheiro para o Carnaval.

Lembro o que todos sabem, todas as comunidades (muitas centenas delas, incluindo distritos, localidades, bairros) pedem shows e estrutura para suas festas. Santo Eduardo, por exemplo, vizinho a Santa Maria, tem uma história similar, de exigências e, mesmo atendidas, reclamações. O correto é uma festa popular ser promovida e organizada pela população. O poder público deve incentivar, fomentar, e apoiar. Não patrocinar, como desejam os moradores das localidades.

Reconheço que o show e a festa, unem a comunidade, de tal maneira que ela é capaz de fazer protestos pelo pouco apoio ou nenhum apoio financeiro. Não despendem o mesmo esforço para uma creche, uma escola, um posto de saúde (sei que em Santa Maria tem tudo isso, mas é apenas para registrar que as comunidades se unem para exigir o que criticam, quando é dado).

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