Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sábado, 20 de outubro de 2012

Sérgio Cabral quer derrubar o Museu do Índio


O JB traz reportagem de Caio de Menezes sobre o anúncio da derrubada do prédio construído em 1862 e que abrigou o Museu do ìndio (nome pelo qual é conhecido) criado por Darcy Ribeiro. O anúncio da derrubada do prédio histórico, mas ainda não tombado pelo Patrimônio Histórico, foi feito pelo governador Sérgio Cabral que disse ser uma exigência da FIFA para a Copa do Mundo de Futebol. A FIFA já desmentiu o governador, mas sem um movimento de intelectuais e indigenistas em favor do Museu do Índio, o prédio será demolido para virar estacionamento. 
A reportagem do JB destaca o antropólogo Mércio Gomes, ex-presidente da FUNAI, amigo de Darcy Ribeiro e autor de diversos livros sobre a questão indígena e que escolheu o Museu do ìndio  para lançar seu mais recente livro, editado pela Vozes, Índios e o Brasil. Mércio Gomes, que é professor da UFRJ diz que o governador não tem conhecimento histórico nem lealdade com os índios.

Segundo o antropólogo, "aquele prédio, erguido em 1862, é o alicerce do indianismo rondoniano. Marechal Rondon recebia os índios ali. Naquele local o indianismo começou a ser pensado". Mércio visitará os índios (que moram no prédio)na próxima segunda-feira (22/10). Além da importância histórica do prédio, Mércio destacou a função atual do imóvel. O antropólogo também sugeriu possíveis destinações e alternativas para o espaço.
"Desde o século retrasado aquilo é a porta de entrada para índios que vêm viver no meio urbano. É o porto seguro, onde mantêm viva sua cultura", disse. "Por quê em vez de demolir, não transformar o imóvel em um centro de cultura indígena? A cultura indígena é uma marca do Brasil, atrai milhões de pessoas em todo o mundo. Seria uma grandiosa atração para torcedores e turistas da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Melhor do que dar ingresso de graça, é criar essa instituição que proporcione dignidade aos índios que vivem no Rio".

O prédio é um imóvel centenário que foi sede do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), criado pelo Marechal Rondon, e deu origem à Fundação Nacional do Índio (Funai). Mais tarde, o prédio histórico abrigou, também, a primeira sede do Museu do Índio, fundado por Darcy Ribeiro, posteriormente transferido para Botafogo. No entanto, como não foi tombado por nenhum órgão, embora todos reconheçam o seu raro valor tanto para a história quanto para a cultura indígena e da cidade do Rio de Janeiro, o local encontra-se hoje em ruínas.
Desde 2006 o imóvel está ocupado por índios de diversas etnias. A "Aldeia Maracanã", como eles denominaram o local, tornou-se uma referência nacional para o indígena que chega à cidade. Os cerca de vinte índios, que moram na área onde construíram casas de barro e ocas, reivindicam a criação no local de um pólo de cultura para a preservação dos usos, tradições e costumes do povo indígena.
A manutenção do edifício é importante para eles, não só pela sua relação histórica com os índios, mas também por ter sido construído e habitado pela tribo Maracanã, que dá nome ao rio que passa nas imediações e ao estádio, cuja reforma pode vir a ser a causa da expulsão definitiva dos indígenas.
SAIBA MAIS SOBRE A "Aldeia Maracanã"
O Centro Cultural Indígena está localizado no Antigo Museu do Indio (entrada pela Radial Oeste, portão verde),  próximo ao Maracanã. O primeiro proprietário do imóvel, o Duque de Saxe, em 18 de julho de 1865, doou o espaço à União para transformá-lo num centro de pesquisa sobre a cultura indígena. O antigo Museu do Índio foi inaugurado em 19 de abril de 1953, mesma data em que Darcy Ribeiro conseguiu criar o Dia do Índio.   
Em setembro de 1984, a União cedeu o imóvel à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que, em 1986, deixou-o nas mãos do Ministério da Agricultura. Atualmente, integrantes do Centro Cultural Indígena, de várias etnias indígenas, cuidam do espaço, transformando as tardes de sábado num ponto de cultura dos povos originários, com pinturas corporais, danças (Toré), comidas típicas, contação de estórias nativas brasileiras, entre outras atividades.

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