Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Alunos da rede pública não aprendem matemática

O desempenho dos alunos das esolas públicas em matemática está muito abaixo dos alunos das mesmas séries (3º e 5º anos) das escolas privadas. A Prova ABC constatou o que os educadores de todo o país já sabem, ou seja, que há um descompasso entre o que é ensinado e o que é aprendido nas redes públicas do ensino fundamental. A prova mostrou que somar e subtrair ainda é um problema na escola pública, na qual os alunos atingiram 32% e na escola privada, 75% de acertos.


Os analistas, de posse dos dados, cobram mais investimentos por parte dos governos, principalmente do governo federal, na educação básica. Também culparam as prefeituras em geral, pois, independentemente de ajuda federal, elas devem investir em educação. E, obviamente, criticaram duramente os cursos de formação de professores das faculdades, que também não ensinam matémática nem ensinam a ensinar matemática.
Estes dados analisados foram apresentados hoje (25) na divulgação do resultado da Prova ABC, que avaliou a proficiência de 6 mil alunos de 250 escolas públicas e privadas das capitais do país.

 
Apenas um terço (32,58%) dos alunos da rede pública alcançou o índice de 175 pontos que corresponde ao conhecimento esperado dos alunos desta série segundo escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A Prova foi feita com alunos de 1º ao último segmento do ensino básico e a diferença entre a pública e a privada é gritante, reduzindo um pouco no ensino médio.

 
Para o professor Ruben Klein, consultor da Cesgranrio, é urgente a necessidade de se promover políticas públicas de incentivo a aprendizagem de matemática desde a alfabetização. “Esses dados apontam que os baixos desempenhos em matemática apresentados nas pesquisas feitas com alunos que estão terminando o ensino fundamental e, posteriormente, o ensino médio, já começam a serem traçados nos primeiros anos da vida escolar.

 
Klein salienta que alfabetização não é apenas saber ler e escrever, mas também saber fazer contas de somar e dividir. Na opinião do consultor, a formação de professores que trabalha na rede pública também prejudica o desempenho dos alunos. “Muitos desses professores fizeram o curso de pedagogia e eles próprios não aprenderam matemática corretamente. Dizem que têm como missão ensinar a ler e a escrever. Trabalhar com matemática é uma dificuldade para eles.”

 
O mesmo pensa Elon Lages Lima, pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), para quem o aprendizado da criança com os números e as operações matemáticas são a base para uma boa educação e organização de métodos de aprendizagem. “Para estudar matemática precisa de certos hábitos de disciplina, organização, interesses e organização”, destaca Lima.

 
“Estudo da matemática requer esses hábitos. É um estudo sequencial. No estudo de história o aluno pode errar ao dizer que Cristóvão Colombo descobriu o Brasil, mas pode aprender que Dom Pedro I proclamou a Independência. Agora, em matemática, se a criança não souber somar ou subtrair não vai aprender a multiplicar e dividir. E não vai aprender as equações exigidas nas séries seguintes.”

 
Leal também vê no investimento na formação dos professores um problema crônico da educação brasileira. “As escolas públicas são mal remuneradas, professores são os que se submetem a salário aviltante. Mesmo assim, para se saber a matemática elementar não é preciso nenhum dom especial.”

 
Em nota, Malvina Tuttman, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação, afirma que "a Prova ABC mostra qual é o estágio do processo de alfabetização do país e desafia o MEC a investir mais ainda nos três primeiros anos do ensino fundamental com o objetivo de cumprir a meta do Plano Nacional de Educação".


O que ninguém disse é que os alunos das escolas públicas, em quase sua totalidade, são pobres, muito pobres e miseráveis, sem famílias em condições de lhes proporcionar a obtenção de cultura, sem condições para ensinar-lhes o beabá e o dois mais dois. O professorado é fraco, em geral, mas a clientela desse professorado não tem as condições necessárias de aprendizagem como tem a clientela dos professores das escolas particulares. 
(Com base em texto do G1) 

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