Fidel Castro, que hoje completa 85 anos, foi uma das figuras públicas mais adoradas e temidas no mundo. Os americanos do norte, via Central de Inteligência (a CIA) tentou matá-lo centenas de vezes, de todas as formas imagináveis, inclusive subornando assessores do líder cubano. Em vários países africanos, era endeusado e líderes do porte de Mandela faziam reverência a ele, pela importância que teve nas lutas pela independência.
Muita gente fala sobre Fidel. Ou endeusando ou endiabrando. Mas poucos sabem sobre ele. Poucos sabem da revolução cubana e as transformações de uma ilha que era tal e qual o Haiti e, mesmo paupérrima, pois sem riquezas naturais, conseguiu ter o melhor sistema de saude da América Latina, a melhor educação e o menor índice de criminalidade. O Haiti, ao contrário, é o que é. Além de tudo, poucos sabem do grande mal causado ao povo cubano pelo cerco econômico que sofre há meio século.
Nenhum povo aguentaria tanto, sem cair na mais absoluta miséria. Cuba resistiu e se prepara para os novos tempos. O que falta na ilha é dinheiro, pois seu povo é educado, politizado. Nas artes e nos esportes, foi exemplo durante décadas, superando Argentina, Brasil, Chile... mas o preço para tudo isso é cobrado com uma campanha difamatória permanente por cubanos exilados. E parte do mundo "democrático" prefere chamar Fidel de ditador.
A história está aí, para ser estudada e, de acordo com a ideologia e a cultura de cada um, que sejam tiradas as conclusões. Eu prefiro comparar as duas ilhotas para saber quem tem razão: Cuba e Haiti.
Abaixo, trechos de matéria publicada hoje no site R7:
Foto: Javier Galeano/19.04.2011/AP
"No ano passado, ele abdicou ao último cargo de liderança que ainda detinha, o de secretário-geral do Partido Comunista. Agora, sobrou para o seu irmão Raúl a gigantesca missão de reformar o esgotado modelo econômico socialista que vigorou na ilha durante meio século sob o comando de Fidel.
Cuba vai celebrar o aniversário com uma "serenata" de músicos famosos, transmitida pela TV. Os organizadores disseram nesta semana que não sabem se Fidel estará presente.
O líder revolucionário ascendeu ao poder em 1º de janeiro de 1959, quando o ditador Fulgencio Batista fugiu do avanço da guerrilha que havia se espalhado pela ilha a partir da Serra Maestra, no extremo leste do país.
Como presidente cubano, ele sobreviveu a nove presidentes dos EUA; a cinco décadas de hostilidade norte-americana; a decadência da grande aliada União Soviética e o ressurgimento da esquerda na América Latina, até que em julho de 2006 foi submetido a uma cirurgia intestinal de emergência e sofreu complicações das quais nunca se recuperou totalmente.
Ele transferiu o poder ao irmão Raúl - primeiro provisoriamente, e depois, em fevereiro de 2008, de forma definitiva.
Mesmo assim, é ativo na publicação de seus artigos na imprensa sobre os problemas mundiais - já somam 361 desde o seu retiro na casa da zona oeste de Havana – e se tornou um “tuiteiro de carteirinha”.
Revolucionário é sobrevivente entre protagonistas da Guerra Fria
O filho de um imigrante galego latifundiário com uma camponesa cubana, nascido em Birán (sudeste), Fidel chega aos 85 anos como um dos únicos sobreviventes entre os protagonistas da Guerra Fria (entre o fim da década de 1940 até 1991). Governou sempre confrontado aos EUA, país que até hoje mantém o embargo econômico a Cuba, imposto em 1962.
Inimigos em Miami e Washington apostavam que a revolução em Cuba desapareceria quando morresse. Mas sua doença levou a uma sucessão em vida que criou um cenário não previsto por ninguém. Para analistas, está em curso a transição ordenada numa Cuba diferente do modelo de Fidel, e sem os distúrbios prognosticados. Mas permanece a pergunta: o que acontecerá na ilha quando ele morrer?
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