Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







terça-feira, 23 de agosto de 2011

Diplomacia brasileira constata abuso das forças aliadas na Líbia

Uma comitiva brasileira viajou à Líbia para acompanhar os conflitos e elaborar um relatório que permita à chacelaria brasileira emitir uma opinião segura sobre os mesmos e auxiliar o governo brasileiro a tomar uma posição com relação àquele país e as forças internacionais que foram para lá para "evitar atrocidades e mortes de civis".


Segundo os observadores brasileiros, as resoluções da ONU ratificadas pelo governo brasileiro autorizam apenas ações militares que "visassem a proteger os direitos das populações civis e impedir o uso desproporcional de força, sobretudo a aérea, contra protestos desarmados".


Mas o que foi constatado é que as forças da ONU, na verdade uma intervenção militar da Otan, extrapolaram e passaram a apoiar abertamente os manifestantes contrários ao governo. E ficou claro que o regime de Kadhafi deve cair não por força dos rebeldes, mas sim pelo poder bélico dos "aliados democratas", que mata indiscriminadamente, inclusive os rebeldes aos quais apoiam. 


A Otan era para atuar na Líbia para evitar supostos ataques contra civis que estariam sendo cometidos pelas tropas fiéis a Kadhafi, mas passou a armar as forças rebeldes, sem dar oportunidade à população de decidir se quer manter ou derrubar o governo.


No relatório, a comissão diz que: "Houve, durante esses meses, inúmeras manifestações internacionais, sobretudo por parte da República Russa e da União Africana, de que tal mandato (ratificado pelas resoluções da ONU), ao ser extrapolado com ações bélicas que visavam enfraquecer e vulnerar o governo da Republica Líbia, estaria se configurando um ato de abuso de força e, na prática, de intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) naquele país".


A chancelaria brasileira disse à delegação não ter observado manifestações populares, em Trípoli, de apoio ao movimento rebelde. "Havia, ao contrário, restrições ao chamado movimento rebelde mesmo entre aquelas pessoas que não apoiavam o comportamento de Muammar Kadhafi"."


Ninguém divulga (da mesma forma que não divulgaram as estatísticas iraquianas sobre o nível de vida do povo) que a Líbia é uma sociedade onde a maioria da população tem bons níveis de bem-estar, inclusive com políticas públicas de educação, saúde, habitação gratuitas e como a maior renda per capita do continente Africano (título que já coube ao Iraque antes da Guerra do Golfo e as sanções impostas àquele país). Mas isso não importa. O que importa é que "o mundo vai respirar melhor sem Kadhafi, assim como respira melhor sem Sadam". Quanta ironia! 

Nenhum comentário: