Não é gratuita a série de comentários de Lula sobre Garotinho, quando ele fala aos seus correligionários, dando a entender que Garotinho tem que ser contido, contestado, cerceado. Na análise da colunista do JB Ana Paula Siqueira, Lula está trabalhando para ser candidato à sucesão de Dilma Roussef, no pleito de 2014.
Líderes sindicais ligados ao PT já estariam atuando no sentido de formalizar a proposta. Para quem acompanha a política, não é novidade essa especulação. Na verdade, Lula, ao contrário de Figueiredo, que pediu: "me esqueçam", quer ser lembrado diuturnamente. E está sendo, com participações em reuniões no Planalto, com lideranças nacionais e internacionais e até representando o governo em algumas ocasiões, além das palestras amplamente divulgadas.
O temor de Lula a Garotinho, como ocorreu em 2006, é que o ex-governador do Estado do Rio, além de ser um nome nacional, é a única liderança popular que pode fazer frente a ele, num pleito. Lula leva uma vantagem: a de ter sido bem avaliado ao sair do governo e eleger a desconhecida do povo brasileiro Dilma Roussef. E, caso Dilma tenha a popularidade em alta em 2014, a vantagem aumenta sobre qualquer concorrente.
Todavia, Garotinho está em ascensão na política nacional, com o dinamismo de sua atuação parlamentar e o fracasso do governo de Sérgio Cabral. Além disso, representa o novo, enquanto Lula sofre o desgaste do próprio tempo, pois, além de dois mandatos, vai ser atribuído a ele o atual. Em suma, quem pode, hoje, fazer frente a uma candidatura de Lula é Garotinho, que não fala em candidaturas nem incita seus correligionários a acender a chama com vistas a 2014. Segundo ele próprio, querr exercer bem o seu mandato parlamentar.
Mas a questão está posta e Lula e o PT (e seus aliados) devem escolher um candidato contrário, numa estratégia para tirar o Garotinho do páreo. Pelo menos, da mídia. E esta sabe fazer bem esse papel. Resta a Garotinho manter-se no topo, como agora, e torcer para que seu partido não faça como o PMDB em 2006, que abdicou de candidatura própria e negociou o apoio ao governo.
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