Evaldo Braga foi, durante um curto período (1968/1973) um dos ídolos mais queridos da música popular brasileira. Em disputa de idolatria no Chacrinha, perdeu para Roberto Carlos , em segundo lugar, acabou ganhando o título que o acompanhou até a morte: "ídolo negro".
Como foi abandonado pela mãe numa lata de lixo, quando tornou-se cantor, teve como maior (ou um dos maiores) sucesso a música "Eu não sou lixo". Morreu aos 24 anos de idade, em acidente que foi provocado (segundo testemunhas) por seu motorista, que tentou uma ultrapassagem perigosa na antiga BR-3, hoje, BR-40.
Humberto Rangel, que está sempre tentando recuperar, valorizando, a memória de campistas importantes no cenário estadual e brasileiro, escreveu o texto abaixo que dee ser lido por quem dá importância ao nosso passado e aos campistas que se projetaram. Maioria das vezes superando os sacrifícios de uma vida dura, cruel, a começar pelo nosso maior nome histórico, José do Patrocínio. Mas vamos ao texto
"O Sesc Campos, com a curadoria do fotógrafo e pesquisador Wellington Cordeiro, realizou durante o mês de setembro, uma homenagem à música brega, com direito a shows, exposições, documentários e palestras. Na ocasião, recordamos um período bem marcante da música popular brasileira.
Dentre os ídolos focalizados, tivemos um capítulo especial sobre o campista Evaldo Braga, um dos ícones daquele período. Negro, nascido de uma mãe prostituta que trabalhava na rua do Vieira, a principal zona de prostituição popular de Campos, naquela época. Nascido em 28 de setembro de 1948, Evaldo foi abandonado pela mãe em uma lata de lixo e recolhido por uma freira que o levou para o Igreja Mãe dos Homens, onde havia uma roda dos expostos, para o recolhimento de criança abandonadas.
Depois foi levado para o Rio de Janeiro, onde foi internado no antigo SAM – Serviço de Amparo ao Menor –. o local adquiriu uma fama tão ruim, que teve de mudar o nome para Funabem, o que também não ajudou muito para mudar a tal fama. No SAM, disputava a fama com outro menino de quem teria um futuro melhor. Ele como cantor e o colega como jogador de futebol. O nome dele? Dario Maravilha, atacante que fez história e foi parar na Seleção Brasileira, sagrando-se campeão do mundo em 1970. Podemos dizer que ambos adquiriram fama e sucesso.
Já para Evaldo, a vida continuava dura. Mas ela resistia firme. Trabalhou por muito tempo como engraxate nas ruas do Rio de Janeiro e assim conheceu vários artistas, entre os quais Nilton César, que lhe ofereceu a primeira chance de emprego no meio artístico, passou a ser divulgador do mesmo. Com isto, trabalhando no meio, conheceu Édson Wander, para quem compôs em 1968, o sucesso “Areia no meu Caminho”.
Sua vida e as dificuldades que tinha enfrentado, passou a ser inspiração para os seus futuros sucessos, entre os quais: “Eu Não Sou Lixo” -inspirada em sua história pessoal -, “Nunca Mais”, “A Cruz Que Carrego”, “Mentira” e o mega sucesso e o clássico da música brega “Sorria, Sorria”. Foram cinco LPs lançados e dezenas de compactos. A maioria vendendo mais de 100 mil cópias.
Era um cantor de sucesso e a “Discoteca do Chacrinha”, com a participação do público de todo o Brasil, realizou um concurso para eleger o Rei da música brasileira. Ganhou o Roberto Carlos, ídolo da Jovem Guarda e Evaldo Braga, o “Ídolo Negro”, ficou em segundo lugar. Pois é, o Evaldo quase foi o Rei de nossa música.
Abandonado na infância, ele não imaginava o quanto era querido. No dia de sua morte, 31 de janeiro de 1973, vitima de um acidente automobilístico na trágica BR 3, hoje BR 40, em Três Rios, no auge do sucesso, foi preciso a presença da tropa de choque da PM, para conter a multidão nos arredores e dentro do Cemitério São João Batista, onde foi enterrado.
Infelizmente não reconhecido em sua terra natal, como tantos outros campistas, ainda hoje algumas pessoas torcem o nariz ao ouvir o seu nome ou o cantarolar de alguns de seus sucessos. Ora, gostem ou não, Evaldo é parte marcante da história da música brasileira. Foi um ídolo que todo o Brasil cantou dançou e amou."
2 comentários:
Sejamos francos.
O Rei Roberto ocuparia um belo segundo lugar se não fossem questões preconceituosas que imperavam nas midias da Época.
Grande som!
Quando eu estiver proximo do fim, quero olhar para traz e ver que durante minha vida toda eu provoquei mais sorrisos do que choros, não pra ter uma justificativa para a "salvação" com coroa na cabeça andando em ruas de ouros, ou ir pra um lugar cheio de virgens e suas inesperiências. Deus me livre desses devaneios. Quero saber que fiz as pessoas sorrirem pelo simples fato que sorri faz bem, e pelo sorriso pude entrar e sair de tantos corações, mentes, almas, sem causar nenhum dano a esses corpos. E assim, quando a morte bater na minha porta, eu abrirei, olharei em seus olhos, e só terei um unico pensamento.
FUDEU!
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