Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Um possível conflito armado Argentina/Inglaterra pode envolver o Brasil


O anúncio de mais uma jazida de petróleo nas ilhas Malvinas, "um depósito de qualidade que fica na margem alta das expectativas" (segundo a exploradora Rockhopper, empresa inglesa), deverá fazer ressurgir a disputa pelo território entre ingleses e argentinos e não está descartada a hipótese de um novo conflito armado.  

Malvinas ou Falklands? Eis a questão! Sim, porque as ilhas pertencem aos britânicos que as denominaram Falkland Islands. Mas estão em território reivindicado como seu pela Argentina. É um arquipélago formado por duas ilhas principais e aproximadamente outras 700 ilhas menores, com todas as ilhas somando uma área total de 12.173 km².

O nome "Falklands" foi dado por John Strong em 1690, em homenagem ao Visconde de Falkand, que era uma cidade na Escócia, enquanto o nome "Malvinas" deriva do nome francês Îles Malouines, dado em 1764 por Louis Antoine de Bougainville em referência à cidade francesa de Saint-Malo.

A soberania sobre as ilhas é reclamada pela Argentina desde o século XIX. Em 1982, argentinos e britânicos travaram a Guerra das Malvinas pela posse do território. Apesar da vitória militar britânica no conflito, o que gerou um movimento interno contra o governo ditatorial argentino, que sucumbiu em 1983, os argentinos mantêm a reivindicação de soberania até hoje.

Os moradores da ilha, em quase sua totalidade constituída de ingleses, querem continuar, é claro, sob o domínio inglês. E, após o conflito armado de 1982, o território tem uma constituição própria, aprovada em 1985. Registre-se que, durante o conflito, o Jornal do Brasil só se referia às ilhas como Falklands.

Em 2001, o primeiro-ministro britânico Tony Blair foi o primeiro a visitar a Argentina desde a guerra. Mas no 22º aniversário da guerra, o presidente argentino Néstor Kirchner proferiu um discurso no qual disse que as ilhas eram parte do território de seu país. Em 2003 o assunto foi levado ao comitê das Nações Unidas.

Em 2009 a Argentina reagiu, quando os ingleses iniciaram a exploração de petróleo na região, gerando, inclusive, protestos dos países sul-americanos como Venezuela e Brasil. O governo argentino argumentou que a passagem de navios e a exploração em plataformas viola seu território, fato negado pelo trono inglês.

Há um clima geopolítico pesado sobre o tema, nas possíveis consequências de uma nova guerra e no envolvimento de países aliados ao governo de Cristina Kirchner. A Inglaterra ignora o assunto, numa estratégia de esperar aonde tais desdobramentos chegarão e afirma a soberania do seu território com constantes exercícios militares e intercâmbio de civis ingleses na região.

Para evitar um novo conflito armado, sabendo de sua desvantagem bélica (até porque os ingleses devem contar, mais uma vez, com apoio dos Estados Unidos, o governo argentino vem tentando a todo custo buscar apoio para a questão.  No ano passado o então presidente Lula assinou uma declaração ao lado da presidente da Argentina, em que o Brasil se compromete a reconhecer que não só as Ilhas Malvinas, mas também a Geórgia do Sul e Sandwich do Sul pertencem aos argentinos.  Apoio similar foi dado pelo governo uruguaio.

Os ingleses fingem de nada saber. Mas estão preparados para qualquer enfrentamento. Ainda mais agora com a descoberta de mais petróleo na região. Há os que temem uma nova guerra que possa, dessa vez, envolver países sulamericanos como o Brasil, a Venezuela e o Uruguai. O caso deve ganhar a mídia em breve e os ingleses serão forçados a se pronunciar.

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