Meu amigo, o jornalista e blogueiro Ricardo André, postou, ontem à noite, em seu blog, elogios a um comentário do professor Roberto Moraes, para quem Garotinho emparedou a justiça, insinuando que, com isso, conseguiu manter Rosinha no cargo.
Tamanho absurdo, elogiado por um jornalista reconhecido como Ridarco André, mereceu um comentário meu que reproduzo aqui, por considerá-lo pertinente. Não pelo texto do professor Roberto, mas sim, porque se Ricardo André aceitou a análise de Roberto, eivada de um sentimento que não quero aqui externar, outros podem ter a mesma opinião que ele.
Ricardo, caro amigo!
Da maneira como você coloca a questão envolvendo a juíza que julgou a ação contra Rosinha, corroborando com o professor Roberto Moraes, induz o leitor a aceitar o inaceitável, ou seja, que a "Justiça" não pode ser contestada nas ruas.
Sabemos nós que o poder judiciário não está acima do bem e do mal, embora os seus membros acreditem que sim. No caso em questão, Garotinho não emparedou a "Justiça" nem poderia. É superestimar o poder de Garotinho ou de qualquer outro líder político. A juíza criticada é que criou o problema (grave) de prolatar uma sentença cujo resultado já era conhecido.
Perceba que não foi contestado após o julgamento e sim, muito antes. Se fosse após, poderia dizer que Garotinho estava "emparedando" a juíza porque havia discordado de sua decisão. Mas foi antes e com razões expostas que são incontestáveis: a juíza não tem nenhuma experiência na esfera eleitoral para julgar a ação.
Um caso que virou notícia nacional, tratando-se de interesses de uma cidade da importância de Campos no contexto político estadual e nacional e, ainda, que havia chegado ao TSE e retornado a Campos, após o afastamento de uma prefeita por sete meses, não poderia ser julgado por qualquer um. E a juíza nomeada para a 100ª só é juíza há menos de um ano. É como você colocar um foca na chefia da redação de um jornal de circulação nacional.
Você mesmo postou a notícia da liminar do TRE e mostrou quem é o desembargador que decidiu. Independentemente de questões políticas, e do seu julgamento, que poderia ter sido desfavorável à prefeita, não se poderia contestar a competência do desembargador. Ao contrário da juíza, cuja competência é, não só discutível, como também passível de duras críticas por sua inexperiência e pelo fato da sentença já ser conhecida muito antes do anúncio de sua decisão.
Se aceitássemos passivamente uma decisão judicial errônea ou injusta, eu estaria preso. Você e tantos outros colegas jornalistas foram às ruas me defender de uma prisão injusta. Poderia dizer que emparedaram a "Justiça" com as manifestações de rua. Mas não. Vocês estavam me defendendo porque prender um jornalista por externar sua opinião (e sem nada que caracterizasse ofensa ao juiz ou a quem quer que fosse) é injusto, ditatorial, violento. Criminoso até.
As manifestações contra tamanha injustiça contra mim ganharam o mundo e eu fui solto. Poderia dizer que vocês emparedaram a "Justiça"? Não. Nem tinham esse poder. Poderia sim, dizer que vocês cobraram uma decisão justa. O Judiciário preferiu me soltar, mas não me absolver. A campanha parou, mas estou devendo mais de R$ 200 mil de indenização aos que me perseguiram usando o Judiciário.
Você sabe que raramente falo sobre aquele episódio que me levou à prisão, mas não me contive quando você corroborou com o artigo do professor Roberto Moraes. A ele não contesto, porque os franco-atiradores são perigosos, ficam a espreita e atiram quando convém em quem convém. Não se mostram nas ruas, não vão para o embate público para falar o que pensam do povo para o povo. É cômodo ser franco-atirador.
Mas a você, meu irmão, eu me dou o direito de contestar ou elogiar. Criticar o nosso grupo é um direito, mas você sabe que a nossa cara é posta nas ruas para receber o afago ou o tapa. Podemos errar, mas sempre de maneira clara, explícita.
Garotinho não contestou a "Justiça", mas sim a juíza nomeada para decidir sobre uma ação que gerou polêmica e que deveria ser julgada por alguém experiente. A antecipação do resultado é de conhecimento público. Portanto, não houve emparedamento.
Espero ter conseguido deixar clara a minha argumentação que está inserida no contexto da razoabilidade e sem paixão. Já passei dessa fase. Até amoleci com a velhice.
Com carinho e respeito que sempre nutri por você,
Avelino Ferreira
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