Até tu, Gabeira?

Que Sérgio Cabral faça coro com os que desejam o linchamento político da família Garotinho é compreensível. Mas o Gabeira também entrou nessa, trabalhando para unir um grupo político que possa disputar uma eleição extemporânea. E dele, tal atitude não é aceitável. Não somente como cidadão, como político, mas também pelo seu passado. Entendo que qualquer pessoa honesta e que deseja manter sua honestidade política, sendo, antes de tudo, cidadã, deveria opinar (e, quem sabe, lutar) em favor da democracia, da aplicação correta das leis. E, neste caso, exigir o retorno de Rosinha à Prefeitura. O que estão fazendo com ela é: abuso do judiciário levado às últimas consequências. Cassar uma prefeita por entrevista em rádio, acusá-la de abuso de poder econômico se nem cargo público exercia na época da ação proposta por Arnaldo Vianna (este sim, cheio de processos na Justiça, alguns insanáveis), tornar Garotinho inelegível por tê-la entrevistado, quando ele era apenas um radialista, tudo isso é inaceitável do ponto de vista jurídico. Forçar a barra para que haja eleições é aceitar o abuso da Justiça Eleitoral. É concordar com a injustiça. Rosinha tem as mãos limpas. Foi governadora do Estado e saiu pela porta da frente. As tentativas de macular sua administração foram rechaçadas pela população e pelo Judiciário. Fez uma campanha limpa para a Prefeiutura de Campos e venceu a eleição no primeiro e no segundo turno contra uma máquina da corrupção. Administrou por um ano e meio sem que haja uma mancha sequer em sua administração no município. Como pode ser cassada? Arnaldo "conquistou" a maioria dos vereadores, levou-os para um sítio, onde ficaram até o dia e hora da votação de sua cassação. Entrou na Câmara (com sua mulher, Ilsan Viana) junto com os vereadores e eles votavam e retornavam à sala onde estavam Arnaldo e Ilsan como a dizerem: "missão cumprida, chefe!". Ou: "cumprimos o trato, chefe!". Quanto custou tudo isso a gente não sabe, mas ele não foi cassado pela Câmara, embora suas contas tenham sido rejeitadas pelo TCE. Arnaldo foi cassado pela Justiça e, horas depois, mesmo com todas as acusações de corrupção (ações do Ministério Público), conseguiu uma liminar "em Brasília" e manteve-se no cargo. Com as milhares de contratações às vésperas da eleição de 2004, colocou seu candidato no segundo turno no lugar de Paulo Feijó. E, no segundo turno, comprando todo mundo (quase), ganhou de Pudim, que havia vencido o primeiro turno. Seu candidato, Carlos Alberto Campista, foi cassado cinco meses depois, não por seus erros, mas pelos erros de Arnaldo, por abuso de poder econômico mas, principalmente, pelas milhares (24 mil) contratações. Entrou Mocaiber que, na Telhado de Vidro, foi afastado e, junto com empresários, secretários e assessores presos, quase foi depor na Polícia Federal algemado. Conseguiu em Brasília uma liminar e retornou à Prefeitura 43 dias depois, ficando até o fim do mandato. Essa mesma Justiça cassa a prefeita e se nega a conceder-lhe uma liminar para responder à ação no cargo. Registre-se que não é uma ação por improbidade, por corrupção, por roubo, como nos casos de Arnaldo e Mocaiber. É uma ação proposta por Arnaldo por ela ter usado o rádio antes da campanha eleitoral de 2008. Quem está a favor do TRE não pode estar a favor da democracia, do Direito. Mas a população tem se reunido em torno de suas lideranças e realizado atos e mais atos em solidariedade à prefeita eleita de Campos e pelo seu retorno à Prefeitura. Veremos o que os ministros vão decidir na volta do recesso. Esperamos que seja uma decisão justa. E é o que esperava que Gabeira fizesse, ou seja, exigisse da Justiça Eleitoral um tratamento justo à ex-governadora.