Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sábado, 10 de julho de 2010

Dilma, quem te viu, quem te vê!

Que o PT não é mais o mesmo, em sua essência, todos nós sabemos. Há muito o Lula, fruto dos intelectuais do PT (este, fruto de um golpe do Golbery no Brizola), deixou os ideais partidários de lado para pairar sobre as legendas e sobre os princípios que cada uma defende, em tese. Saiu dos trilhos, até porque só viaja de avião. Sua candidata à Presidência da República seguiu seus passos. O ideal do Brizola, de um Brasil para todos e não apenas para os banqueiros, para as elites escravocratas, estava em dissonância com os novos apelos capitalistas, pelos quais os próprios pobres se matam para atender as necessidades que esse capitalismo criou. Por isso mesmo Dilma mudou radicalmente sua prática, mantendo o discurso. Como leão de circo, que ruge apenas para satisfazer o público, mas não assusta nem crianças. Lula, Dilma, assim como outros "radicais" de um passado recente renderam-se ao discreto charme da burguesia. Não para as necessárias negociações políticas, normais numa democracia. Mas sim na tentativa de, "finalmente", serem aceitos pelas elites as quais fingem combater. E essas elites os têm como filhos rebeldes que "amadureceram", compreenderam que "o mundo é assim mesmo" e, com "o peso das responsabilidades", aceitaram o destino. Perdoam a rebeldia da juventude. Não seria necessário nada que escrevi até agora, mas apenas reproduzir (como faço, logo abaixo) trecho da matéria do JB da nota de Hildegard Angel sobre "o almoço para Dilma na casa de Dona Lily Marinho": "Ela fez um progresso extraordinário", comentou uma de nossa mesa. Fiquei na dúvida se Dilma realmente fez progressos ou se éramos nós que, até então, desconhecíamos seus talentos de sedução e de oratória. Éramos 12 àquela mesa. A homenageada à direita da anfitriã (Lily Marinho). A economista Maria da Conceição Tavares, a escritora Nélida Piñon, a cineasta Lucy Barreto, a museóloga Magali Cabral, mãe do Sérgio governador, Consuelo, a mãe do prefeito Eduardo Paes, Maria Lúcia Jardim, mulher do vice Pezão, Marcela Temer, mulher do deputado vice na chapa de Dilma, Andréa Agnelli, mulher do Roger, presidente da Vale, Maria do Carmo, a sra. Marcos Vilaça, presidente da ABL, e esta jornalista. As demais quatro mesas não tinham lugares marcados. Lily inspirou-se num jantar de Nelson Rockefeller e sorteou entre as presentes seus lugares nas mesas presididas pela mineira Angela Gutierrez, a curitibana Margarita Greca, a embaixatriz Maria Thereza Castelo Branco, uma habituée do Cosme Velho, e Vera Lúcia, a sra. Oscar Niemeyer. Todas tinham algo simpático a dizer à candidata. A embaixatriz Glorinha Paranaguá, ao ser apresentada, contou-lhe que foi seu filho jornalista, que vive em Paris, quem escreveu a grande matéria a seu respeito publicada no jornal Le Monde. Algumas até lhe levaram presentes, como costuma acontecer em almoços femininos. Dilma sentiu-se definitivamente em casa, no Cosme Velho.

Um comentário:

Paulão de Goitacazes disse...

A bandeira vermelha perdeu a cor, a estrela se apagou e o macacão foi abandonado, e o povo a cada dia mais pobre e humilhado.