Documentos que comprometem Havelange e Teixeira no
maior escândalo de corrupção no futebol serão abertos em 30 dias
Pouco mais de uma semana após o presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmar que uma medida judicial impedia a divulgação dos documentos do caso ISL --que pode comprometer o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o presidente de honra da própria Fifa, João Havelange, segundo a rede britânica BBC--, uma novidade promete agitar o assunto, considerado o maior escândalo de corrupção da federação internacional.
O jornal suíço "Handelszeitung" publicou nesta terça-feira que um tribunal do país rejeitou a ação que bloqueava os documentos. E que, com isso, eles serão abertos em até 30 dias, caso nenhum dos dois cartolas envolvidos recorra da ação.
Os papéis tratam da falência da ISL, ex-parceira de marketing da Fifa, e mostraria que os dirigentes receberam US$ 100 milhões (R$ 186 mi) em subornos. A Folha procurou a assessoria de imprensa da federação, que confirmou as informações.
"A Fifa soube da decisão da Suprema Corte do cantão de Zug e não vai recorrer, até porque esse é o posicionamento da entidade e do presidente Blatter", respondeu. Também procurada, a CBF se limitou a dizer que a nova decisão é "indiferente". Segundo a BBC, Teixeira e Havelange estão envolvidos no caso, que permanece sob sigilo judicial na Suíça. Por causa de seu teor, poderiam até ser expulsos.
O processo judicial de falência da ISL constatou o pagamento de subornos a dirigentes nos anos 1990. Tais informações são mantidas em sigilo por conta de um acordo judicial. Dois cartolas da Fifa admitiram ter recebido suborno, pagaram multas e foram mantidos anônimos.
Após lutar por esse sigilo, Blatter mudou de ideia e prometeu divulgar o processo em meados de dezembro para limpar sua imagem e a da Fifa. Mas recuou sob o argumento de que uma liminar foi obtida para impedir a publicação do dossiê. Extraoficialmente, a Fifa atribui essa medida a Havelange e Teixeira.
Enquanto isso, o dirigente da CBF entende que o presidente da Fifa tem medo das consequências do documento, pois o suíço era o secretário-geral da entidade na ocasião. Havelange era o presidente. Teixeira trabalha com a informação de que mais dirigentes estão envolvidos no caso e que, assim, as consequências não pesariam apenas sobre ele e Havelange. Seu discurso soa como uma ameaça velada a Blatter.
Além disso, caso a Fifa de fato divulgue o dossiê ISL, haverá uma nova batalha legal sobre o destino dos envolvidos no caso. Blatter já disse ser a favor da expulsão de membros do Comitê-Executivo implicados no escândalo. Será necessário criar uma comissão independente para julgá-los, pois o Comitê de Ética da Fifa, fundado em 2006, cinco anos após o fim da ISL, não teria competência para decidir punições.
(Matéria do jornal Folha de São Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário