Zico exibe o troféu do Mundial
No qual, além dele, Nunes
e Adílio brilharam
Uma semana antes da conquista do Mundial no Japão, o Flamengo havia derrotado o Vasco no Estadual e sagrado-se campeão. Era 6 de dezembro de 1981. Uma semana depois, em 13 de dezembro, o Flamengo entrava no Estádio Nacional de Tóquio para enfrentar o Liverpool, verdadeiro rolo compressor da época.
Os Reds, como são conhecidos, chegaram ao Mundial com as credenciais de quem havia acabado de faturar a Copa da Europa (atual Liga dos Campeões), o Campeonato Inglês e a Copa da Liga Inglesa. Em suma, conquistas suficientes para que a imprensa do país tivesse certeza da vitória.
Os atletas do Liverpool também tinham a certza da vitória. O Barcelona de hoje lembra o Liverpool de 1981. os jogadores estavam "cheios de si". No momento em que as equipes se encontraram, pouco antes do início da partida, demonstraram total desprezo pelo Flamengo. Riam dos rubro-negros, como se quisessem saber que time de quinta categoria era aquele que iriam enfrentar.
O Flamengo ainda vivia um trauma. A morte do treinador Claudio Coutinho no dia 28 de novembro, aos 42 anos, por afogamento. A maior torcida do Brasil ficou órfão de um dos seus ídolos. E na véspera de duas decisões importantes: o Estadual e o Mundial.
"Foi um grande baque, um companheiro da nossa família tinha falecido. Ele tinha ido para os Estados Unidos, mas continuávamos muito próximos. Quando recebemos a notícia ficamos todos muito silenciosos, tristes. Perdemos um grande professor, o homem que idealizou aquele time. As palavras dele ecoam até hoje na minha mente", lembra um emocionado Adílio.
Mas o Flamebgo é Flamengo. Nos momengtos de decisão, o manto sagrado fala mais alto. Ainda mais com uma equipe daquelas, considerada uma seleção. E foi com determinação, garra e humildade que o time comandado por Zico entrou em campo naquele 13 de dezembro. Há exatos 30 anos, o Flamengo goleava o Liverpool, por 3 a 0, no Japão, e se tornava o segundo time brasileiro a conquistar o campeonato mundial (o primeiro foi o Santos).
Em plena madrugada, bandeiras vermelhas e pretas passaram a tremular por toda a cidade do Rio. Na Zona Sul, uma multidão, que não distinguia classe social, credo ou raça, seguia em uma espécie de procissão religiosa pelas ruas. Buzinas faziam o papel de sinos e acordavam aqueles que ousavam dormir em um momento tão importante.
Os gritos de 'Mengo' ecoavam como mantras repetidos exaustivamente por seus fiéis. E Zico, àquela altura, já havia sido elevado a Deus. Pela única vez na história, graças a um milagre chamado Flamengo, Rio de Janeiro e Tóquio compartilharam o mesmo fuso horário.
Mas não era somente no Brasil que a torcida festejava. No Japão, atletas criados dentro da Gávea descobriam a sensação de tornar-se parte da história do clube que sempre amaram. Caminho inacreditável para alguém que, como Adílio, pulou os muros da sede antes de integrar um dos maiores times de todos os tempos. Aliás, mais que um time. Uma família que brincava de jogar futebol e que vive bons momentos até hoje
(Sobre matéria especial do JB)
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