Donos de empresas de ônibus detidos por suspeita de greve combinada
sexta-feira, 2 de maio de 2014 – Foto: Saulo Garcez /Campos 24 Horas
Na foto, sob olhares do delegado da 134ª DP e do comandante do 8º BPM, o promotor Marcelo Lessa mostra documentos que comprovariam que a greve que deixou a cidade sem ônibus teria sido combinada entre empresários e rodoviários
Os donos de sete empresas de ônibus de Campos receberam voz de prisão na tarde desta sexta-feira (2), após uma audiência no Ministério Público do Trabalho (MPT). Segundo o Ministério Público, há suspeita de que a greve que deixou Campos sem ônibus foi combi nada entre empresários e rodoviários.
Os empresários foram presos sob acusação de dois delitos: contra segu rança dos meios de transportes e contra segurança da organização do trabalho.
As prisões ocorreram em razão do Ministério Público Estadual(MPE) ter apreendido farta documentação nas empresas, que comprovariam um conluio entre empresários e rodoviários para forçar a prefeitura a dar aumento de tarifa. Em uma das empresas, a Turisguá, o promotor determinou o arrombamento das portas, já que um funcionário se recusou a entregar as chaves para que ocorresse o cumprimento dos mandados de busca e apreensão
Como ocorreram as prisões
Os donos das empresas e o presidente do sindicato dos Rodoviários, Roberto Virgílio, foram convocados para uma reunião no Ministério Público do Trabalho(MPT), na tarde desta sexta-feira. A procuradora Sueli Teixeira Bessa comunicou ao presidente do sindicato que a categoria estava descum prindo uma decisão judicial do Tribunal Regional do Trabalho, que considerou a greve ilegal. Ao saírem do prédio do MPT, os empresários receberam voz de prisão do delegado adjunto da 134ª DP/Centro, Paulo Pires, que estava acompanhado do promotor Marcelo Lessa e dezenas de policiais.
Os empresários foram liberados já na madrugada de sábado depois da assinatura de um Termo de Compromisso para se apresentarem em juízo, quando convocados.
Promotor e delegado esclarecem prisões
Após as prisões, o promotor Marcelo Lessa e o delegado Paulo Pires concederam uma entrevista coletiva na sede do Ministério Público Estadual. A prefeita Rosinha Garotinho e o procurador da prefeitura, Matheus José da Silva, também participaram da coletiva, durante a qual o delegado e o promotor explicaram que os empresários tinham sido presos com base em documentos apreendidos nas empresas São João, São Salvador, Turisguá e Conquistense.
Os documentos foram apreendidos por oficiais de Justiça que cumpriram mandados de busca e apreensão. Foram folhas de ponto e cadernos assinados por funcionários que estão em greve. Na úlltima quarta-feira, o promotor exibiu vídeos em que rodoviários disseram que, mesmo em greve as folhas de ponto era enviadas pelos empresários para que eles as assinassem.
Já os empresários alegaram durante depoimento na 134ª DP que as folhas de ponto eram assinadas por funcionários que trabalham internamente.
Ainda foram apreendidas nas empresas notificações do Sindi cato dos Rodoviários de que as empresas deveriam garantir 30% da frota circulando durante o período de greve.
O presidente da Câmara Muni cipal, Edson Batista, esteve na delegacia em solidariedade ao vereador Abdu Neme, que foi um dos conduzidos. Edson Batista disse ao Campos 24 Horas que Abdu seria o primeiro a ser liberado, pois não é o representante legal da empresa São Salvador. Segundo o presidente da Câmara, Abdu havia comparecido ao Ministério Público do Trabalho para representar seu irmão que está internado.
Empresas foram notificadas por sindicato
O promotor Marcelo Lessa disse que os documentos apreendidos comprovam que o sindicato notificou as empresas e que elas ignoraram e não cumpriram o que determina a lei de greve.
“A mensagem que fica é que aqui em Campos não é uma terra sem lei que o poder econômico dita suas regras de acordo com seus interesses escusos e com poder de manipulação de opinião. Podem adotar a retaliação que quiserem, pois mensagem que fica nessas medidas é de que o nosso compromisso é exclusivamente com a população”, disse o promotor Marcelo Lessa, que acrescentou.
“Ainda não acabou. Ainda há investigação do Ministério Público Federal que pode levar a uma sanção ainda mais grave, a semelhança do que ocorreu na Bahia, onde foi decretada a prisão de um grupo por ter ido contra a segurança nacional. Esperamos que tenham apreendido a lição”, destacou o promotor.
Ao final da coletiva, a prefeitura Rosinha Garotinho destacou que, para tirar os ônibus das empresas e garantir 30% da frota circulando, a fim de que a população tivesse menos problemas para se deslocar até o fim da greve, ela necessitou acionar o Ministério Público.
Nota de Repúdio
O promotor Marcelo Lessa ainda comentou uma nota de repúdio do sindicato que representa os empresários, divulgada nesta sexta-feira em um jornal local.
“Quando nós lidamos com pessoas que adotam comportamento que, pelo que estamos convencidos é um comportamento semelhante ao de mafiosos, qualquer tipo de repúdio vindo dessas pessoas é motivo de extraordinária felicidade para mim”, disse.
(Matéria do site de notícias 24 horas)
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