No início da greve, publiquei nota na qual disse que duvidava que os empresários não estivessem por detrás do movimento grevista. Leia trecho da postagem:
Duvido que os empresários não estejam por detrás da greve. Muitas greves
de motoristas foram, sabemos disso, insufladas pelos empresários que
desejam aumento e não têm coragem de parar. Usam os motoristas... E por
que? Porque desejam reajuste nas passagens. Creio até que há defasagem,
mas eles não cumpriram o acordo de melhorarem o transporte.
Agora, o promotor Marcelo Lessa constata e declara que há, sim, uma ação compartilhada entre empresários de ônibus e seus funcionários, que ele classificou de "conluio". O fato corrobora minha observação. Conheço bem o movimento, pois já atuei em greves, inclusive de motoristas, quando tentávamos reorganizar o Conselho Sindical, reunindo os sindicatos em favor da categoria que deflagrasse o movimento grevista. Como o promotor observou, não há greve com 100% de adesão, a não ser, claro, que os empresários estejam por detrás da ação.
Abaixo, trechos da extensa e esclarecedora matéria do site Ururau, com Marcelo Lessa e Rosinha Garotinho:
Marcelo Lessa e a prefeita Rosinha Garotinho durante coletiva
(Foto do site Ururau)
"Na coletiva feita à imprensa depois da ação de recolhimento dos
ônibus, o promotor Marcelo Lessa e a prefeita Rosinha Garotinho
apresentaram vídeos produzidos, com câmeras escondidas, onde
funcionários de duas empresas [Rogil e São João] dizem que vão receber
pelos dias de greve, e que inclusive, em uma delas, estaria assinando um
livro de ponto.
A lei de greve exige que em serviços essenciais,
nos quais o transporte se inclui, seja mantido o mínimo em
funcionamento, mas nada adiantou e, segundo Lessa, o movimento parecia
crescer.
“A apreensão desse livro seria a materialização da
sabotagem ao transporte público, mas infelizmente o serviço de
inteligência não conseguiu localizá-lo”, disse o promotor acrescentando
que tal atitude compartilhada entre empregados e patrões configura
evidências de “conluio”, que sinaliza para a prática de inflação penal
prevista na lei de segurança nacional, paralisando completamente o
deslocamento da população, o que fere um dos direitos constitucional que
é o direito de ir e vir.
Marcelo Lessa revelou ainda que
denúncias apontavam para algo, o qual considera mais ousado ainda, que é
de tentar constranger os motoristas de transportes alternativos para
que também paralisassem suas atividades. “Se não fizéssemos nada, íamos
ver o momento que quem não tivesse carro não sairia de casa”, disse
Lessa.
A Prefeita Rosinha Garotinho ressaltou que o serviço de transporte
coletivo em Campos não tem amparo legal (não tem licitação), trata-se de
uma concessão. A primeira licitação para o transporte será feita no dia
26 de maio, já com aprovação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A
licitação é determinação de uma Ação Civil Pública que o município esta
executando.
“Quando implementamos o programa de passagem a R$
1,houve um entendimento com donos das empresas, onde o município pagaria
o subsídio e em contrapartida a frota seria renovada, mas isso não
aconteceu. Eles não cumpriram com o acordo e ainda conseguiram na
justiça derrubar o decreto que fiz para que a idade média da frota
caísse de 12 anos para 5 anos. O reajuste esta embutido no acordo, já
que aumentamos a média de viagens saltando de 1,4 milhões de usuários
para 2,8 milhões”, disse Rosinha.
Os 53 ônibus recolhidos das
garagens serão colocados nas ruas de forma gradativa e vai atender a um
cronograma montado pelo Instituto Municipal de Trânsito e Transportes
(IMTT). “Foram recrutados 70 motoristas da prefeitura com CNH de
categoria D que estarão fazendo o transporte. Não vamos contratar
cobradores, logo a passagem será gratuita”, disse Rosinha.
Rosinha
ressaltou ainda que os motoristas que vão atuar no transporte coletivo
estariam de folga, já que nesta quinta-feira (1º/05) é feriado pelo Dia
do Trabalhador, e dessa forma nenhum outro setor ficaria descoberto.
“Soube
agora à noite que algumas empresas cogitaram a possibilidade de seus
funcionários serem os próprios motoristas, e isso é bem vindo, pois
dessa forma não precisarem contratar motoristas, já que é o que vai
acontecer se os motoristas que eu tenho não for o suficiente para
atender a demanda”, disse Rosinha acrescentando que as Polícias Civil,
Federal e Ministério Público foram comunicados e acionados para
investigar a vinda de três ônibus com pessoas vinda de fora do município
para promover a depredação dos coletivos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário