Certa vez ouvi de um amigo meu, que acabara de ser alçado ao poder: "descobri uma coisa após ter assumido. O poder pode tudo!" Os anos e as décadas foram passando e hoje, já velho e mais próximo da cova, concluo que é verdade. O poder pode tudo.
No episódio do Mensalão, o poder blindou Lula. E, quando quis, condenou alguns. No caso da CPI do Cachoeira, o poder agiu como quis. E só vai investigar Cavendish, Cbral e Paes quando quiser. Neste caso recente da Polícia Federal, a Operação Porto Seguro, o poder mantém a blindagem de Lula. Claro que, sem a Presidência, Lula não tem a força de antes e recebe "avisos" como ameaças veladas. Mas a blindagem se mantém.
Segundo reportagem da Folha de São Paulo, O governo entrou em campo e conseguiu impedir nesta terça-feira (27) a aprovação do convite para Rosemery Nóvoa de Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, prestar depoimento na Comissão de Fiscalização Financeira do Senado. Líderes governistas convenceram senadores do grupo dos chamados "independentes" a não votar o convite, que também incluía os irmãos Paulo e Rubens Vieira e o ex-advogado-geral adjunto da União José Weber Holanda.
Com o acordo, os requerimentos que convidam Rosemary, Weber, Paulo e Rubens Veira vão ficar "sobrestados" - o que significa que não entrarão na pauta da comissão até uma nova decisão dos autores do requerimento. Pelo regimento do Senado, os servidores de segundo escalão do governo só podem ser convidados, e não convocados a depor.
"Em diálogo com as lideranças da maioria nesta Casa, acordamos a apreciação dos requerimentos dessa forma", disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Julia Moraes - 27.nov.2008/Folhapress |
Rosemary Novoa de Noronha, afastada da chefia de gabinete da Presidência da República em São Paulo |
Líder do PSDB, o senador Álvaro Dias (PR) reclamou do acordo firmado com os governistas. O tucano também era autor de outro requerimento que convidava Rosemary e servidores suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção.
"Eu sou contra isso tudo e voto a favor dos requerimentos com os convites", afirmou.
O senador Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo, confirmou o acordo ao afirmar que a decisão do governo é "esclarecer tudo sem que haja prejulgamento" das denúncias de tráfico de influência e venda de pareceres - em esquema descoberto pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal.
Os governistas também conseguiram transformar em convite, não em convocação, o requerimento para que o ministro Luís Inácio Adams (Advocacia Geral da União) fale à Comissão de Fiscalização Financeira do Senado. Também foi transformado em convite o pedido para que os diretores-gerais da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e ANA (Agência Nacional de Águas), Marcelo Guaranys e Vicente Grillo, prestem depoimento à comissão.
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