Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Vereador pede exoneração de assessora por ela ser "atéia"

Renata Helena
A assessora de imprensa da Câmara Municipal de Antônio Prado, Renata Ghigghi, foi ameaçada em público, durante a primeira sessão da câmara do ano, em 4 de fevereiro, por um vereador crente do PMDB, Alex Dotti, que queria que ela perdesse o emprego por ela ser atéia.
“…numa cidade onde todos nós fomos eleitos com mais de 98% dos votos, a maioria tem uma religião e acredita em Deus, eu acredito que não pega bem e acho que é muito errado pronunciar-se contra Deus. (…) Eu peço a exoneração da Assessora de Imprensa e a troca urgente, por que a Câmara de Vereadores e a cidade de Antônio Prado é uma cidade de fé.”
Ele disse, literalmente, que por ela não ser religiosa ela teria que ser demitida. Ela, uma mulher de 33 anos que fez faculdade de relações públicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que foi indicada pelo Presidente da Câmara para o cargo e é qualificada para o cargo.
A polêmica começou no final do ano passado quando ela teria retirado um crucifixo do plenário, visto que o governo é laico. Depois, em uma discussão no Facebook, onde alguém teria dito que Deus teria salvo algum fulaninho de um acidente, ela teria perguntado porque ele não evitou o acidente (e fica aí a pargunta, a propósito). A discussão tava indo bem até esse mesmo vereador, intrometido do capeta, ter entrado na conversa e ofendido ela e os parentes dela, que são religiosos.
Depois do nobre edil ter armado o puteiro na câmara de Antônio Prado, a ATEA entrou com representação no Ministério Público. Já o vereador, tadinho, tá posando de vítima. “Mantenho meu posicionamento, porque acho que ela me ofendeu e eu não ofendi em nada ela” disse Alex Dotti na maior cara de pau.
Já o Presidente da Câmara Municipal de Antônio Prado, Valdicir Viali do PTB, disse que a câmara repudia todo e qualquer ato de preconceito, e cogitou acionar a Comissão de Ética contra o vereador. Apenas cogitou, afinal fazer o bagulho funcionar dá muita canseira.
A ação do vereador só mostra que os religiosos realmente acham que mandam mesmo nas pessoas que não são religiosas. Ele se sentiu no direito de dizer que a cidade inteira queria a mulher fora dali só porque ela não pensa igual ele e pediu, em sessão oficial da Câmara, registrada em ata, o cargo dela.
Depois o vem um bando de jacú de teta me dizer que não existe preconceito contra ateu, que esse negócio de declarar ateísmo publicamente é só pra chamar a atenção.
Fonte: Zero Hora

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