No mesmo dia em que o prefeito Barcelos Martins morreu (eram 8:30h do dia 11 de abril, quando ele infartou), os militares e delegado de polícia reuniram-se à tarde, na Câmara, para comunicar que tinham ordens expressas do comando do Exército para prendê-lo, por suas atividades "comunistas e subversivas".
No dia 13 de abril, a Câmara cassou o mandato de Jacyr Barbeto, do PSP, como Barcelos Martins. Não há nenhuma dúvida que, se os militares tivessem encontrado o vereador, ele estaria preso, assim como Barcelos, se não tivesse morrido. Mas o presidente da Câmara, Severino Veloso de Carvalho Neto, fez um discurso contra aqueles que diziam que o Legislativo queria cassar Barcelos.
É óbvio que a Câmara cassou Jacyr Barbeto por ordem expressa das forças da repressão. Só não quis reconhecer que também cassaria Barcelos, que sofreu muito desde o golpe, no dia 1º de abril, até o dia 10, quando procurou os líderes de seu partido para saber o que fazer. E mais ainda quando sua casa foi invadida, na noite do dia 10, com militares de metralhadoras em punho. Foi um golpe para o prefeito, que faleceu na manhã do dia 11.
No mesmo dia 11 a Câmara deu posse ao vice-prefeito, então do PTB, Rockfeller Felisberto de Lima. À tarde, o presidente da Câmara reuniu os vereadores e o prefeito recém empossado para ouvir as forças da repressão, lideradas pelo capitão João Pessoa Sales, que havia chegado do Rio de Janeiro para levar Barcelos Martins preso. Suas ordens, segundo o próprio, era para levar Barcelos "imediatamente ao Rio e entregá-lo ao Serviço Secreto do Exército", que tinha um dossiê que o incriminava por suas atividades subversivas.
Pressionado pelos militares, Rockfeller prometeu agir para impedir que pessoas "sabidamente seguidoras do credo vermelho, continuassem serviço público. No mesmo dia 13, após a cassação de Jacyr Barbeto, a Câmara aprova votos de regozijo pela eleição do presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo BRanco e seu vice, José Maria Alkmin. E o vereador Júlio Nogueira fez constar dos anais da Casa o artigo de Hervé Salgado Rodrigues, dono de A Notícia, no qual criticava duramente os comunistas.
Agora, a Câmara, por proposição do Dr. Edson Batista, que a preside, devolve à família de Jacyr Barbeto o seu diploma de vereador. Uma atitude digna de quem reconhece o erro histórico cometido pelo Legislativo a mando das forças da repressão. E faz justiça a um dos maiores líderes sindicais de Campos, tendo sido o vereador mais votado na eleição de 1962. É um ato simbólico, mas altamente relevante do ponto de vista histórico.
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