(Fotos: Thiago Freitas)
Vereador Fred Machado
A Câmara Municipal de Campos realizou nesta quinta-feira (25) uma sessão especial sobre prevenção, abuso e combate ao uso de drogas lícitas e ilícitas, um negócio que movimenta US$ 320 bilhões ao ano em todo o mundo, de acordo com um relatório divulgado no ano passado pelo Escritório das Nações Unidas para o combate às Drogas e ao Crime. Participaram da sessão especial — que contou com o depoimento comovente de um pai de ex-viciado — diversas instituições que de forma direta ou indireta atuam na área, como a PM, Promotoria da Tutela Coletiva, Igrejas, especialistas no tema, além de órgãos do poder público municipal, entre outras.
Bispo Fernando Rifan
A sessão, iniciativa do vereador Fred Machado, foi aberta pelo presidente da Câmara, Edson Batista. Representantes da Igreja Católica foram os primeiros a debaterem o tema. O bispo da Comunidade Católica João Maria Vianey, Fernando Rifan, afirmou que a maioria dos roubos registrados em Campos é para sustentar o vício. “As drogas vão prejudicar minha vida, e eu não posso prejudicar minha vida porque é um dom de Deus. A maioria dos roubos que acontece na nossa cidade é gente que tem que pagar o vício”, observou Rifan, que também ressaltou que o uso da droga não é o problema do dependente, mas sim o sintoma de problemas como baixa autoestima, depressão, familiar, ansiedade, dentre outros.
Major PM Sérgio Moura
Em 2012, a PM apreendeu 161 quilos de maconha, 96 de cocaína, 52 gramas de maconha, 18,6 quilos de crack. Foram autuados 624 cidadãos com entorpecentes e 701 menores apreendidos. No primeiro trimestre deste ano, foram apreendidos 29 quilos de maconha, 24 de cocaína e 1,6 de crack. No primeiro trimestre deste ano, 263 pessoas foram presas com entorpecentes e 212 menores apreendidos, um aumento de 54,54% em relação ao mesmo período do ano passado. “A PM tem trabalhado bastante a questão das drogas”, disse o comandante interino do 8º Batalhão de Polícia Militar, major Sérgio Moura.
Presidente da FMIJ, Thiago Ferrugem
Presidente da Fundação Municipal da Infância e da Juventude (FMIJ), Thiago Ferrugem, disse que o órgão acolhe crianças de diversos municípios do estado que acabam perdendo seu vínculo familiar devido a distância. Planeja trazer para o município unidades de acolhimento, sendo quatro infantis e duas para adultos através do programa “Crack, é possível vencer”. “Acreditamos que através desses programas possamos ajudar essas pessoas a se libertarem das drogas a resgatar os vínculos familiares”, comentou ele.
Promotor Marcelo Lessa
O promotor de Justiça Marcelo Lessa, que tratou dos caminhos legais sobre o acolhimento involuntário dos dependentes químicos, admite que o refresco que se deu ao enfrentamento das drogas tem estimulado o consumo e o comércio das drogas ilícitas. “Se não há consumidor, não há comércio. Mas há outras questões que incentivam o uso de drogas, como as novidades culturais do momento, como a Marcha da Maconha, que cria um ambiente favorável a quem nunca usou droga e inclina-se a usar pela primeira vez. Não podemos ter uma atitude reativa, mas sim proativa, diante do avanço das drogas sobre a nossa juventude”, declarou.
Outro aspecto meritório na luta contra as drogas é a presença de grupos religiosos de diferentes denominações na manutenção de associações e comunidades terapêuticas. Muitos deles sentiram na pele e viveram a experiência como usuários de entorpecentes quando não tiveram filhos ou parentes mergulhados ou tragados pelo submundo das drogas.
A presidente da associação Comunidade Terapêutica AMAI, de Custodópolis, Gecenilda Maciel, clamou pela atenção das autoridades. “Que as autoridades se sensibilizem para o grito de socorro das mães, que derramam lágrimas, inertes, sem força para reagir vendo as drogas ceifar a vida de nossos filhos”, brada. “Que a gente não saia daqui sem concretizarmos o que traçamos”. Ela tem um projeto de recuperação de dependentes e pediu apoio da Câmara.
“É preciso uma tarefas ocupacionais para o paciente interno, a fim de amenizar os efeitos da abstinência da droga. E mais: não se trabalha com eficácia nessa área sem o concurso de pessoas capacitadas. Por traz de cada dependente químico internado há um grupo de profissionais que cuidam do resgate daquela pessoa. Muitos acham que em nossa família não vai acontecer, que só ocorre com o vizinho, mas quando um dos seus familiares entra nesse caminho, a pessoa passa a ter outra visão”, disse Edson Alves, do projeto Ágape, que fica no km 13 da Rodovia BR-101.
Padre Gilmar, representando o bispo de Campos
Participaram dos debates o padre Gilmar — representando o bispo dom Roberto Ferrería Paz —, o bispo Fernando Rifan, o pastor Sérgio Valadares, da Associação Vida Nova, de Vila Nova; o neurologista Irineu Dias; o representante da Federação dos Servidores Públicos Municipais do Estado do Rio, Ricardo Argemiro, que pediu à Câmara empenho na reativação do Conselho Municipal Antidrogas (Comad); o presidente da Federação dos Estudantes de Campos, Maycon Maciel; o subcomandante do 8º Batalhão da PM; o técnico em recuperação de dependentes químicos, Fred Mauricio, entre outros.
Fred Machado destacou a importância do debate que, na avaliação do vereador, não se esgota. “Seria fundamental aprofundarmos este debate, com outras sessões porque o avanço das drogas exige de nós todos enfrentarmos o problema de frente com medidas adequadas e outras ações. O problema não se esgota numa sessão. Essas instituições representam outro braço do poder público, e precisam sim ter o apoio tanto desta Casa como do Poder Executivo”, concluiu o vereador.
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