(Fotos: Marcelo Freitas)
As alegorias luxuosas das escolas do Grupo de Acesso
quase nada deixam a desejar
às do Grupo Especial
mostrando que o Carnaval da Sapucaí é muito mais
do que se vê na Globo, para a qual
o Rio tem apenas as 12 escolas de ponta.
Este ano, o SBT transmitiu o desfile do Acesso cujas arquibancadas, frizas e camarotes
estavam lotadas, inclusive com milhares de estrangeiros
Com as arquibancadas, frizas e camarotes lotados (cadeira de pista entre R$ 1.200,00 e R$ 1.600,00 e camarotes simples a R$ 70 mil, entre R$ 3.500,00 e R$ 4.500,00 por pessoa), o desfile das escolas de samba do Grupo de Acesso A é de primeira grandeza, gerando interesse de grandes nomes da literatura, da música, do teatro, da televisão, enfim, do mundo, vasto mundo, da arte, da cultura e da comunicação.
São 09 escolas que pouco deixam a desejar em relação ao Grupo Especial. Com cerca de 3 mil componentes, cerca de 300 componentes na bateria e alegorias e fantasias de luxo, beleza e arte; com comissões de frente tão criativas como as do Grupo Especial, as escolas do Grupo A não existem para o sistema Globo de Comunicação.
Este ano, porém, a Liga das Escolas de Samba conseguiu a transmissão do SBT. Eu concorri a um lugar na Comissão Julgadora no ano passado e consegui a aprovação, após a análise curricular e sabatina na LESGA, a Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso. Na verdade, todo o comando do Carnaval carioca é da LIESA, mas há uma subdivisão (são muitos os grupos) e tem a LESGA para o GRupo de Acesso e a Associação para as escolas que desfilam na INtendente Magalhães.
São 40 jurados, divididos por sorteio em quatro blocos de 10, para os 10 quesitos em julgamento. Os julgadores são especialistas em suas áreas e, no meu caso, foi Enredo (análise do enredo, bibliografia consultada, histórico e justificativa e sua correspondência na Passarela, pela ordem do roteiro entregue previamente por cada agremiação e que faz parte do livro que cada julgador recebe com todos os detalhes fornecidos pelas escolas).
Além dos 40 jurados, que recebem o material às 15 horas, chegam na Passarela às 18 e ficam incomunicáveis até o fim do desfile e a entrega dos envelopes, lacrados pela Liga com acompanhamento de dirigentes das escolas e que são entregues aos funcionários da empresa seguradora, colocados em malotes que só serão abertos na hora de divulgação dos resultados. Além dos 40 jurados, ficam a postos 04 suplentes para cada camarote da comissão julgadora e, ainda, dois coordenadores por camarote. O serviço de buffet é de altíssima qualidade, sem bebiba alcoólica e cada jurado pode levar um acompanhante, que fica em camarote separado e também recebe tratamento Vip.
É um luxo só. Inimaginável para quem não participa do processo. Quem só assiste o desfile não faz idéia do que é a indústria do Carnaval na Passarela do Samba. Milhares de pessoas trabalham para que tudo funcione bem, sendo uma parte menor de dia e a maioria, à noite. No entorno da Passarela do Samba, milhares e milhares de foliões agitam as ruas interditadas e lotadas. É também a festa dos taxistas (no sentido do grande movimento) e dos ambulantes.
Ano que vem, a Porto da Pedra estará no Grupo de Acesso A. Subiu a Inocentes de Belford Roxo, que venceu a Estácio de Sá, a Viradouro e a Império Serrano, que deram um show na Passarela, como grandes agremiações que são. Mas os desfiles da Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos da Rocinha, Império da Tijuca, Acadêmicos de Santa Cruz e Acadêmicos do Cubango não ficaram muito atrás.
Além do prestígio de fazer parte de um grupo seleto (os jurados têm que ser aprovados pelas escolas de samba, que podem vetar qualquer membro até alguns dias antes do desfile), a experiência adquirida é de extrema importância para qualquer pesquisador da nossa cultura e daqueles que estão envolvidos ou desejam se envolver em eventos de grande porte.
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