Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sábado, 26 de junho de 2010

O arquivo e os saudosos da farra

Fotos: Divulgação As fotos acima mostram o cuidado com os documentos. Como disse o professor da UFF e editor da revista de história da Biblioteca Nacional, Luciano Figueiredo, o arquivo de Campos é um exemplo de cuidado com o documento. Desde sua restauração, sua preservação até sua guarda e disponibilização. Tem muita gente que não conhece o arquivo público. Não me refiro ao povo, mas aos intelectuais, pseudo-intelectuais e blogueiros desocupados que poderiam aproveitar o tempo (tem gente que recebe do meu bolso e não trabalha) e visitar o arquivo. Verão o excelente trabalho que lá é realizado, com muito zelo, pelo diretor e funcionários. Também verão as obras que estão sendo realizadas, sob orientação do IPHAN e os operários que, por imprudência, guardaram material na sala onde há livros descartados e que irão para reciclagem. O arquivo fica ali, em Goitacazes. Se publicaram fotos, como me informaram, de livros jogados na sala, o fizeram porque o acesso é livre e não há o que esconder. Se usaram as fotos para macular a nossa administração, o que podemos fazer? Lamentar que ainda tenhamos fotógrafos com fraqueza de caráter e jornalistas despeitados que desejam existir criando "furos". Quase posso assegurar que essa gente nem vai ao arquivo, nunca pesquisou e, como sempre fazem, escrevem sem conhecimento de causa. São superficiais. Há pouco tempo uma pessoa levou uma sacola de livros para doar à biblioteca Nilo Peçanha. Os funcionários disseram que não mais recebem livros daquela maneira. Quem quiser doar, deve comunicar-se com a biblioteca (o mesmo para o arquivo) e a bibliotecária ou a biblioteconomista irá à casa ou instituição onde estão os livros para fazer a seleção. A pessoa, irritada, pegou a sacola, foi à calçada e despejou os livros. Chamou um fotógrafo para registrar o fato e disse que iria declarar "à imprensa" que tratamos os livros daquela forma, ou seja, jogando fora, na calçada. Creio que ninguém lhe deu ouvidos. Mas cito o fato para revelar ao leitor do que é capaz uma pessoa despeitada, com raivinha. Pensar que um fotógrafo e um jornalista agem assim, é preocupoante. A atitude mostra do que são capazes e os leitores devem prestar atenção para colocar em xeque o que essa gente publica, seja via fotos, seja via matéria.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro amigo Avelino, vivemos tempos de enlouquecer gente sã. Nestes tempos pós-modernos , os tanques golpistas foram substituidos pelas liminares acertadas em gabinetes bolorentios e fedendo a naftalina. sempre contra a vontade soberana do povo. Campos não merece isso, seu povo não merece isso, que deixem nossa cidade em paz e com a capacidade de decidir seu próprio destino.

DESABAFO

Tudo bem que peçam, socialmente e academicamente que me contenha. Afinal, me explicam, estes são tempos de democracia, de abertura, de acomodação à espera da próxima utopia. Tempo que pedem contenção e paciência e me encaram pedindo(??) ímpeto menos agressivo. Adoce os gestos, Antonio. O tempo é de perdão!
Pedem que me esqueça, que soterre no fundo dos jazigos dos olvidos eternos os subversivos de 1964 que conspiraram e urdiram o golpe, comandado por um adido norte-americano.
Que eu esqueça os políticos de então (que ainda estão por aí, alguns vivos outros representados), tão cheios de extremado amor pela Constituição e pela rotatividade do poder que só falavam da guerra revolucionária e da marcha do governo para o desgoverno e o continuísmo.
Que eu sublime, sobretudo, meu asco, pelos brasileiros que pediram e obtiveram a intervenção estrangeira. Primeiro de ricos dinheiros para o suborno eleitoral e o custeio da campanha antigovernamental. Depois de homens, de armas e de gêneros para êxito da empreitada golpista.
Que eu tenha engulhos , mas me cale, diante dos torturadores, os violentadores, os assassinos que dilaceraram corpos, arrobaram mulheres, empalaram homens, mataram e esconderam corpos de tantos pais (onde está o corpo de Stuart Angel?) e filhos (onde está o corpo de Rubem Paiva?) de muita gente que ainda hoje chora procurando os cadáveres para enterrar.
Que eu tenha siso e mesmo pouco riso esquecendo os censores que estiveram guardando ( e ainda guardam sob o manto do Santo Ofício, - não me esqueço de Jê Vous Salve Marie , em plena , chamada, Nova república -) como cães ferozes a inteligência brasileira para que ela não gemesse nem balisse sequer de horror pelo que via, nem de solidariedade pelos que sofriam.
Esquecer eu devo, me aconselham, dos juristas pressurosos, sobretudo os velhos “liberais”, tão eloqüentes antes, na defesa das liberdades, como também os doutos acadêmicos transformados em “cavalos de umbanda”, puxa sacos ávidos por um lugar nesse negrume da ditadura, abandonando , uns e outros uma mística de legalismo em troca da liquidação das liberdades por cargos na partição do espólio dos tribunais e das universidades.
Ta bom , eu me recolho. Mas cuidado! Pois não vou me conter de enfrentar, agora, a tarefa que fracassamos ontem e que deu lugar a tudo isso que vemos hoje. Estarei á frente da organização de defesa de instituições democráticas contra novos golpistas militares e civis para que em tempo algum do futuro ninguém tenha outra vez de enfrentar e sofrer, e depois esquecer, como me impõe agora, os conspiradores, os torturadores, os entreguistas, os censores e todos os culpados e coniventes que beberam nosso sangue (literalmente de amigos meus) e que agora me pedem que os esqueça.
Eu paro e os observo com uma convicção : são todos Filhos da Puta!

Antonio José Muylaert Batista (Dedé)