Timothy Clary/AFP
Dilma Rousseff defende criação de marco de internet para evitar intrusão
Repercutiu em todo o mundo o discurso da Presidente Dilma Roussef na ONU. Ela falou por cerca de 20 minutos (iniciais) sobre a intromissão dos EUA no Brasil, via espionagem de seus órgãos de inteligência.
Na plenária, Dilma qualificou o programa de inteligência dos EUA de "uma
grave violação dos direitos humanos e das liberdades civis; de invasão e
captura de informações sigilosas relativas a atividades empresariais e,
sobretudo, de desrespeito à soberania nacional".
Dilma afirmou que as denúncias causaram "indignação e repúdio" e que
foram "ainda mais graves" no Brasil, "pois aparecemos como alvo dessa
intrusão". Disse ainda que "governos e sociedades amigos, que buscam consolidar uma
parceria efetivamente estratégica, como é o nosso caso, não podem
permitir que ações ilegais, recorrentes, tenham curso como se fossem
normais". "Elas são inadmissíveis", completou.
Conforme a brasileira, o Brasil "fez saber ao governo norte-americano
nosso protesto, exigindo explicações, desculpas e garantias de que tais
procedimentos não se repetirão". Há uma semana, a presidente cancelou a visita de Estado que faria ao
colega Barack Obama em outubro que vem, em Washington, por "falta de
apuração" sobre as denúncias de que a inteligência americana espionou as
comunicações pessoais da brasileira, além da Petrobras.
Para ela, "imiscuir-se dessa forma na vida de outros países fere o
direito internacional e afronta os princípios que devem reger as
relações entre elas, sobretudo entre nações amigas". Dilma também foi extraordinariamente dura ao rebater frontalmente o
argumento americano de que a espionagem visa combater o terrorismo e,
portanto, proteger cidadãos não só dos EUA como de todo o mundo.
Para a presidente, o argumento "não se sustenta". "Jamais pode uma
soberania firmar-se em detrimento de outra. Jamais pode o direito à
segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de
direitos humanos fundamentais dos cidadãos de outro país."
"O Brasil, senhor presidente [da Assembleia Geral], sabe proteger-se.
Repudia, combate e não dá abrigo a grupos terroristas", disse.
A Presidente começou a discursar na Assembleia-Geral às 9h50 locais
(10h50 em Brasília), e falou por 20 minutos. No entanto, o americano não
viu a parte do discurso em que foi criticado, por ter chegado às 10h03
(11h03 em Brasília).
(Sobre matéria da Folha de São Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário