O Brasil é o país com o menor gasto por aluno entre os 34
analisados pelo relatório anual da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre educação, divulgado ontem. O valor que é
investido em cada estudante - somando-se gastos do ensino básico e do superior
- é de US$ 1.303 por ano. Noruega e Suíça investem quase dez vezes mais, mas o
Brasil perde ainda para latino-americanos como Chile e México, que gastam o
dobro.
Como o mesmo relatório, chamado Education at a Glance, já
mostrou no ano passado, o responsável pelo baixo investimento geral em educação
no País pode ser explicado pelos gastos com o ensino fundamental. Enquanto
nações como os Estados Unidos investem US$ 8,8 mil por aluno nesse nível de
ensino, o Brasil gasta US$ 1.159, valor mais alto apenas que o registrado na
Turquia.
Quando se fala em ensino superior, os gastos brasileiros
sobem para US$ 9.019, próximo da média de US$ 11 mil dos países da OCDE. Essa
distorção levou a mobilizações recentes de educadores e governo para valorizar
a educação fundamental. Enquanto o Brasil gasta US$ 2.985 (R$ 6.745) por estudante a cada ano, os países da OCDE investem US$ 8.952 (R$ 20.230).
'Dinheiro faz diferença'
Para o professor da Universidade de São Paulo (USP), José Marcelino Rezende, especialista em financiamento da educação, "o dinheiro faz toda a diferença". "A Educação é basicamente salário. Em qualquer lugar do mundo, cerca de 80% do que se gasta é com salário de professores e dos outros profissionais da educação. Com mais recursos, é possível atrair melhores profissionais. Hoje o professor brasileiro, infelizmente, chega a ganhar cerca de 50% do valor recebido por outro profissional formado", diz Rezende.
Acreditando que o gasto por aluno é ainda menor do que os US$ 2.985, Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que o baixo investimento na educação pública brasileira "dá a dimensão do problema".
"O duro é que ainda investimos pouco, quando comparamos o Brasil com outros países. E o Governo Federal é um ente federado que participa pouco. Segundo o INEP, em 2012, a cada R$ 1 investido em educação, os municípios colocaram R$ 0,42, os Estados dispenderam R$ 0,40 e a União investiu apenas R$ 0,18. É muito pouco para o ente que mais arrecada", diz Cara.
Assim, para que o Brasil possa oferecer uma educação de padrão internacional, será preciso, entre outras medidas, aumentar o gasto atual de forma mais vigorosa. "Precisamos de líderes que coloquem o Brasil como um País focado na educação de qualidade. É preciso pensar em um currículo comum nacional mais claro, em um sistema de formação docente mais eficiente e disponibilizar mais recursos para as escolas. E tudo isso custa caro", afirma a consultora educacional Ilona Becskeházy.
(Textos extraídos dos sites Último segundo e Universidade Federal de Campina Grande)
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