A vitória de Luiz Fernando Pezão na eleição de hoje, com 56% dos votos, é a vitória das elites que governam o Estado do Rio. Os dois governos de Sérgio Cabral, filho, foram ruins em todas as esferas. Ele e seu vice, Luiz Fernando Pezão, administraram a Coisa Pública como se privada fosse. Enriqueceram e favoreceram alguns empresários e as Organizações Globo (um partido político oficioso). E moralmente, colocaram o Estado no abismo.
Mas a maioria (56%) votou na continuidade da administração de Sérgio Cabral. Votou contra qualquer tipo de mudança. Quer dizer: o mundo das sombras, o fundo do poço, parece ser lugar agradável para mais da metade da população do Estado. Mesmo que muitos votos tenham sido comprados, mesmo que o ódio a alguns candidatos tenha motivado o voto na continuidade, o fato é que esses 56% votaram contra a mudança.
Numa democracia, deve ser respeitado o direito da maioria, mesmo que seja a metade mais um apenas. Então, suportemos mais quatro anos desse governo que só deu maus exemplos. Respeite-se a vontade da maioria. O voto deveria ser racional, mas a verdade é que é emocional. O cidadão vota como torcedor de futebol. Durante uma mesma partida, vai do amor ao ódio e vice-versa. Mas no jogo de futebol não está sua vida, a de seus entes queridos, a de todo um povo. Já na política está o destino de todos nós. Como enxergar dessa maneira? Como votar racionalmente?
Durante a campanha, eu pedi a muitos amigos que buscassem estatísticas sobre as administrações. Citei exemplos de como se pode medir ou classificar uma administração como boa ou ruim. Indiquei a Fundação Getúlio Vargas e outras instituições que monitoram investimentos, crescimento econômico etc.. Porém, parece que a emoção foi mais forte que a razão. Sérgio Cabral e seu vice, Luiz Fernando Pezão, têm números negativos a apresentar se comparados aos números das administrações de Leonel Brizola, Garotinho e Rosinha. Mas se o cidadão é pego de roldão pela paixão, a razão é secundária. Infelizmente.
A moral de Sérgio Cabral, Pezão e muitos de seus assessores está no fundo do poço. Hoje, importou pouco. O resultado da eleição mostrou isso. Todavia, a paixão é coisa passageira (se não, seria loucura) e, em breve, essas pessoas usarão a razão. Saberão que fizeram um grande mal ao Estado do Rio. A elas próprias (em sua grande maioria) e praticamente a toda população do Estado.
Não me refiro apenas ao segundo turno, quando parece termos ficado sem opções para elegermos administradores competentes, comprometidos com o povo, restando duas candidaturas sem substância, sem consistência. A escolha de Crivella foi apenas para derrotar Pezão. A escolha de Pezão foi apenas para derrotar Crivella. Nenhum dos dois satisfazem o desejo de quem sonha com uma mudança radical do modelo nefasto implementado por Sérgio Cabral, que saiu pela porta dos fundos do Palácio do Governo, e seu vice, Pezão, que assumiu o mandato.
Enfim, veremos, em pouco tempo, as ruas lotadas de "arrependidos", com o slogan "Fora Pezão!", como vimos o "Fora Cabral!". O Estado será loteado pela bandidagem de terno e gravata. Picciani, Cabral, Peulo Melo, Eduardo Cunha e outros menos cotados mandando no Estado como na era Chagas Freitas. Espero estar enganado, mas não vejo em Pezão autoridade moral para conduzir a administração do Estado. Se estiver errado, parabenizarei o recém eleito. Se estiver certo, além da ironia, vou insistir para que, hum próximo pleito, sejamos, todos, racionais.
Votei em Garotinho e, continuando ele a defender suas ideias, que coincidem com as minhas, votarei novamente. Se alguém duvidar da racionalidade desse voto, é só comparar seu governo com quaisquer outros após o Brizola. Sua coragem para enfrentar as elites dominantes é coisa rara, mesmo nos políticos de esquerda. E o que fez pelo interior do Estado, nenhum governante fez até hoje, após a união da Guanabara com o antigo Estado do Rio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário