Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







quinta-feira, 29 de março de 2012

A Osório Peixoto, como homenagem

Gracinha, paixão de Osório, recebe homenagem das mãos da prefeita

Osório Peixoto seria nome da ponte e viaduto que a então governadora Rosinha Garotinho estava construindo sobre o Paraíba. Foram tantas ações na Justiça contra a obra que houve uma demora de quase um ano para sua conclusão. Ela saiu e faltavam uns 10% da obra. Concluída por Sérgio Cabral, este inaugura a ponte homenageando Rosinha. Ficou, então, Ponte Rosinha Garotinho.

Rosinha vence a eleição em 2008 e promete um Centro de Eventos Populares, ao qual daria o nome de Osório Peixoto. O local escolhido teve que ser substituído porque não comportaria os desfiles das escolas e blocos de samba.

Finalmente ficou definido que seria um pedaço do que um dia foi denominado Vila da Rainha. E ontem a noite, debaixo de chuva, a obra foi inaugurada, com a presença de Gracinha, a paixão duradoura de Osório e que emocionou-se com a homenagem. Motivo de orgulho para ela e para todos que conviveram e privaram da amizade de Osório. 

Minha homenagem tem a simplicidade e a irreverência do homenageado, num texto escrito há alguns anos. Vamos a ele:

"EU E OSÓRIO
Fiz uma matéria na fábrica de farinha de mandioca Tipity, em Buena, sertão sanjoanense, hoje São Francisco do Itabapoana, denunciando o trabalho escravo, comprovado depois pelo Ministério do Trabalho. O dono da fábrica, um barão alemão ou austríaco chamado Ludwig Krummer, que morava em Petrópolis, dada a repercussão da matéria de página inteira no Monitor Campista, veio a Campos e marcou uma coletiva com a imprensa.

O jornal deveria mandar a mim para entrevistá-lo, já que eu havia feito a denúncia. Mas temendo que eu provocasse o barão, o jornal pediu a Osório, que atuava no Monitor nessa época (acho que era 1980), que fizesse a entrevista. Como Osório era muito bom e não perdoava escravocratas, exploradores do povo, revelando sua indignação contra as injustiças a cada obra que escrevia, fiquei curioso e, no dia seguinte, bem cedo, fui à banca, comprei o jornal e li a matéria.

Fiquei tão indignado que quase pedi demissão do jornal e parei de falar com Osório. Ele tinha se encantado com a figura do barão. A matéria era uma descrição do barão. Na minha opinião, Osório tinha feito um poema sobre a figura do barão. E o jornal não publicou mais nada sobre o assunto.

Certa vez eu e Osório conversamos durante um bom tempo próximo à Rodoviária Roberto Silveira. Ele gostava de uma cachaça com tira-gosto. Chegou no barzinho, pediu uma cachaça, um tira-gosto e, depois, sem dinheiro para pagar a conta, pegou um livro seu e deu ao rapaz do bar, dizendo que estava duro. O rapaz pegou o livro, olhou para Osório sem saber o que fazer e disse: “seu Osório, o que eu vou fazer com um livro? Depois o senhor me paga”.

Precisando de dinheiro, Osório escreveu um livreto para a campanha de Alair Ferreira a deputado. Mas ninguém sabia e nem Osório queria que alguém soubesse, pois ficaria envergonhado, já que era radicalmente contra Alair. Mas o deputado ou assessores dele editaram o livreto com um agradecimento a Osório pelo texto. Osório passou mal. Sumiu da praça por um tempo. Depois disse que estava precisando de dinheiro e não teve outro jeito, senão escrever o texto para ganhar algum.
A cada livro que escrevia, que era vendido por seu amigo-irmão e parceiro de pesquisas Nonô, pai de Newtinho Guimarães, Osório dizia aos compradores em potencial: este livro, sem modéstia nenhuma, está lindo, é uma beleza. Um dia perguntei pra ele se ele achava mesmo que todos os seus livros eram tão bons assim. Ele respondeu que, se não elogiasse seu trabalho, quem mais elogiaria?

Como Ouvidor do povo do Governo Garotinho, Osório atendia todo mundo com a maior paciência. Um dia chegou pra mim e disse: Ferreira, não aguento mais esse negócio de Ouvidor. A gente não consegue resolver nada e do pouco que a gente ganha, não sobra nada”.

Estranhei e um dia fiquei ao lado de Osório por algumas horas, na Ouvidoria. Acontece que o pessoal chegava pedindo tudo. Quando as pessoas eram muito pobres, mostrando contas de luz para pagar, dizendo que não tinha gás em casa e coisas assim, Osório pegava o que tinha no bolso e dava. Não suportava ouvir tanta desgraça e não fazer nada. Então, fazia o que podia: dava o que tinha, na tentativa de aliviar o sofrimento de algumas pessoas.

Quando lançou Mangue, pela José Olympio, no Rio, me convidou. Fui lá e constatei seu prestígio. O salão cheio, muitos autógrafos etc. Novamente em Campos, disse pra ele que, agora, ele ganharia algum dinheiro com livro. Osório me respondeu que era tudo aparência. Ele preferia editar seis livros e vender, com Nonô, no Calçadão, pois faturava mais que o livro lançado por uma grande editora, pois ficava apenas com 10% do que vendesse. Como livro vende pouco, esses 10% eram nada.

Apaixonado pela vida, pelas mulheres, sempre dizia que não havia mulher feia. E, antes de conhecer Gracinha, traçava todas. Gracinha, realmente, foi a mulher que ele amou profundamente. Pelo menos é o que ele falava. E realmente Osório passou a tomar banho todo dia, as caspas sumiram e ele ganhou um porto seguro, do qual se orgulhava.

Um comentário:

RRangel disse...

Despropositada, toda a sua ofensa ao Osório. Claramente vinda de um sujeito invejoso e insignificante como jornalista, ou qualquer outra coisa do gênero. Meu caro, o próprio Garotinho, a quem o senhor bajula a todo momento, inclusive, aparentemente pelo mesmo motivo a que acusa o Osório de ter feito o livreto, já elogiou por várias vezes e publicamente, o Alair Ferreira e sua importância para Campos. Além do Garotinho, qual outro deputado, ou mesmo político, fez tanto por Campos? Entendo, a inveja causa emoções devastadoras, quando se presencia alguém que teve as mesmas oportunidades que nós, se realizar plenamente num campo que muito valorizamos, mas, que pela falta de talento permanecemos na mediocridade. Tudo bem! Mas atacar um falecido que o senhor se diz AMIGO(?), com historietas difamantes e de CONTESTO mentiroso, já é covardia. Tantas histórias interessantes para se contar sobre o bom poeta e escritor que ele foi, e só se lê nesse seu comentário, leviandade e depreciação. E outra, tornar pública situações, caso realmente acontecidas, com conteúdo de divergência total ao existente na história da linha do tempo de uma pessoa, que inclusive, jamais declarou publicamente tais pensamentos, é pura fofoca, difamação mesmo.