Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sábado, 17 de março de 2012

O câncer mata desde os tempos dos dinossauros

O câncer atinge toda a humanidade. Mata mais nos países mais pobres por falta de prevenção, e ocorre devido a uma série de fatores. Digo isso porque a campanha violenta contra o fumo e o fumante utiliza a doença para justificar as pressões exercidas pelos religiosos, pela mídia e, principalmente, pelos governos "moralistas", "assépticos", contra o tabaco.

Em artigo publicado no JB, José Carlos do Valle escreveu:

O câncer, nome genérico que engloba mais de 300 formas diferentes da doença, não é exclusivo do homem. Todos os seres vivos multicelulares, como gatos, cachorros, peixes, e até mesmo árvores podem desenvolvê-lo. O primeiro exemplar de tumor de que se tem conhecimento é o de um angioma (tumor de origem vascular), encontrado no fóssil da vértebra caudal de um dinossauro que viveu há cerca de 125 milhões de anos, durante a Era Mezozóica.

Em seres humanos, os primeiro registros são os de uma múmia egípcia da III ou IV dinastia (cerca de 2.700 a.C), acometida por uma lesão maligna na nasofaringe - porção da faringe responsável pela passagem exclusiva de ar -, e o de esqueletos de indivíduos da civilização inca com metástases de melanoma (tipo de câncer de pele).

Mais mortes nos países mais pobres

O levantamento Globocan 2008, o mais completo sobre o ônus global do câncer no mundo, divulgado pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês), da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que a maioria dos 12,7 milhões de novos casos de câncer e 7,6 milhões de mortes pela doença em todo o mundo ocorreram em países em desenvolvimento.

 
A partir deste levantamento, que está disponível no portal da IARC, gestores de saúde de diferentes regiões do mundo podem definir prioridades para o controle do câncer. Além disso, Globocan 2008 permite prever a incidência de câncer de futuro e a taxa de mortalidade nos próximos 20 anos, de acordo com as mudanças previstas no envelhecimento e no crescimento da população.

 
As regiões menos desenvolvidas são as mais afetadas, tanto em termos de incidência (56% dos novos casos de câncer em 2008) quanto de mortalidade (63%). Os tumores mais comumente diagnosticados em todo o mundo são pulmão (1,61 milhão de casos ou 12,7% do total), mama (1,38 milhão ou 10,9%) e colorretal (1,23 milhão ou 9,7%).



As causas mais comuns de morte por câncer devem-se a tumores de pulmão (1,38 milhão ou 18,2% do total), estômago (740 mil ou 9,7%) e fígado (690 mil ou 9,2%). "Diferenças marcantes são observavdas nos padrões de câncer de região para região. Os cânceres do colo do útero e de fígado são muito mais comuns nas regiões em desenvolvimento, enquanto próstata e câncer colorretal ocorrem mais em regiões desenvolvidas", observou o diretor da IARC, Christopher Wild.


Conforme dados da publicação, o câncer é responsável por cerca de 13,7% das mortes registradas no país. Apenas as doenças circulatórias matam mais (em torno de 27,9% do total de mortes). A tendência nos países mais desenvolvidos é de que o câncer torne-se a principal causa de morte. Por isso, uma preocupação constante é dar qualidade de vida aos pacientes atendidos no Brasil, comenta Luiz Antonio Santini.


O Brasil sofre com diagnóstico tardio

O levantamento mostra que, no Brasil, geralmente os tumores são diagnosticados em estágio avançado. Pesquisas do Inca realizadas entre 1999 e 2003 revelaram que, nesse período, apenas 3,35% dos casos de câncer de mama receberam diagnóstico no começo da doença. Dos registros de câncer de boca, somente 0,83% aconteceram quando o tumor estava no estágio inicial. O diagnóstico tardio afeta o tratamento e diminui as chances de cura dos pacientes.

 
O estudo reforça a necessidade de se aumentarem os investimentos em atendimentos e exames para o diagnóstico precoce do câncer. O grande desafio para o controle do câncer no Brasil está no campo da mobilização social. É preciso garantir a articulação de políticas de saúde com políticas de educação, rompendo preconceitos e quebrando o paradigma de que o câncer é sinônimo de morte, destaca o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini.

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