Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







sexta-feira, 2 de março de 2012

Fogo contra fogo

O que o governador Sérgio Cabral está fazendo com os líderes do movimento grevista dos bombeiros é inaceitável. No caso do Cabo Daciolo, é de estarrecer. A possível expulsão de Daciolo deveria gerar uma reação dos órgãos de defesa dos direitos humanos não só do Brasil, mas de todas as nações democráticas. E, caso seja consumada sua expulsão, a reação de todas as pessoas de bem deveria ser violenta. Fogo contra fogo. Claro que o poder ganhará, como sempre (ou quase), mas os perdedores serão honrados e os vencedores irão para o lixo da história.

Quem lutou contra a ditadura, perincipalmente nos períodos Médici e Geisel, como eu, lembra-se que eles também usavam a lei. Caso fosse necessário, modificavam a lei para prevalecer a sua vontade. A perseguição, ameaças, prisão, tortura e assassinatos eram a tônica. O pai de Sérgio Cabral poderia dizer a seu filho que ele está usando os mesmos meios ditatoriais que ele mesmo combateu. Não nas células da resistência, mas com suas palavras, com seus dizeres. E, agora, o filho usa o modelo da ditadura para intimidar servidores e seus familiares. O pai deveria usar a pena para denunciar o filho.

Alguns blogueiros de coleira de burro, apenas com a intenção de atacar Garotinho, um dos defensores da causa dos bombeiros, ironiza quando o deputado usa o termo ditadura. Isso porque Cabral usa a lei para perseguir, intimidar, prender e torturar os militares grevistas. Mas sabem que a ditadura também usou a lei para fazer o que fez. Em todos os tempos "civilizados" o poder usou a lei para punir. A Inquisição, a escravidão, a pena de morte, o confisco de bens de adversários, enfim, era e é legal. A história condena porque não é justo, o que nada tem a ver com a lei. 

Leio alguns cronistas, juristas, militares e blogueiros idiotas dizendo e escrevendo que "a lei não permite isso, a lei não permite aquilo", para justificar a prisão, tortura e perseguição aos servidores grevistas. E digo: o poder usa a lei como quer e o fato de ser legal não quer dizer que seja justo. Pior ainda quando impede (como a ditadura militar fazia) o acusado de obter provas para sua defesa e não lhe dá tempo e condições para evitar a injustiça. 

Creio que fiquei velho e fraco, pois deveria eu estar nas ruas gritando contra a ditadura Cabral.

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