Avelino Ferreira, 63 anos, brasileiro, casado, sete filhos, sete netos. Jornalista; escritor; professor de Filosofia.







segunda-feira, 7 de julho de 2014

Apenas para reflexão (aos que ainda conseguem tal coisa)

Nascido em 28 de junho de 1712, em Genebra - cidade suíça, mas de fala francesa -, Jean Jacques Rousseau, órfão de mãe ao nascer, foi um dos mais importantes pensadores da Idade Contemporânea, Morreu em Ermenonville, França, em 02 de julho de 1778 
Criticando os costumes corruptos, a inversão ética nas práticas políticas do século XVIII, Rousseau escreveu: “Na política, como na moral, é um grande mal não se fazer de algum modo, o bem; e todo cidadão inútil pode ser considerado pernicioso. Antigos políticos falavam constantemente de costumes e virtudes; os nossos só falam de comércio, de dinheiro e de poder. Avaliam os homens como gado. Segundo eles, um homem só vale para o Estado pelo seu consumo”.

Segundo suas observações, a razão política estava em crise. Na cidade não existiam cidadãos. O ser humano foi anulado, nulificado, sem costumes e virtudes. O comércio, o dinheiro e o poder eram valores humanos para uma minoria enquanto a maioria ficava excluída, à margem da sociedade, sem bens econômicos, sem direitos.

Por tudo isso, Rousseau criticou com veemência a ciência, que considerou péssima e inútil, pois não apresentava benefícios ao povo. Também criticou os filósofos, arguindo qual o conteúdo das obras dos filósofos mais conhecidos? Quais são as lições desses amigos da sabedoria? Enquanto falavam, a sociedade ficava distante do que pensavam. Por isso, subverteu o pensamento da época e defendeu a idéia de que o ser humano deveria voltar às suas origens, no que foi duramente criticado. 
No entanto, Rousseau rompeu com um pensamento arraigado e gerou muita polêmica. Sabia ele, no entanto, que não se poderia voltar o tempo. O bom selvagem ou a volta à natureza não tinha lugar na sociedade moderna. Tanto que escreveu o Contrato Social que poderia reger a vida nas cidades, com direitos e deveres de todos os cidadãos. Um contrato aceito por todos. Uma democracia, embora ele não considerasse a democracia uma boa forma de governo. Preferia uma aristocracia eleita pelo povo.

            Quando decidiu participar do concurso de monografia sobre “se o progresso das ciências e das artes contribuiu para corromper ou apurar os costumes”, (1750) Rousseau discorreu sobre o conflito entre as sociedades modernas e a natureza humana, ressaltando a superioridade do estado selvagem. Denunciou as artes e as ciências como corruptoras do homem. Ganhou o concurso. 
Mas quando escreveu sobre “qual a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens?” (1753) tema proposto pela Academia de Dijon, Rousseau chamou para si a ira de soberanos, príncipes, filósofos, religiosos, comerciantes, enfim, de toda sociedade.

            Suas obras foram polêmicas. Algumas lhe causaram perseguições políticas, mandados de prisão e ele teve que viver anos fugindo, agravando sua saúde física, mental e financeira. Seus livros eram queimados em praça pública. Paris, Genebra, Berna, Neuchätel. Voltaire escreve um panfleto violento contra ele. A igreja incitou camponeses contra ele. Foi vaiado e apedrejado. 
(Trecho de meu texto sobre Rousseau, incluso no meu livro sobre os trabalhos de aula como universitário)

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